Para entender o jogo de hoje, é necessário primeiro entender como gráficos 2D funcionam. O que não é realmente muito diferente de desenho animados funcionam: uma sequencia de imagens paradas que quando colocadas em sequencia dão a ilusão de movimento.
Em 1990, a Acclaim teve uma ideia assaz interessante: essas imagens que são usadas para dar a ilusão de movimento não precisam ser necessariamente ser desenhos, precisam? Você poderia, por exemplo, usar fotografias digitalizadas.
Nascia assim PIT FIGHTER, o jogo que foi a grande inspiração que deu origem ao famoso MORTAL KOMBAT .
Até aí todo mundo conhece essa história, certo. Acontece que em 1992 a Visual Concept decidiu ir mais além nesse conceito: as fotografias digitalizadas que eram os sprites dos jogos não precisavam necessariamente ser de pessoas, precisavam?
Elas poderiam ser, digamos, bonecos de massinha de modelar. Sim, exatamente isso: alguém fez bonequinhos de massa e então modificou os modelos para tirar cada uma das fotos que seriam os sprites desse jogo. Ou seja, alguém decidiu fazer um jogo de animação stop-motion.
Animação stop-motion é uma coisa que eu respeito bastante, porque é uma coisa que dá um puuuuuuuuta trabalho de fazer. Então a ideia de fazer um videogame baseado nisso é algo que eu realmente posso respeitar.
E assim nasceu ClayFighter.
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| Alguns meses depois foi lançado a versão "Tournament Edition" porque... bem, Street Fighter lançava um monte de versões, então é algo que funcionava... eu acho? Enfim, essa versão melhora alguns aspectos tecnicos do combate, mas nada muito impressionante. |
Demorou quase um ano de desenvolvimento, o que com a animação em stop motion foi um ano de muito trabalho, mas foi feito. ClayFighter conta com oito combatentes patetas feitos de e um chefe final... que também é feito de argila. Não sei porque eu separei, estou lendo muito Ação Games...
Ao contrário do que é comumente dito por aí, entretanto, apesar de ser pateta não era de fato uma paródia de jogos de luta. Ele não tenta debochar dos clichés dos generos de luta, apenas é um jogo bizarro com bonecos de neve e cantoras de ópera viking trocando socos em nome da supremacia do circo.
Isso porque nessa história, um meteoro feito inteiramente de argila radioativa caiu na Terra bem no meio do circo local de Muddville. O mutagênico da argila se espalhou pelo circo, transformando pessoas e objetos em formas de vida baseadas em argila. A diversificada pilha de guerreiros argilentos entrou em guerra sobre quem se tornaria rei ou rainha do circo.
Honestamente, tenho que dizer que já vi histórias piores para um jogo de luta. É.
Isso sendo dito, nosso elenco inclui…
BAD MR. FROSTY
Um boneco de neve maligno, porém como o nome sugere não existe um "good" Mr. Frosty. Antes do meteoro, BMF era um boneco de neve educado e gentil como todos os outros (mas oi?), porém ao ganhar poderes pelo meteoro, o poder subiu a cabeça dele e se tornou cuzão apenas porque ele pode. Eu posso respeitar isso. Frosty se tornaria o mascote da série e é um dos únicos dois personagens em todos os jogos do ClayFighter.
TAFFY
De todos os personagens de todos os jogos de luta, essa é a sua oportunidade de jogar com um puxa-puxa. Se você podia dizer que nunca viu um jogo patrocinidado pela Fini, agora viu.
TINY
Honestamente, a premissa do jogo não faz nenhum sentido aqui. Tiny é um halterofilista de circo que... continua sendo ele mesmo? Eu não tenho muita certeza de como ele foi afetado pelo meteoro.
BLOB
Uma vez que o meteoro terminou de mutar todos os Clay Fighters na forma que eles se encontram no começo do jogo, havia sobrado ainda um balde de argila radioativa espacial. Não querendo ser jogado fora, Blob decidiu tomar vida, se chamou de Blob e estudou a arte marcial Melecajutsu. Sério, eu não estou inventando isso, tá no manual.
Junto com Bad Mr. Frost, esse é o outro único personagem que está em todos os jogos da série.
BLUE SUEDE GOO
Por algum motivo, esse circo tinha um imitador de Elvis - o que faz desse um circo bastante lame, na verdade. Vai ver que é um desses circos se preparando para Greates Showman 2 ou algo assim... De qualquer forma, nosso Elvis Boy magia ganhou um cabelo mutagenico de argila que ele usa para, segundo o manual do jogo, ele canta para as massas de seu trono de porcelana, nausando muitos e traumatizando o resto. Eu não faço a menor ideia do que esta acontecendo aqui.
ICKYBOD CLAY
Todo circo tem sua cota de histórias trágicas: o treinador de leões que não tinha tanto controle da situação quanto ele achava que tinha, o palhaço que não saiu do carro em chamas a tempo. De alguma forma, a argila radioativa espacial deu corpo a essas almas perdidas na forma de um fantasma de Halloween.
Tenho que dizer, os conceitos dos personagens são... bem, são únicos realmente. Taí uma coisa que não acontece todo dia. O que é meio que "único" significa, dã.
HELGA
Helga é um personagem um tanto diferente aqui: ela não fazia parte do circo e não tem nada haver com o meteoro. Ela só soube que tinha uma treta rolando em algum lugar, e como boa viking que é decidiu entrar na treta just because como vikings rolam.
... não, espera, a personagem feminina do jogo não é ultrasexualizada seminua? Quer dizer, era legalmente permitido fazer isso? Estou bastante certo que a policia dos videogames chutou a porta dos desenvolvedores tão logo esse jogo foi lançado, como pode uma coisa dessas?!
BONKER
Bonker era um palhaço do circo que não era exatamente bom no seu trabalho. Como diria a grande máxima do palhaço, ninguém está rindo agora, hã? Sendo esse o caso, ele acabou sendo demitido. Desempregado e sem ter pra onde ir, ele estava dormindo como um sem teto embaixo da lona quando o meteoro caiu.
Agora dotado de poderes argislisticos, ele parte em sua jornada de vingança contra aqueles que os demitiram por não ser minimamente competente no seu trabalho! Vingaaaaaaançaaa!!
O chefe final do jogo é N. Boss, que só pode ser jogado no modo versus via código. Ele é um círculo de orbes com dois olhos cujos únicos ataques são um arremesso e uso de todos os projéteis. Ele não faz nenhum sentido e é o personagem mais desinteressante do jogo, mas pelo menos sua luta é muito fácil então passa rápido.
Esteticamente, o jogo é ótimo. Fora do chefe final, os personagens são bem projetados, realmente únicos, sem aquela coisa de "esse é o Ryu desse jogo" ou algo assim. A trilha sonora é muito boa para o SNES, incluindo uma música tema de abertura com letra. Os cenário estão ... lá. Nada de especial, mas nada de terrível.
A narração das lutas é excelente, o locutor ao melhor estilo brega enterrando na memória dos jogadores frases como "BAD MISTAH FROSTY! WINS DA BATTLE! ”, porque se tem algo que falta no mundo dos videogames são narradores escoceses (possivelmente alcoolizados) gritando.
Depois, há N. Boss, que só pode ser jogado no modo versus via código. Ele é um círculo de orbes com dois olhos cujos únicos ataques são um arremesso e uso de todos os projéteis. Ele é um pouco inexplicável e mal-humorado, mas ainda é o melhor chefe que a trilogia nos deu.
Infelizmente, enquanto o ClayFighter tem uma atmosfera genial e escolhas artistiscas especiais, ainda é apenas um clone de Street Fighter que não acrescenta nada ao gênero. Em termos de gameplay, é um jogo de luta simplezinho e só.
E é isso. Apesar de toda a sua fofura deliciosa, ainda é um jogo de luta pobre. Kudos pelas ideias, mas ainda assim um jogo medíocre em um pacote bem bonito.
TOUNAMENT EDITION
ClayFighter: Tournament Edition é uma versão atualizada do ClayFighter original, lançada como um exclusivo para da Blockbuster Video na América do Norte. Ter uma atualização de um jogo de luta não é incomum, mas ao contrário de outras atualizações de jogos de luta, este mante todos os personagens de antes sem acrescentar nenhum novo. Apenas algumas bugs foram corrigidos e pequenas alterações tipo novas cores foram adicionadas, novas dificuldades, novas velocidade, novos modos versus, etc.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 049
Edição 082
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 005
