quarta-feira, 8 de novembro de 2023

[#1179][Jan/98] SKULLMONKEYS


Se tem algo que eu admiro nessa vida, é animação stop-motion. Quer dizer, sério, essa porra dá um trabalho do cão e em especial quando estamos falando de stop-motion em massinha de modelar. Por isso os filmes baseados em animação stop-motion usualmente são muito bons, pq isso dá tanto trabalho que quem faz isso garante que tudo seja perfeito pra ter valido a pena o puta esforço.

Sério, não é uma coisa linda? Então quando eu soube que Macacaveiras era exatamente isso na forma de jogo, minhas atenções foram redobradas. Sim, é verdade que a ideia de jogos em que os sprites são stop-motion de massinha não é nova... e nem foram tão incriveis assim, vide CLAY FIGHTER e CLAYMATES

Ainda sim, para esse jogo eu tinha motivos para ser otimista. E que motivos são esses? Bem, pra começar esse é um jogo de PS1, em CD. Isso significa que não apenas a midia tem muito mais espaço em disco para armazenar informações - o que significa mais quadros de animação para uma animação mais fluída e suave do que foram em jogos como DONKEY KONG COUNTRY. E, obviamente, o PS1 tem muito mais poder de processamento pra fazer a coisa toda rodar mais macia ainda.


O outro motivo que me deu esperanças positivas para esse jogo é que esse jogo foi criado por Doug TenNapel.

O FAMOSO QUEM?

Dougão da Massa pode não ser um nome tão insanamente popular assim, mas sua criação é uma das mais iconicas dos anos 90:

Sim, esse é o novo jogo do homem que criou EARTHWORM JIM. E enquanto eu tenho SÉRIOS problemas com o gameplay desses jogos, eu em momento algum que é uma das coisas mais insanamente criativas que eu já vi nesse blog, em especial EARTHWORM JIM 2.

Com efeito, p chefe da Shiny Entertainment (a empresa que fez os jogos do Thiago Minhoca), David Perry, comentou sobre TenNapel: "Eu gostaria de poder encontrar 100 Dougs, então percebi que tive sorte de poder trabalhar com um. Ele é insamente talentoso, insano e talentoso! Ele também gera um enorme quantidade de conteúdo e ideias incríveis, eu não ficaria surpreso se ele dormisse com um caderno de desenho!"


Bem, em 1995 Doug deixou a Shiny Entertainment e fundou sua própria empresa, Neverhood, com vários outros ex-funcionários da Shiny. O primeiro jogo que eles fizeram foi um point'n click para PC chamado "The Neverhood". A continuação direta de The Neverhood abandonou completamente o point'n click e decidiu ir pelo esquema de plataforma 2D, o que nos leva ao jogo de hoje.

Eu suponho que possa ficar animado com um jogo feito em stop-motion pelos criadores do Thiago Minhoca, não? Então a pergunta que tem que ser feita, então, é: o jogo entrega o que se espera dele? 

Bem, me permita responder isso mostrando a música da fase bonus do jogo, acredito que isso irá responder suas dúvidas. Sim, apenas a música da fase de bonus é suficiente, acredite:


Uau... esses caras definitivamente operam em outra frequencia, isso tem que ser dito. O que, obviamente, fica claro desde a cutscene de abertura do jogo:


Então, é, a parte que é sobre stop-motion nesse jogo é estelar. Não apenas nas cut-scenes que são maravilhosas, mas no jogo em si a animação é fluída como tudo que poderia se esperar dela. Esse jogo é tão bonito quanto vc poderia esperar ser... embora eu tenho que dizer que não tão insano quanto vc esperaria de um sucessor de EARTHWORM JIM 2.

Quer dizer, ele ainda é bastante... único, mas não espere um Thiago Minhoca 3.


A trilha sonora também é um ou dois passos acima do que se poderia esperar, sendo fortemente inspirada nas trilhas de DONKEY KONG COUNTRY só que mais... você sabe, único. I mean:


Então o jogo é absolutamente delicioso de se ver, ainda mais de se ouvir, o que mais alguém poderia pedir?
 
E O JOGO?

O que tem?

NÃO DEVERIA, VOCÊ SABE... TER UM JOGO? APERTAR BOTÕES, COISAS ACONTECEREM E ETC?

Okay, esse é o chefe mais legal da história dos videogames, se apenas os outros fossem assim...

Aaaahhhnnn... o jogo, né? Ah é, tem isso, né? Então, vamos colocar assim... hmm, como eu posso dizer. Veja, se tem uma coisa que eu não confio nessa vida são reviews dos anos 90. Sério, eu já estou a quase SETE anos nesse brinquedo, eu já vi reviews suficientes pra dizer que elas são superficiais no melhor cenário possível, frequentemente sequer chegam a ser chamadas de superficiais.

Sim, eu entendo que antes da internet haviam limitações de espaço e tempo (como revistas ou mesmo na TV), mas ainda sim a unica coisa que realmente se aproveitava disso eram as fotos. Eventualmente alguns textos da Gamers também, especialmente os que eles usavam fonte 5 pra caber tudo na página, mas enfim. Seja como for, meu ponto é que eu não sou um grande fã das reviews dessa época (especialmente quando elas faziam coisas tipo DAR THE BEST OF PARA BUBSY IN CLAW ENCOUNTERS OF THE FURRED KIND, mas não é como se eu fosse carregar essa lembrança por quatro anos nem nada, né).

Isso sendo dito, eu preciso apontar que a review do jogo feita pela Stargame é simplesmente perfeita. Sério, pela primeira vez nessa indústria vital eu não tenho nada a acrescentar ao que foi dito, apenas assista esses dois minutos e vc vai saber tudo que precisa saber sobre esse jogo:


Skullmonkeys, o jogo em si... é meio que um ripoff de DONKEY KONG COUNTRY sem absolutamente nada de especial. E por nada eu quero dizer nada mesmo, ele é um jogo de plataforma tão básico quanto básico pode ser. Tá, seus power ups tentam ser criativos (tem um ataque que limpa a tela, tem um que cria um clone de peido para você poder tomar dano sem morrer), mas eles não adicionam nada realmente ao seu andar e pular na cabeça dos inimigos.

E quando eu digo "ripoff de DONKEY KONG COUNTRY", eu estou sendo bastante literal. Quero dizer:


Coloque umas abelhas aí no lugar desses caras voando e vc vai ter essencialmente uma fase de DONKEY KONG COUNTRY. Porém se isso não é parecido o suficiente pra vc, segura essa manga:

Porra, podiam ao menos ter disfaçado a montanha russa?

Mas enfim, jogar esse jogo é a sensação que eles assistiram uma gameplay de DONKEY KONG COUNTRY e então reproduziram ela usando apenas as ferramentas mais básicas possíveis, usando apenas pulo básico e nenhum dos gimmicks que DKC se esforça tanto para deixar o jogo interessante.

No final das contas, embora tenha alguns momentos legais e divertidos - especialmente nas músicas  e cutscenes, o jogo simplesmente não é divertido de jogar. Não é nem que ele faça alguma coisa ruim, apenas que ele seria básico do básico mesmo para um jogo de Nintendinho de 8 anos atrás. Simplesmente não é divertido jogar esse jogo, e para um título que é o sucessor espiritual de EARTHWORM JIM 2, ser chato é um crime que não pode ser desculpado.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 127 (Maio de 1998)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 045 (Dezembro de 1997)