quarta-feira, 16 de julho de 2025

[#1510][Out/1999] MAGICAL DROP F: Daibōken Mo Rakujyanai!


Nos ultimos dias tivemos algumas reviews bastante... intensas. Reviews falando de projetos multimidia, jogos que quase redefiniram generos, obras prima da trasheira. Então hoje vamos dar um respiro, vamos fazer algo mais tranquilo, algo mais old school nesse blog. Uma review simplezinha, uma review moleque, uma review toco-y-mi-voy... até porque, sejamos honestos, não tem lá muuuito o que falar de jogos de puzzle. Sério. O gênero vive e morre pela jogabilidade pura, fria e abstrata — Tetris, Columns, Bust-a-Move. Peças, blocos, bolhas, cores. É bonito, mas é só mecânica. Tchau e bença.

E aí veio a Data East, lá pelos idos de 1995, e pensou: “Esse realmente é um mercado bem disputado, o que realmente podemos nos destacar?". Levou exatos 0,14 milissegundos até alguém numa sala de brainstorm em silêncio soltar: waifus. Porque a resposta é sempre waifus. Obviamente que é. Então, em vez de bolhas e quadradinhos sem alma, por que não um bando de cocotinhas 2D baseadas em cartas de tarô, cada uma com voz de menininha de anime meio gemendo?


UAU, ELES REALMENTE ENTENDEM COMO VOCÊ FUNCIONA, NÉ?

.…Eu não faço ideia do que isso poderia significar, Jorge. O que eu sei é que assim nascia Magical Drop, um arcade de puzzle que depois foi parar no Super Nintendo, Saturn e PS1 — e nem tão posteriormente assim virou uma franquia que, acredite se quiser, ainda existe, com o último jogo (Magical Drop VI, que é o oitavo da franquia) lançado em 2023.

Mecanicamente, à primeira vista, Magical Drop parece um clone de Puzzle Bobble. Bolas coloridas descendo do teto, trincas pra eliminar… só que, em vez de um dragão fofinho com canhão, aqui você mesmo puxa uma bolinha e reposiciona onde quiser, montando combos numa velocidade que faz Puyo Puyo parecer xadrez por correspondência. Simples de entender, desesperador de dominar.

Caso, você não esteja ligando o nome a pessoa, PUZZLE BOBBLE é esse joguinho de puzzle que você certamente já jogou ou até mesmo deve ter uma variante disso instalada no celular nesse momento

Chegamos então ao ano de 1999, e a Data East decide lançar Magical Drop F no PS1 (o quarto da série). Agora, se fosse qualquer outra empresa, seria só Magical Drop, mas… F. Mais waifus, novos sprites, mais modos de jogo, fim. Mas não: esses lunáticos japoneses decidiram ir full anime, com direito a não apenas uma abertura de anime capitalizando seu maior ponto de venda (as meninas) e até mesmo com um modo RPG.

Primeiro, temos a história: porque com efeito Magical Drop F é o único da série com um “Modo História” de verdade. Cheio de diálogos nonsense, piadas visuais, e aquele clima que beira o shoujo pastelão… ou ao menos é o que eu consigo deduzir por alto, já que o jogo nunca foi traduzido nem por fãs. Em linhas gerais, você precisa reunir as Gotas Mágicas (uma de cada cor) pra evitar o fim do mundo — nada muito diferente do que você esperaria de um RPG de anime.


Ganhar as batalhas contra as outras arcanas te dá itens de equipar, e esses itens mudam os ataques especiais do seu personagem (que servem basicamente pra atrapalhar o coleguinha quando você manda aquele combo maroto). É realmente uma pena que nunca tenha sido traduzido — embora eu entenda que ninguém quis ter esse trabalho, porque, convenhamos: quem joga puzzle pelo enredo? (Quer dizer… tirando eu. Eu jogo.)

No gameplay, além do Quest Mode (esse pseudo-jRPG onde as batalhas são partidas de puzzle), tem o clássico Versus, o modo Solo e aquele Endless que suga a sua sanidade até você começar a ver bolinhas coloridas flutuando no teto.

O Quest Mode tem essa vibe de RPG do Saturn que é bem fofinho na real

Visualmente, o jogo entrega exatamente o que promete: tudo muito fofinho, tudo muito waifuzável. A animação da abertura foi feita pelo estúdio J.C.Staff — hoje famoso por animes como Konosuba, Toradora, One Punch Man 2 e… É Errado Tentar Pegar Garotas em uma Dungeon?… (não me pergunte como eu sei disso). E eles não eram novatos em trabalhar com games: também fizeram animações pra PARAPPA THE RAPPER e GUILTY GEAR X. Pra época (e pra um jogo de PS1), o resultado é bem caprichado.

Pessoalmente, acho o ritmo do jogo meio puxado e frenético demais. Olha, eu não sou nenhum puzzlionista de elite, mas me viro bem no Puyo Puyo e nas 85739 versões de Tetris que já pintaram aqui no blog. Só de PUZZLE BOBBLE já fizemos review de quatro! E mesmo assim, acho que o modo contra a CPU desse jogo arranca o seu couro sem dó.


Mas, no fim das contas, é realmente difícil estragar um Magical Drop — especialmente jogando contra um amigo. Os controles são precisos, o visual é carismático, e ele entrega exatamente o que promete: um puzzle frenético, viciante, fofo e absurdamente japonês. É verdade que o modo RPG não muda o mundo (e a falta de tradução atrapalha um bocado), mas também não estraga nada.

Seguro, inofensivo e carismático. Exatamente o que você esperaria de uma franquia que, de algum jeito, sobrevive há quase trinta anos — e que, até hoje, pouca gente realmente conhece.

MATÉRIA NA GAMERS

EDIÇÃO 055 (Março de 2000 - Semana 1)