Normalmente eu não jogo shmups porque eu acho esses jogos de navezinha repetitivos e não tenho muito a falar sobre o genero, então deixa pra lá. A vida é muito curta para dizer que acha bom beber cerveja e para jogar jogos de navezinha, essa é a minha regra.
Isso sendo dito, eu farei uma exceção para esse jogo porque afinal estamos falando de uma das séries com mais bolas da história dos videogames. E nesse caso eu estou falando literalmente, porque um dos protagonistas da série é um Tanuki
A série Kiki Kaikai (algo como "Misterioso mundo espiritual") existe no Japão desde 1986, sendo um top down shooter sobre uma sacerdotiza miko chamada Sayo-chan que dispara talismãs de exorcismo em todo tipo de encosto do folclore japonês que vier pela frente. E, como você já deve esperar a essa altura, os japoneses podem ser muito criativos com essa coisa de folclore. Tipo muito.
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| Achou que eu tava brincando? |
Por ser um jogo firmemente calcado na cultura japonesa, Kiki Kaikai não foi lançado no ocidente por um bom tempo até que a Natsume decidiu tentar a sorte adaptando o jogo como Pocky (a miko Sayo-chan) e Rocky (seu fiel tanuki)
Agora, tanukis são uma figura interessante na cultura japonesa: o tanuki é um animal que parece alguma coisa entre um cachorro do mato e um guaxinim e (ou era) relativamente comum nas areas rurais do japão.
Principalmente até a industrialização do Japão, tanukis eram tão comuns quanto os racoons são comuns nos Estados Unidos ou os viralatas caramelinhos são no Brasil.
Assim sendo é apenas esperado que o tanuki seja uma grande parte do folclore japonês... e ele é. O Tanuki é um tipo de deus da treta e aprontação, usualmente trickeando humanos apenas porque ele é da zoeira mesmo (não raramente, se um samurai chegasse bebado em casa ele diria que foi trickeado por um tanuki a beber, tem muitas lendas a respeito disso no Japão).
O mais interessante, no entanto, é como ele faz isso: usando seus testículos mágicos. É. Eles podem moldar seus testículos enormes em qualquer coisa, e inclusive usa-los como uma capa mágica para se passarem por humanos. Once again, é.
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| Transformar em qualquer coisa mesmo. O Japão não é para principiantes. |
Na série Kiki Kaikai, Manuke - o tanuki, é o chefão final do primeiro jogo, mas então é convertido pela magia da amizade de Sayo e decide usar suas bolas mágicas a favor da pré-adolescente e não contra ela. Algumas pessoas podem achar essa frase errada, mas enfim.
Por algum motivo pouco claro, a Natsumi achou que seria por bem adaptar o conceito do jogo para ser lançado no ocidente - um que envolvesse menos garotinhas e testículos mágicos, e assim Sayo virou Pocky e Manuke virou Rocky, dando origem ao título Pocky and Rocky. Os elos ofuda foram alterados para cartas mágicas e a varinha oharai agora é chamada de bastão mágico. Pelo menos é melhor que o lançamento europeu, onde todas as cutscenes foram excluídas por completo.
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| Não que a capa americana do jogo seja menos perturbadora, mas por outros motivos |
Agora que você já esta suficientemente familiarizado com a série Kiki Kaikai, é hora então de fazer o que viemos fazer aqui: falar de Kiki Kaikai: Tsukiyozōshi (ou Pocky & Rocky 2, se você for um baka gaijin).
A história começa quando a princesa da Lua vem participar de um festival e é sequestrada por uma gangue de demônios, liderada por uma garota-demonio chamada Impy. Sayo, acompanhada por Manuke e dois outros amigos, deve se unir e resgatar a princesa. Na versão americana, a princesa da Lua se chama Luna, e não existe nenhuma referencia a Impy ser uma garota because anos 90.
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| Ñão é porque estamos cometendo um sequestro que não podemos ser civilizados e nos apresentarmos adequadamente |
A primeira coisa a ser dita desse jogo é que é um jogo extraordinariamente bonito. Quando você pensa em gráficos de 16 bits, provavelmente você está pensando em um jogo como Pocky e Rocky 2. Personagens grandes, tudo muito colorido, trilha sonora que tem um que de musica tradicional japonesa, 10/10 delicinhas a parte artistica desse jogo.
No gameplay funciona muito como você poderia esperar de um shmup dos anos 90: você atira em todas as direções (ok, isso não era tão comum na época) e tenta desviar do bullet hell que é jogado contra você.
Você ainda pode atirar cartas e atacar com a varinha como nos jogos
anteriores, mas tem alguns twists interessantes aqui. O player 1 sempre joga como Pocky, mas pode usar o botão A para se fundir com o sidekick por alguns instantes para usar as habilidades especiais dele. Por exemplo, Rocky pode procurar tesouros escondidos pressionando o botão B. O Bob Bombardeiro (nome mais japones ever) pode
pegar pedregulhos e jogá-los para abrir caminhos. O Little
Ninja pode abrir tesouros trancados sem usar as chaves, Tengry
pode voar sobre a lava e a água, o Scarecrow faz Pocky montar um
pula-pula, com Digger você pode andar pelo subsolo e, com Ottobot, Pocky
pode montar um pequeno robô mecha que também arremessa pedregulhos.
E acredite, você vai precisar de todas essas habilidades porque esse jogo é insanamente dificil.
Eu sei que era comum jogos dessa época serem dificeis, e jogos desse genero serem mais dificeis ainda, mas Pocky and Rocky 2 tem uma fúria de dificuldade que você poderia pensar que o Super Nintendo era operado por moedas como um arcade.
Agora, era comum muitos jogos serem desnecessariamente dificeis naquela época para ocultar sua curta duração - pagar 60 dolares (tipo uns 150 ajustado para inflação de hoje) por algo que durava 20 minutos ou menos é algo que não deixaria ninguém feliz. A coisa é, no entanto, que Pocky and Rocky 2 não é um jogo curto. Ele tem um tamanho bastante decente e até algum fator replay, já que os companions que você coleta tem poderes diferentes e você pode querer jogar varias vezes com personagens diferentes.
Então esse jogo é absurdamente dificil não porque ele PRECISA ser dificil, e sim porque ele deliberadamente decidiu ser. A Natsume apenas decidiu que esse jogo seria mais dificil que nadar de poncho e era isso.
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| Acredite, este NÃO é um dos chefes dificeis. Isso é o fácil nesse jogo. |
Falando em escolhas criativas estranhas, eu preciso falar sobre o coop desse jogo. Eu sempre sou a favor de modo cooperativo em jogos, mas este aqui faz escolhas um tanto... estranhas. Isso porque, ao contrário do jogo anterior, esse jogo não tem um modo para dois jogadores exatamente. Ele tem um modo para "um jogador e outro para dar o controle para o irmão pequeno". Tipo o Tails no jogo do Sonic, saca?
O segundo player não tem uma barra de vida ou sequer um numero de vidas, ele apenas controla o sidekick e isso vem com diversas limitações. O segundo jogador não pode abrir baús, falar com NPCs, coletar itens ou mesmo causar dano em alguns chefes (embora as vezes possa, não sei se isso é erro de programação ou escolha do design mesmo). Quando o segundo player toma muito dano ele apenas "morre" por alguns instantes e volta logo em seguida, da mesma forma que ele volta depois de alguns instantes quando o jogador principal aperta R no controle ele pode arremessar o sidekick para causar um ataque especial.
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| Só me volta aqui depoi de explicar o que o Byakugan faz exatamente, Kaguya |
Considerando que esse jogo é mais dificil que encontrar desenho animado legendado no cinema e por conta disso você vai estar morrendo a maior parte do tempo, o segundo jogador tem que se preparar para ficar longas porções do jogo sem participar.
O que é realmente estranho, porque no original... ei, espera um minuto... agora que me ocorreu uma coisa... Pocky & Rocky 2 foi lançado em 94, porque eu estou falando desse jogo agora quando sequer teve uma matéria da Ação Games para o primeiro? Deixa eu ver isso direito aqui e...
Oh... acabei de perceber que eu joguei o jogo errado hahaha não sei porque cargas dagua eu achei que era o 2 mas agora foda-se porque eu já joguei o jogo e escrevi o texto. É a idade pegando...
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
POCKY & ROCKY 1
Edição 031
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
POCKY & ROCKY 2
Edição 006
