A Sega é alguma coisa realmente especial. Primeiro, eles fizeram um jogo para surfar no sucesso de Conan sem precisar pagar um único centavo ao Schwarzenneger e assim nasceu o beat'm up de barbaros conhecido Golden Axe. Só que a Sega não é a Sega se não segar severamente, então eles usaram seu pedido de processo por infração de copywright para surfar no sucesso de Zelda, e lançaram um jogo muito, muito parecido com o clássico da Nintendo para o Master System. Porque se as gambiarras não estão empilhadas, não é da Sega que estamos falando!
Agora, sabe a coisa interessante? Normalmente quando a Sega lança um jogo apenas para "ter um equivalente da Nintendo", o resultado são jogos que não seguram uma vela para o original em qualidade (sim, Zillion, eu estou vendo você aí no canto fazendo cosplay de Metroid!). Será que dessa vez será diferente?
Mas vamos começar do começo, nosso gigantesco adversário tradicional, Death Adder (o jogo perde pontos por não escrever o nome com o sinal de igual, porque por algum motivo os japoneses acharam que um vilão chamado "Death=Adder" seria a coisa mais radical ever) despirocou denovo e roubou as nove coisasmagicasseila que protegiam o reino de Firewood. O que significa que elas não faziam um bom trabalho, mas enfim é um video game, você consegue adivinhar o resto. Será que o clone de Zelda está a altura do jogo original ou este é um elo com o passado que deveria ser esquecido da história dos videogames? (entendedores entenderão)
Bom, em primeiro lugar parece haver um grande debate se GAW realmente é um clone da Lenda de Zelda, com fãs da Sega citando várias diferenças menores para explicar porque não é. Em função de adequadamente revisar este jogo, eu terei que jogar o Zelda original dado que eu nunca sequer vi o cartucho durante a minha infancia ou mesmo agora. Fiquem conversando aí que eu já volto
(Neste ponto você pode simular que eu já fiz isso e continuar lendo, ou acompanhar este artigo em tempo real e voltar daqui a dez horas)
Basicamente o que está acontecendo aqui é que Death Adder (sem o sinal de =) roubou os cristais que protegiam o continente de Firewood e os escondeu em 9 dungeons. Depois, só de zoas, decidiu dar um role pelas cidades matando todo mundo que viu pela frente e sendo um pé no saco de modo geral
A primeira coisa que eu tenho que destacar é que a ambientação desse jogo é muito boa, todas as cidades que você visita realmente estão em ruínas - o que diminui a sensação de fantasia medieval genérica e confere uma aura própria ao jogo.
Voltando, como é o caso de muitos RPGs, monstros vagueiam pelo mundo e um herói lendário será enviado em uma enorme quest antes de poder enfrentar a batalha final. Então nosso guerreiro, que eu nomeei como LINK porque eu sou engraçadão pra caralho, parte para vingar toda sorte de badulaque, as pessoas mortas nas vidas e recuperar a prataria da família que o vilão roubou junto com o lendário machado Golden Axe com o qual nosso herói pretende talhar o sinal de = nele em um local bem pouco agradavel.
Tá, vamos deixar de enrolação aqui: esse jogo não tem vergonha nenhuma de tentar ser um clone de Zelda, mas quer saber? Isso não é uma coisa necessariamente ruim. Não quando é bem feita, e este parece ser o caso aqui.
Eis como um jogo de Zelda, e por consequencia Golden Axe Warrior, funciona: existe um grande mapa mundo com 9 masmorras a serem vencidas, em cada uma delas nosso herói ganha um item que permitira chegar até a próxima. Assim na primeira masmorra ele ganha uma corda para escalar as montanhas e poder ir a Masmorra das Montanhas, lá ele ganha uma canoa que o permite chegar a Masmorra da Água, e por aí vai. Entre uma masmorra e outra, o mapa mundi é repleto de segredos e upgrades para seu equipamento (muitos dos quais só podem ser alcançados com os itens que você ganha nas masmorras), incluindo aí corações de energia máxima adicionais.
A tonica geral do jogo é que ao completar uma masmorra você usa o item daquela masmorra para fazer as sidequests que se tornaram acessíveis com a sua nova habilidade antes de ir para a próxima. Uma coisa que eu tenho que denotar aqui, e que infelizmente muitos jogos de 8 bits não fazem, é que Golden Axe tem NPCs que realmente dizem coisas uteis para te ajudar com as sidequests. Eu fiquei sabendo através de NPCs que o Sino do Gelo (o item que eu ganhei em uma das masmorras) não seria apenas para congelar a lava (e assim permitir que você avance a uma nova area do mapa), mas também revelava quais pedras no cenário eram quebráveis. Ou que existe em algum lugar da montanha do fogo uma garota que pode me ensinar uma magia nova. Puxa, obrigado jogo! São informações muito úteis!
Embora as masmorras não sejam tão bem desenhadas ou divertidas quanto as do jogo da Nintendo (até porque a Nintendo não sabe brincar e quando decide fazer algo foda chega de voadeira com os dois pés) eu tenho que dizer que a Sega fez um trabalho muito melhor na construção do mapa-mundo. Tem muito mais itens secretos, porém escondidos de uma forma razoavelmente acessível.
Hmm, um destes NPCs parece ligeiramente mais útil que o outro, mas eu estou tendo dificuldade em apontar quem... |
Sério, eu já vi muitos jogos dessa época em que a definição de "caverna secreta" é bater 3 vezes em uma pedra completamente aleatória que não tem nada de diferente das demais. Aqui não, o jogo tem uma certa lógica visual e você consegue se sentir explorando em uma aventura.
O que torna isso mais impressionante ainda é que o mapa é 60% maior que Zelda, Golden Axe tem 255 telas no total enquanto Zelda possui apenas 128. Sério, o mapa do mundo é absurdo de se explorar para um jogo de Master System, olha só isso:
E de alguma forma a Sega conseguiu deixar a progressão do jogo fluída e organica, é realmente impressionante e muito divertido de explorar.
Golden
Axe Warrior também mantém o nível de dificuldade absurdo de Zelda, é muito fácil morrer rápidamente se uma tela não for metodicamente limpa de inimigos. Porém o jogo não é injusto, existe uma combinação adequada de magia e ataque para cada tipo de inimigo, e na maior parte das masmorras os inimigos não voltam depois de eliminados - então é um jogo muito, muito dificil, mas não é apelão.
Trocar entre itens é surpreendentemente simples (você ficaria surpreso com a quantidade de jogos que falham nesse quesito, mesmo clássicos como Mega Man), permitindo que você lute alternando entre espada, machado e magias - cada um com alcances e efeitos diferentes, mas adequado para cada situação. Eu normalmente sou um cara que prefiro pegar uma única arma e ir com ela até o fim (deus, como eu odeio as poções de Witcher), mas nesse jogo eu me senti bastante a vontade para alternar entre todo arsenal do personagem.
Ora, se a exploração funciona e o combate funciona, então meio que o jogo todo funciona!
Então Golden Axe Warrior é jogo que apenas tacou o nome de uma franquia consagrada para chamar atençaõ em um jogo que não tem nada haver com os outros Golden Axe? Completamente. Mas isso não faz muita diferença no fim das contas, o jogo se chamar Golden Axe ou as Aventuras do Palhacinho Paratimbum não mudam o que o jogo realmente é.
E o jogo é um clone absurdamente dificil de um jogo conceituado em um console conhecido por seus jogos mal acabados? Sim, mas é um clone feito do jeito certo, superior ao original em aspectos importantes!
Eu diria que GAW é mais do que apenas Zelda com novos mapas em outro console, mas mesmo que fosse, isso por si só já seria uma coisa boa, Zelda é um puta jogo e Golden Axe Warrior é, no mínimo, do mesmo nível. Como eu disse, as masmorras e os chefes não são tão interessantes quanto, mas são bem feitinhos o bastante para não desapontar.
Os gráficos são obrigatoriamente melhores, afinal estamos falando de um jogo 5 anos mais velho que Zelda, e a trilha sonora não é ruim mas nem de perto é tão boa quanto, mas vamos ser honestos: aí é covardia. NADA tem uma trilha sonora tão boa quanto Zelda, nem se ressucitarem Beethoven como um mecha que dispara lasers ele faria algo tão bom assim. Embora seria bastante maneiro.
Os gráficos são obrigatoriamente melhores, afinal estamos falando de um jogo 5 anos mais velho que Zelda, e a trilha sonora não é ruim mas nem de perto é tão boa quanto, mas vamos ser honestos: aí é covardia. NADA tem uma trilha sonora tão boa quanto Zelda, nem se ressucitarem Beethoven como um mecha que dispara lasers ele faria algo tão bom assim. Embora seria bastante maneiro.
Claro que a Sega sendo a Sega, ao ver que eles tinham em mãos um jogo bem acabado, com inferfaces boas (pelo amor do Monstro do Espaghetti Voador, eu ainda tenho pesadelos com o amadorismo que é a interface de Phantasy Star), bem feito e gostoso de jogar, é claro que eles fizeram a única coisa que se esperaria fazer da Sega nesta situação: arquivaram o jogo e nunca mais tocaram no assunto. O que é uma pena, porque se tem um jogo que merecia uma sequencia (possivelmente em 16 bits, no Mega Drive) é este que acontece ser o melhor jogo de Master System que eu joguei até agora.