Na review de hoje, vamos falar de Undercover AD2025 Kei.
Agora, este jogo nos catapulta para um inimaginável cenário da ficção científica: o futuro distante de... 2025. Sim, imagine só — um ano tão incrivelmente avançado que todos vamos ter carros voadores, mordomos robos e gatos geneticamente modificados patrulhando as ruas como parceiros policiais. Ah, este louco futuro de 2025, certamente uma inevitável distopia cyberpunk esperando pra acontecer, né?
Mas falando sério, o que é mais assustador é que esse jogo me fez perceber que o "futuro" da ficção cientifica na verdade já está bem pra trás — BLADE RUNNER se passava no mundo impossivelmente distante de 2019, e BACK TO THE FUTURE mirou seu capacitor de fluxo e carros voadores movidos a lixo no ano chocantemente futurista de... 2015. O futuro não é mais o que era antigamente, Jorge. E, caramba, estamos velhos pra caceta mesmo, heim...
De qualquer forma, sobre o jogo em si, Undercover AD2025 Kei (e eu não estou totalmente convencido de que "AD2025" seja um formato de data correto) é um jogo de tiro em terceira pessoa... que você também pode jogar em primeira pessoa, e provavelmente vai — mas já chegaremos nisso em um minutinho. O fato é que esta pequena estranheza foi lançada exclusivamente no Japão em 2000 por ninguém menos que a Pulse Interactive. Sabe, os mesmos gênios criativos por trás de... uh... Time Killers para o Mega Drive... oh fuck... que Amaterasu me proteja, esse vai ser um dia daqueles.
Bem, embora o nome do desenvolvedor não inspire exatamente uma confiança avassaladora, há algo aqui que inspira: o projeto tinha alguns nomes interessantes ligados a ele, especialmente Arimasa Osawa, um auto premiado e muito popular no Japão escrevendo o roteiro, e a direção de Takashi Yoneda, que trabalhou anteriormente em WONDER PROJECT J2 para o N64.
Essa é a parte boa — nos dá esperança de que a história possa ser pelo menos meio decente. A parte menos boa é que eu nunca vou saber se é mesmo, porque o jogo nunca foi localizado fora do Japão, e meu japonês é tão bom quanto minha capacidade de falar com gatos policiais geneticamente modificados (sim, isso é uma coisa nesse jogo e seu sidekick é de fato um gato-policial senciente). Mas, ei, eu gosto de pensar que a história aqui é realmente boa porque, no fundo, eu sou um biscoitinho positivo.
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A ass jiggle physics é onde todo orçamento do jogo foi gasto |
O que eu posso falar com certeza é sobre a jogabilidade — e UAD2025K realmente tenta fazer algumas coisas interessantes aqui. No papel, ele se posiciona como um jogo de tiro tático de espionagem... porque, bem, era o ano 2000, e todo mundo e a mãe de todo mundo estava tentando fazer o próximo METAL GEAR SOLID. Em vez de simplesmente atirar qualquer coisa que se mova, você pode apontar sua arma para os inimigos para rendê-los — o que não apenas economiza munição, como pode fazer eles droparem itens extras.
...Ou, você sabe, você pode ignorar tudo isso e atirar em qualquer coisa que se mova de qualquer maneira. Isso também funciona!
Em essência, é um jogo de tiro baseado em cobertura, salpicado com mecânicas de stealth, o que honestamente parece uma mistura de ideias bastante intrigante — especialmente para um título do começo da 6ª geração. As pessoas costumam comparar este jogo a RESIDENT EVIL - CODE: Veronica, mas o que percebi é que tem vários conceitos aqui que Metal Gear Solid 2 "pegaria emprestado" alguns meses mais tarde! The more you know, right?
Mas isso sendo dito, vamos falar da jogabilidade em si e... bem, Undercover é, em sua essência, um jogo de tiro que te coloca — literalmente — na minissaia extremamente justa de Kei, uma policial caucasiana futurista com pernocas de fora. Kei e seu parceiro bombado são lançados no fogo quando um hotel de luxo é cercado por bandidos armados que aparentemente também trouxeram sua coleção de porretes, porque não? Naturalmente, Kei corre para o local, pronta para salvar o dia armada com seu distintivo, sua arma e sua beleza estonteante.
…E leva cinco segundos.
Míseros e insignificantes cinco segundos. Não parece muito, não é? Quer dizer, o que você consegue fazer em cinco segundos? Rir, espirrar, talvez esticar a mão em direção a uma garrafa d'água. Mal dá tempo de respirar.
Mas quando você está jogando este jogo, cinco segundos se tornam algo completamente diferente. Cinco segundos são uma eternidade — um grito silencioso em que sua alma se quebra em mil pedaços no momento em que você percebe o quão impossivelmente e cosmicamente horríveis esses controles realmente são. “Os piores controles de qualquer jogo 3D já feito” nem arranha a superfície. Não, este é um tipo especial de tormento que distorce o próprio tempo. Quando Einstein disse que o tempo é relativo, estou convencido — verdadeiramente, profundamente convencido — de que ele teve um pesadelo profético sobre a Kei do Disfarçada no Ano 2025 Depois de Cristo. Porque aqui, cinco segundos se estendem para um abismo sem fim de dor, arrependimento e horror existencial.
Mas vou tentar explicar, porque aparentemente minhas escolhas de vida me trouxeram até aqui. Imagine o esquema clássico de controle de tanques — sabe, o sistema desajeitado de RESIDENT EVIL ou mesmo ALONE IN THE DARK de 1992, que nunca foi ótimo para ações rápidas, mas tinha ao menos uma grande redenção: pelo menos permitia que você ajustasse um pouco sua trajetória enquanto se movia para frente. Não parece grande coisa, certo? Mas agora imagine que Undercover te olha fixamente nos olhos, ri e te tira essa coisa aparentemente simples.
Funciona assim: você só pode andar em linha reta. Quer virar um pouco para a esquerda ou para a direita? Você tem que parar completamente, girar no lugar como uma fucking empilhadeira do Atacadão Macromix segunda-feira as 07:15 da manhã e começar a se mover novamente — só que os bandidos não esperam educadamente que você termine sua curva de três pontos antes de te transformar em arte moderna com suas balas. "Desajeitado" nem começa a descrever. Sinceramente, você teria uma jogabilidade mais rápida e responsiva se enviasse seus comandos por correio para um komitet soviético e esperasse que eles decidissem seu próximo movimento.
Como se isso já não fosse sofrimento existencial suficiente, o sistema de câmera se junta à festa, impedindo que você veja absolutamente nada. Sério, eu perdi a conta de quantas vezes fui morto por inimigos fora da tela — e não há nada que você possa fazer a respeito, porque quando você termina de girar seu personagem para olhar, já está decorando as paredes com seu sangue. Meu humilde conselho é sempre, sempre jogar no modo em primeira pessoa sempre que puder. Claro, você terá que desistir de admirar a bunda carinhosamente modelada e desafiadora da gravidade da Kei, mas acredite em mim: o jogo se torna quase jogável dessa forma. E no contexto de Undercover AD2025 Kei, "quase jogável" é o maior elogio que você pode esperar.
Na verdade, chamá-lo de "quase jogável" ainda é generoso demais — quase criminoso — porque seu personagem não se move exatamente pelo espaço 3D, mas sim saltitta como se estivesse preso em um grid invisível baseado em turnos. Eu me senti bem menos jogando um jogo de ação 3D e mais CHOCOBO MYSTERY DUNGEON.
E se você chegar muito perto de um gangster armado com uma espingarda sua arma poligonal atravessa o peito de Kei e seu chumbo grosso passa inofensivamente para o vazio. Sério, esse é o primeiro jogo na minha vida que eu vejo que a melhor estratégia de sobrevivencia é clipar dentro dos inimigos pra ficar fora da linha de tiro deles. Novamente, eu não tenho sequer palavras pra descrever o quão mal programado isso é.
E felizmente, ou não, entrar dentro dos inimigos é bastante simples pq assim como em SUPERMAN: The New Superman Adventures, o jogo não sabe programar movimentação. Onde eles spawnam é onde eles ficarão pra sempre - o que, como você pode imaginar - torna os inimigos com armas melee a coisa mais patética que qualquer um já viu em qualquer jogo ever, eles só ficam lá colados no chão agirando os braços sem sair do lugar e provavelmente gritando coisas como "vem aqui pra que eu possa te acertar!".
Como um jogo tão porcamente programado desse jeito foi embalado e vendido nas prateleiras é algo que eu não posso sequer começar a entender. Sério, quando você equipa uma arma do inventário Kei heroicamente a arranca da própria bunda, e tem um glorioso bug em que se um personagem se afasta muito da câmera, seu nariz literalmente desaparece. E não podemos esquecer as texturas, que estão tão horrivelmente desalinhadas que parecem ter sido aplicadas por alguém usando o MS Paint na noite anterior ao prazo final.
Sinceramente, eu poderia apontar o quão assustadoramente amadora é a programação desse jogo, mas provavelmente já entendeu o meu ponto aqui. Entre os controles que parecem dirigir uma empilhadeira, os ângulos de câmera programados por um motorista bebado enquanto ele voltava pra casa e gráficos que não passariam em uma aula de modelagem 3D em escolas de segundo grau, Undercover AD2025 Kei não é apenas ruim. É um monumento imponente e inspirador de quão espetacularmente errado um jogo 3D pode dar.
O que, você sabe, realmente me fez passar um bom tempo olhando para o abismo e me fazendo a pergunta inevitável: este jogo merece ser considerado pior que SUPERMAN: The New Superman Adventures como pior jogo 3D de todos os tempos? E essa é uma questão complicada.
Por um lado, PELO MENOS, Undercover consegue programar portas funcionais e não como em Superman 64 que se você ficar empurrando a porta trancada vc passa por ela. Uau, estamos realmente comemorando uma porta que faz o que ela deveria fazer, a barra tá realmente baixa aqui, heim?
Mas de todo resto, Undercover é tão ruim quanto e eu honestamente acho que ele só não é citado maiss frequentemente na mesma turma que SUPERMAN: The New Superman Adventures e Bubsy 3D apenas porque ninguem realmente jogou esse jogo. Ele nunca foi lançado fora do Japão e não tem um video do AVGN zoando ele, apenas por isso. Mas enquanto a discussão entre qual dos três merece o troféu definitivo de pior jogo programado em 3D ever, o fato que essa discussão sequer cabe já é a prova sepulcral de tudo que deu errado aqui.
No fim das contas, comparar esses dois jogos é como comparar um carro de palhaço em chamas a uma lixeira em chamas: claro, um tem rodas e o outro não, mas quem está dentro morre queimado gritando do mesmo jeito. Então sim, Undercover AD2025 Kei pertence com certeza ao mesmo corredor escuro e mofado da vergonha que SUPERMAN: The New Superman Adventures e Bubsy 3D. E se você tivesse me dito quando o joguei pela primeira vez que um jogo poderia chegar tão perto desse nível lendário de fracasso catastrófico, eu não teria acreditado. Não pareceria fisicamente possível... e ainda sim, aqui estamos. E isso, meu caro Jorge, é a maior prova que jamais teremos para nunca, em hipotese alguma, duvidar dos limites da incompetência humana.
MATÉRIA NA SUPER GAME POWEREDIÇÃO 055 (Março de 2000 - Semana 1)