quarta-feira, 23 de junho de 2021

[MEGA] X-MEN 2: Clone Wars (Abril de 1995) [#712]



Como você já deve estar ciente a essa altura, em 1995 as coisas não estavam nada boas na Marvel e eles estavam vendendo o almoço para pagar a janta, os desenhistas tinham que trabalhar sob o jugo inclemente das pilhas de boletos e todas essas coisas. Por isso mesmo a Marvel estava licenciando suas marcas para quem aparecesse com dois tostines e um pão com manteiga que pode ou não ter caído no chão virado para baixo e isso explica a grande avalanche de jogos dos X-Men recentemente (como X-MEN CHILDREN OF THE ATOM e X-MEN: Mutant Apocalypse, e também mais um jogo do Homem-Aranha que eu vou falar em breve).

Eis então X-Men 2: The Clone Wars, que é um jogo que começa... começando. Eu quero dizer, literalmente, você liga o Mega Drive e isso é a primeira coisa que você vê:


Sem créditos, sem Press Start, sem intro, sem seleção de personagens, sem nada. Ligou o console o pau canta, eu até achei que eu tinha conseguido um jogo "alternativo" mas não, ele é assim mesmo e isso é algo que chama atenção. Eu não via isso desde os tempos do Atari, até achava que o videogame precisava daquele tempo para carregar o jogo ou alguma coisa assim, mas não. O jogo escolhe um personagem aleatório pra vc e vai que vai quicando.

Apenas depois de terminar a primeira fase é que você pode ver os créditos iniciais do jogo e saber que porra tá acontecendo aqui.


E o que está acontecendo aqui é bastante interessante, porque de todos os inimigos dos X-Men eu não esperava realmente que esse fosse um jogo sobre a Falange. Quando eu era criança a Falange era o único inimigo do desenho dos X-Men que eu tinha medo porque todos os outros eu sabia que os heróis iam eventualmente dar um jeito de vencer na porrada, mas nesse caso o máximo que eles conseguiriam é atrasa-la temporariamente.

Embora a Falange seja considerada uma raça de máquinas, eles operam através de uma consciencia coletiva e todos os individuos contam como apenas um só na prática. A coisa deles é que eles são formados de nanomáquinas que absorvem e assimilam qualquer coisa que eles tocam, então lutar contra a Falange não apenas é inútil (destruir um único individuo não faz diferença, você teria que eliminar a espécie inteira simultaneamente) como você não pode sequer deixar eles te tocarem.

Mesmo nos episódios em que ela aparecia os X-Men nunca "venciam" definitivamente, eles no máximo conseguiam atrasar a Falange enquanto salvavam alguém ou algo do tipo.


E como você pode imaginar, a experiência não é esteticamente agradável, especialmente para um desenho animado dos anos 90.


Aqui o professor Carlinhos Xavier bate um papo com o seu computador, que não é tão sassy quanto o do Seto Kaiba, e que manda seus meninos X e a Psylocke (que enquanto tecnicamente não faz parte dos X-Men, bem, alguém tem que ficar com as pernas de fora né) evitarem as contaminações da Falange uma por uma na base da boa e velha ultraviolencia - levando a locais como a fábrica das Sentinelas ou o asteroide particular do Magneto, que inclusive se junta ao grupo conforme ele foge por sua vida já que a Falange é uma ameaça grande assim.

Claro que nosso líder dos X-men, Ciclope, vai entregar essa mensagem de trégua e aliança ao Magneto devido a um inimigo em comum com a suavidade de um coice de mula e isso leva você a ter que lutar contra ele. O que te faz se perguntar o que diabos o Ciclope consegue fazer direito na vida e porque Xavascas ele é o líder dos X-Men em campo. Acho que é porque é mais barato que pagar o cachê da Hale Berry, é a única explicação que eu consigo pensar.

Que merda Scott, eu estou aqui abrindo paredes com uma katana enquanto magnetismo é disparado na minha bunda porque tu não consegue nem ler um email sem ser um cuzão

Mecanicamente, o jogo é um sucessor do primeiro X-MEN de Mega Drive (uau, eu sou um Xerox Rolmes ou o que?) o que quer dizer que ele segue suas diretrizes só que melhorado. Tal qual o primeiro jogo, essa pelota aqui é um run'n gun: um boneco grande na tela corre para a direita matando tudo em seu caminho, sem se procupar muito com buracos.

Só que diferente da ideia da mais pura inteligentsia do primeiro jogo, onde eles pensaram "uau, vamos fazer um jogo dos X-Men onde seus poderes gastam e você tem que recuperar mana para usa-los", aqui você pode usar seus poderes livremente. Porque, eu não sei vocês, mas quando eu jogo um jogo dos X-Men eu quero mais é ficar contando quantas garradas o Wolverine pode dar antes de precisar achar um power-up!

Só que não, que merda é essa? Ele tá com artrite no gene X ou alguma merda assim? Que idéia de girico do caralho, e felizmente ela não é repetida aqui. Use seus poderes até seu cu cair da bunda se desejar. Não sei pq vc desejaria que o seu cu caísse da sua bunda, entretanto.


Vendo a seleção de personagens, entretanto, você pode ponderar que nem todos os personagens tem poderes... videogamisticos, vamos dizer assim. Claro, o Gambit atira cartas explosivas e o Ciclope dispara raios, isso é fácil de transformar em um ataque, mas... a Psylocke tem adagas psquicas, o que soa legal mas é menos prático quando você já é uma fucking NINDJÁ que estudou NINJA, então qual é o ponto?

Ou então o Fera, que tem agilidade e força, mas seu real poder é que ele é um acadêmico e manja dos paranaues dessas coisas de SCIENTISAS. Hã, o que ele vai fazer aqui? Passar lição de casa para os inimigos?

O que acontece aqui é que alguns poderes foram alterados para ficarem mais videogamisticos e dar um tempero diferente aos personagens. Agora a adaga psiquica da Psylocke também paralisa os inimigos, o Fera ganhou um ground stomp pq... hã... é o que Feras fazem, eu acho... e o Noturno causa dano em quem estiver no caminho pelo qual ele se teletransporta. Por que... hã... capeta stuff, i guess... E o Wolverine apenas ataca com as garras mesmo porque isso é anos 90 e todo mundo acha isso a coisa mais maneira ever, não precisava inventar nada aqui.



Não apenas isso, mas os personagens tem distancia de pulo e habilidades de grudar nas paredes diferentes, fazendo com que a abordagem que você tem das fases mude. O Noturno pode andar pelas paredes e o teto, o Wolverine anda pela parede, a Psylocke e o Fera grudam na parede embora o Fera pule mais alto e a Psylocke pule mais longe com o poder dela. O Gambit e o Ciclope não tem nenhuma movimentação especial, mas eles atacam a distancia. Pelo menos isso, né Scott? Pq de ti nem isso eu contava.

Ah sim, e o Magneto pode voa... hã, digo, ele para no ar de onde pode disparar rajadas de magnetismo. Seja lá o que isso for, mas ele faz.


Enfim, meu ponto é que jogar o jogo com cada personagem é uma experiencia diferente, e considerando que são sete personagens eu diria que foi um trabalho muito bem feito. Até porque a maioria dos jogos mal se dá ao trabalho de diferenciar entre dois personagens, frequentemente nem isso, e aqui são sete caboclos diferentes para caboclear sua caboclagem.

Então até onde o planejamento vai, esse é um jogo muito bem pensado. Pena mesmo que a execução não seja essa Coca-cola toda não.

Pra começar, a hit detection desse jogo é hedionda. Se um golpe seu vai pegar ou não no inimigo depende de atingir o pixel certo e é muito frequente que seus golpes apenas passem pelos inimigos pq foda-se você, apenas por isso. O contrário não acontece, entretanto, e todo mundo tem bastante facilidade em atingir os seus personagens que são muito grandes na tela. Considerando que praticamente não existe invencibilidade pós-hit aqui, eu diria que facilidade DEMAIS até.

O modo cooperativo é bem implementado, isso tem que ser dito, e todos os problemas que você encontra nele são basicamente os problemas que você encontra no modo single player... então ele não piora o jogo, yay?


Por exemplo, a Terra Selvagem é um ponto de ruptura para aqueles com paciência zero: caminhos apertados são atulhados com orbes pontiagudas, lagos ácidos e torretas em locais deliberadamente estranhos, todos exigindo um timing preciso para se esquivar e passar.

No entanto, existem áreas no jogo que timing algum vai te ajudar, não tem COMO você evitar tomar dano não importa o que você faça. A fase do templo do Apocalypse, por exemplo, tem o tempo todo pedras caindo do alto da tela e muitas vezes não tem o que você possa fazer a respeito. 


Outra área bem lame tem você fugindo de uma inundação de ácido dentro de uma fortaleza, que é atulhada com robôs flutuantes colocados nas bordas das plataformas, algumas que desabam depois serem pisadas. Claro, porque o que você mais quer em uma área alta e inundada por ácido são robos estrategicamente posicionados nas beiradas das plataformas temporárias. Claro.

Isso é realmente uma pena, porque esse jogo dos X-Men tem as ideias certas para ser realmente um grande jogo apenas para escorregar em pequenas coisas na última hora como a hit detection, a dificuldade ser maior do que precisava ser porque você não consegue manobrar seu personagem grande demais na tela e o som que parece um saco cheio de areia sendo arrastado em uma rua de paralelepípedos na manhã seguinte ao carnaval. Mas essa parte já era esperada.


E o Scott também é um cuzão, mas isso é outra coisa que já era esperada também.

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