sábado, 10 de dezembro de 2022

[#1008][Out/96] PRAY FOR DEATH

O PC nunca foi realmente conhecido por seus jogos de luta exclusivos, embora houveram vários ports de jogos como SUPER STREET FIGHTER 2 TURBO ou MORTAL KOMBAT 3, era bem raro um desenvolvedor tentar a sorte de fazer um jogo de luta exclusivo para PC e quando o fazia os resultados não costumavam ser estelares, como Pray for Death mostra muito bem.

Pray for Death foi feito por uma pequena empresa italiana chamada Lightshock Software, que já havia feito outro jogo de luta chamado Fightin 'Spirit (sem o G mesmo) para Amiga. Fightin 'Spirit é um jogo colorido e bonito com um visual bem no estilo SNK, e que também funciona muito bem. Portanto, é uma pena que eles tenham deixado de lado o estilo jogos de luta de sprites que eles entendiam para começar do zero tentando fazer um jogo de luta que queria muito, muito mesmo ser KILLER INSTINCT.

Como dá pra ver o jogo parece mesmo os jogos antigos da SNK como FATAL FURY: The King of Fighters. E um dos personagens jogaveis ser um tigre shapado também ajuda muito

Nossa história aqui é que um belo dia, provavalmente numa terça-feira, a Morte decide realizar um torneio de luta com a galere que está no inferno, onde o vencedor poderá voltar à vida. Quando você tem a eternidade toda pra preencher, é inevitável uma hora vc fazer algo do tipo pra passar o tempo. De qualquer forma, isso é uma desculpa para usar figuras de todas as eras como cavaleiros medievais ou vikings, mas... olha, na moral, essa premissa é interessante mas nesse caso aqui faz totalmente sentido, já que alguns dos guerreiros no inferno são... um robô e o próprio Chulthu.

Olha, Lovecraft nunca explicitamente se manifestou a respeito, mas o grande Deus Ancião provavelmente não é um devoto da tradição cristã, na verdade ele é mais antigo que não apenas o cristianismo mas esse próprio universo - não é fora de proposito considerar que Cthullu é mais antigo que o próprio Deus cristão. E não me parece muito justo condenar alguém que não teve como ser criado na sua fé pq ela literalmente não existia... se bem que justiça e razoabilidade não é como o antigo testamento rolava. Mas divago, o ponto é que Cthullu estar "preso no inferno" não realmente soa direito... e o robo também, aparentemente robos são de fato coisas do demonio, huh?


Seja como for, os outros personagens são bem desinteressantes (sem contar o Cthulhu, tá eu admito que jogar com ele num jogo de luta chama atenção). Você tem seu clone de Bruce Lee, obrigatório por lei em todos os jogos de luta feitos após o ano de 1993, Anubis (de alguma forma ele acabou no inferno cristão também, tá com nada heim amigo), um cavaleiro, um demônio, algum tipo de robo, a ninja/spy/dominatrix temática, um viking e um mago. Todos eles carecem de um visual interessante ou personalidade, embora, para crédito dos devs, todos tenham suas próprias frases pré-luta únicas para cada inimigo que enfrentam (embora mal escritas) na tela do VS.

Quando se trata de jogar o jogo, o que Pray For Death realmente FAZ é tentar chupinhar Killer Instinct em cada poro de sua existencia. Você tem dois lutadores pré-renderizados, parados na frente de um fundo FMV, e a maior parte da luta é feita por meio de sequências de combos. Só que diferente de Killer Instinct, PFD não consegue fazer a parte dos combos muito bem... ou os personagens pré-renderizados... e os cenários não são isso tudo também. 

Falando de um ponto mais técnico, os personagens tendem a ficar suspensos no ar por um segundo depois que você pula, e o jogo pausa por cerca de um segundo inteiro toda vez que você acerta alguém... o que não realmente fica muito legal num jogo de luta, saiba você.

Os combos são tão fáceis de fazer quanto qualquer um dos movimentos especiais do jogo ... o que não é tanto assim... de qualquer forma, uma vez que você emendar um combo, quanto tempo seu combo tende a durar até a vitima fazer o Combo Breaker (eu disse que esse jogo era chupinhado de KI), o que no caso do computador é bem rápido, no seu caso depende do jogo aceitar o seu comando, boa sorte com isso. 

Nem mesmo os fatalities, uma das poucas coisas que redimem um desses jogos medíocres do estilo MK, são criativos, mas pelo menos os “Idiot Moves”, que são basicamente um cruzamento entre Friendship e Fatalities, têm alguma criatividade. Por exemplo Pantera, a techno dominatrix serial killer, cria dois alto-falantes gigantes, que emitem tanto barulho que mata o oponente. Eu posso respeitar esse nível de idiotice.

Então, Pray For Death definitivamente não é um grande jogo de luta, mesmo para os padrões de PC. ONE MUST FALL 2097 ou o port de SUPER STREET FIGHTER 2 TURBO definitivamente são uma escolha muito melhor do que essa cópia descarada do Killer Instinct com controles ruins, um conjunto de personagens coxos e fatalities terríveis. Por outro lado, no entanto, você pode fazer Cthulhu lutar contra Bruce Lee. E não é para esse tipo de comédia pura e não intencional que esses clones de Killer Instinct foram feitos?

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 035 (Fevereiro de 1997)