sexta-feira, 8 de maio de 2020

[AÇÃO GAMES 031] VIRTUA RACING (Arcade, 1993) [#368]

 


Se você acompanha este blog por algum motivo que eu não consigo imaginar qual seja (todos os garotos descolados tem canais no You Tube hoje), deve estar ciente das minhas... diferenças criativas ... com a Sega.

EU TENHO BASTANTE IMPRESSÃO QUE VOCÊ DISSE QUE ATIRAR UM PEDAÇO DE CARVÃO SOBRE UM TECLADO DARIA RESULTADOS MELHORES DO QUE A SEGA TRABALHANDO

Bem, eu nunca disse isso EXATAMENTE, mas não posso afirmar que seja um pensamento do qual eu discordo. Enfim, em todo esse excitment de nosso duelo particular eu tento não perder a noção e tento verdadeiramente ser o mais justo que eu posso sempre – ao contrário da Sega, que fez Ecco the Dolphin

NÃO VEJO COMO ISSO VEM AO CASO

Não vem, mas eu gosto de citar isso. Enfim, meu ponto é que eu tento ser justo e razoavel (ao contrário da Sega) e nesse sentido se teve algo que eu sempre disse mas me é dado muito pouco crédito é que o departamento de Arcades da Sega é simplesmente fantástico.


Nos Arcades, por algum milagre de cybercatlolimaid-sama, a Sega faz absolutamente tudo certo. Experimentam novas tecnologias, fornecem experiencias muito além do seu papa-ficha padrão, 10/10 nenhuma reclamação mesmo. Sério, nem parece que estamos falando da mesma empresa que em todos os outros campos parece ser dirigida pelo Bob Esponja e uma pedra-pome.

Como prova muito bem Virtua Racing.


Comerciais da Sega: garantia de WTF ou seu dinheiro de volta

Em 1992 a Sega já estava trabalhando a todo vapor no seu próximo console, o aparelho de 32 bits que viria passar vergonha ao mundo sob o nome de Sega Saturn. E se tem algo que a Sega, a Nintendo, e o tiozinho da quitanda que vende quicão sem repolho sabiam é que o futuro dos videojogos seria 3D. Jogos mais baratos de fazer, maiores, com mais possibilidades além dos sonhos mais poligonais jamais sonhados por William Gibson

Você vai furar o olho de alguem com essas coisas, Laura

Só que para fazer jogos 3D você precisa de duas coisas: hardware e software. Sim, eu sou um genio da tecnologia, Elon Musk me liga. A Sega já estava trabalhando em formas de criar um hardware que rodasse jogos 3D e que custasse menos do que barras de ouro que valem mais do que dinheiro, e dessas tentativas nasceu o arcade Rad Racer.

Só que eles também precisavam saber fazer jogos em 3D, e assim parte do time da Sega se tacou a desenvolver uma engine que trabalhasse com gráficos poligonais em três dimensões. Nasceu assim a Model-1, um programa que a Sega criou para fazer objetos tridimensionais. Mas a Sega não estava no negócio de criar decoração 3D e sim eles queriam fazer jogos 3D, então a Model-1 foi utilizada para criar uma prova de conceito, um joguinho-demo simples apenas para ver se a coisa funcionava.

O modelo de Virtua Racing foi inspirado no Ayrton Senna, porque os japoneses adoravam o Senna. Povo de cultura.



No caso, foi feito um joguinho de corrida inteiramente 3D, capaz de brincar com todas as possibilidades que um ambiente em três dimensões oferecia tais como objetos serem programados para reagirem a determinadas situações – como por exemplo as arvores derrubarem frutos quando sofrem colisão, sem precisar alguem manualmente ir em cada arvore do jogo programar e desenhar sprites para isso, ou a camera passear livremente por aquele mundinho 3D que era criado na memória do hardware.
Estavam todos brincando com a coisa e se divertindo supimpamente com as possibilidades, quando alguém na Sega disse "escuta, porque a gente não lança isso como um jogo mesmo?".

Houve silêncio nos corredores da Sega. Alguns executivos que trabalhavam no setor do console doméstico e jogos relacionados que estavam passando pelo corredor subitamente cairam no chão e começaram a passar mal – seus sistemas não estavam preparados para ouvir boas ideias.

Então assim foi feito, e Virtua Racing foi lançado em agosto de 1992.

Mas, como é o joguim, exatamente?



Bem, VR não foi a primeira tentativa da Sega de fazer um jogo usando elementos 3D (este seria Rad Mobile ), mas foi a primeira tentativa da Sega de fazer um jogo INTEIRAMENTE usando tecnologia 3D. Isso quer dizer que enquanto Rad Mobile usa elementos em poligonos para dar uma sensação de velocidade, como a pista,o jogo ainda é programado da forma tradicional e usando bastante sprites desenhados.

Em Virtua Racing não, o jogo vai full bananas no que dá pra fazer com um cenário 3D. A primeira coisa que você nota são os diversos angulos de cameras, algo até então impossível em um jogo. Hoje é bastante simples você apertar um botão e a camera ir de dentro do carro para uma tomada aerea, mas quando os jogos eram desenhados pensando em sprites 2D, isso era apenas impossível.


Mentes foram explodidas naquela época, eu estava lá.

Outra grande vantagem do 3D é que como ele faz o pre-carregamento da pista e trabalha com esse ambiente virtual na memória, é muito mais simples fazer marcas permanentes na pista. Por isso quando você trava os pneus em uma freiada deixa uma marca no asfalto. Na volta seguinte, as marcas ainda estarão lá!



E como o jogo trata os objetos como objetos individuais a terem seus movimentos calculados separadamente, isso permite que os carros tenham uma fisica própria, passando uma sensação bem única na corrida. Eu sei que nenhuma dessas coisas parecem incriveis hoje, mas novamente, até aquela época nada disso nunca tinha sido feito. Embora já existissem jogos 3D, eu preciso te lembrar que eles pareciam com isso:


Não muito impressionante, se você me perguntar.

São apenas três pistas, sendo que você pode fazer apenas uma pista por ficha. Cada corrida tem 5 voltas, mas você tem apenas 60 segundos e precisa passar em checkpoints que adicionam 10 segundos ao seu tempo - se você falhar em passar no checkpoint a tempo, já eras ficha.

VR não é um jogo particularmente complexo, e não foi projetado para ser. Como eu disse, foi criado apenas como uma prova de conceito para a Sega usar internamente. O ponto aqui era justamente provar um ponto, e Virtua Racing foi o primeiro jogo verdadeiramente 3D rodando com toda glória do Senhor em 32 bits, e foi realmente impressionante. Se o futuro dos videogames seria esse, todos nós queriamos estar nesse futuro.


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