domingo, 22 de setembro de 2024

[#1304]Dez/98] BOMBERMAN PARTY EDITION

Okay gente, eu brinco, a gente dá risada e tal, mas a esse ponto eu já estou genuinamente preocupado com o que aconteceu na Hudson em 1998. Tanto que eu até chamaria os direitos humanos para dar uma olhada nisso... não fosse o fato que isso aconteceu a mais de 25 anos atrás. De qualquer forma, a situação dos caras já deixou de ser engraçada e está bastante desesperadora.


Isso pq no texto de MARIO PARTY eu comentei que no ano de 1998 a Hudson já tinha lançado quatro jogos no intervalo de menos de um ano: BOMBERMAN 64BOMBERMAN WORLDBOMBERMAN HERO e BOMBERMAN WARS. Contando com MARIO PARTY, são cinco jogos em menos de um ano. E aí para encerrar o ano o que eles fazem?

Obviamente que vão e lançam mais um jogo antes do ano terminar, é claro! Não, sério, a esse ponto os caras já são mais pele do que osso, vagos farrapos humanos trabalhando no SEXTO jogo no intervalo de um ano, homens e mulheres que desconhecem conceitos avançados como "luz do Sol" ou "dormir em uma cama".


Seja como for, vamos então falar do sexto jogo da Hudson, mas já adianto para não esperar muita coisa MESMO desse jogo pq não é piada que esse é o sexto jogo dos caras. E quando eu digo para não esperar NADA de meros farrapos humanos a esse ponto, eu estou sendo bastante literal já que esse jogo é apenas um remake do primeiro Bomberman de 1985 para Nintendinho (o primeiroa Bomberman ever é de 83, lançado para aqueles computadores esquisitos exclusivos do Japão, tipo NEC, ZX Spectrum, MSX e Sharp MZ-700).

E por "remake" eu quero dizer que eles mal fizeram re-skin dos gráficos da forma mais rápida possível e foi bom, beijomeliga. Sério, se eu não soubesse melhor eu diria até que esse é um jogo de Super Nintendo a julgar pelos gráficos, exceto que os jogos tipo SUPER BOMBERMAN 2 são bem mais bonitos que isso na real. Ainda sim, um tapa beeeeeeem do vagabundo nos sprites e taí, relançando um jogo de 1985 apenas TREZE anos depois, é esse o nível de estafa que os caras da Hudson estavam a esse ponto e dá pra culpar eles?

Infelizmente, relançar um jogo de 1985 sem tirar nem por vem com um preço... e não é um muito bom realmente.


Nossa Bomberhistória começa no verão de 83. Eu gostaria de dizer que me lembro bem, mas considerando que eu tinha -7 meses e não morava no Japão, isso seria um pouco impreciso. Seja como for, o primeiro Bomberman (ou Bakudan Otoko - literalmente "Homem Explosão"- como era originalmente conhecido no Japão) deveria ser um jogo clone de Pac-Man como os 8 bilhões de clones do arcade que já existiam na época. 

Porém quando estava programando o jogo, alguns programadores da Hudson passaram mais tempo brincando com a ferramenta de edição do mapa do que com o jogo em si... até que alguém teve uma ideia que mudaria o curso de suas vidas para sempre: "Escuta... essa coisa de quebrar casinhas no mapa é bem legal, não tem como transformar isso em uma mecanica para o jogador?"


Não apenas de facto tinha, como assim foi feito. Foi criada não apenas uma animação para quebrar as paredes do mapa, como toda uma mecanica de jogo de colocar uma bomba que explodiria dali a X segundos. Usando essa mecanica, vc tinha que limpar a tela de inimigos e assim nascia o homem, a lenda, o mito, a explosão azul que vai de norte a sul.

Dois anos depois, em 1985, Bomberman já era o principal mascote e ganha-pão da Hudson. Quando o Nintendinho (ou Famicom, no caso do Japão) veio a nascer, era apenas inevitável que tivessemos bomber aventuras para o bomber console que dominou o mundo dos videojogos. Nessa versão foram adicionados alguns upgrades que existem nos jogos até hoje, como poder spawnar mais de uma bomba ao mesmo tempo, aumentar o poder de fogo dela ou controlar o momento da explosão com um controle remoto. É esse jogo especificamente, a versão de Nintendinho de 1985 que recebeu um vago remake para o PS1 em 1998. Bem vago, como eu já tinha mencionado.

O jogo tambem tem a opção de jogar com os gráficos originais de 1985

Verdade que chamar o jogo do Nintendinho de mero port do original seria um desserviço, já que Shinichi Nakamoto revisou drasticamente o jogo para torná-lo mais comercializável e adicionar profundidade mecânica suficiente para que ele se comparasse favoravelmente aos puzzles de sua época.

Basta dizer que a ideia de Nakamoto valeu a pena e Bomberman foi tremendamente bem-sucedido, vendendo quase um milhão de cópias de acordo com a arte da caixa usada para o lançamento do jogo no ocidente quatro anos depois. O sucesso de Bomberman ajudou a impulsionar a carreira de Shinichi Nakamoto dentro da Hudson Soft também, resultando em sua promoção a diretor da empresa em 1986, diretor de P&D em 1995 e vice-presidente executivo em 1999. 


Sentindo que os designs do jogo original de 1983 eram muito simples e pouco atraentes, Nakamoto olhou para seu trabalho anterior, LODE RUNNER, em busca de inspiração. O design agora icônico de Bomberman foi tirado dos guardas robóticos do Bungeling Empire que apareceram na versão NES de Lode Runner, e o visual mais cartunesco daquele jogo viria a ser a filosofia motriz por trás dos visuais de Bomberman como um todo. E acredite ou não o jogo agora tem uma história, e uma ligada ao cânone de Lode Runner - Bomberman é colocado para trabalhar em uma fábrica de bombas subterrânea e decide escapar após ouvir um boato de que qualquer um que chegue à superfície se tornará humano. Depois de sair da fábrica após limpar todos os 50 níveis, Bomberman acaba se tornando o Runner, estabelecendo este jogo tanto como uma prequela quanto como o primeiro jogo Bomberman a ter um final.

Uma curiosidade é que como a Europa tem o maior sistema mimimi de censura do multiverso, obviamente que um pequeno terroristinha não teria vez na terra da baguete e do chucrute, então o jogo foi renomeado para Eric And The Floaters onde você joga como um arqueólogo no estilo Indiana Jones chamado Eric que encontrou um templo escondido, mas teve que destruir os monstros malignos 'Floater' para obter o tesouro dentro. Europa em seu europismo máximo, eu te digo.

Eu também seria bem mais feliz se esse jogo fosse menos tacanho com os power ups, eu peguei tipo um a cada cinco niveis e isso não é um exagero. No nível 4 eu peguei uma bomba extra, no nível 9 eu aumentei o poder de fogo dela... e se morrer perde tudo!

Enfim, a versão Nintendinho do Homem-Explosão é o equivalente ao primeiro episódio "de verdade" dos Simpsons, onde eles encontram o Ajudante de Papai Noel e é esse jogo que estamos jogando no Playstation 13 anos depois por motivo nenhum que senão os caras da Hudson já estavam só o bagaço da manga a essa altura no final de 1998. 

Suponho que isso possa ter algum valor histórico, eu acho, mas a verdade é que a esse ponto o que não faltam são opções de jogar Bomberman no PS1 - até pq BOMBERMAN WORLD já era essencialmente isso, o basicão de Bomberman para todos meninos e meninas do PS1 baronil. Seja como for, está aí feito o registro de que de todos os jogos de Bomberman lançados, Party Edition certamente é um deles!

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 060 (Março de 1999)