sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

[AÇÃO GAMES 010] STAR WARS (de 1991, não o que o Darth Vader é um escorpião) [#118]





Star Wars do Nintendinho é tudo que uma adaptação de filme para um videojogo poderia esperar ser, ao mesmo tempo que é tudo que um game deve evitar ser. Parece confuso, mas eu explico.





Vamos começar do começo: o jogo foi produzido pela Beam Software, e só isso já é motivo para qualquer um tremer porque estamos falando da empresa que brindou o mundo com os jogos Back to the Future do Nintendinho. Ó G-zuiz...



Mas surpreendentemente, o jogo é muito bem pensado na verdade. Ele se divide em duas grandes partes: Tatooine e a Estrela da Morte. Em Tatooine você tem um hub no deserto no qual Luke cruza com seu landspeeder, esse "mapa mundi" conecta uma area de 5 cavernas, a cidade de Mos-Eisley e o sandcrawler dos jawas - estas são as fases do jogo.

Em cada uma dessas areas tem um item importante a ser recolhido - o sabre de luz para Luke, escudos para a Millenium Falcon e o próprio Han Solo como personagem jogavel - até você pegar a Millenium Falcon e ir para a Estrela da Morte (passando antes por uma fase de nave em primeira pessoa desviando de um campo de asteroides).

A Estrela da Morte é uma única grande fase onde você pega um número absurdo de elevadores para recriar as cenas do filme (deixar os droides na sala de controle, resgatar Leia, desligar o raio trator, o compactador de lixo), após o qual você tem algumas sequencias de nave em primeira pessoa novamente - a fuga da Millenium, atacar com X-Wings e por fim uma fase estilo navinha clássica para dropar as bombas na porta de exaustão da Estrela da Morte.



Todas essas fases tem um nível de similaridade ao filme de quem realmente assistiu os filmes. Em Tatooíne, por exemplo, você enfrenta Jawas, o Povo da Areia e Womp Rats. Em Mos-Eisley você enfrenta Stormtroopers e ... milhares de Greedos, Luke shoot first i guess.. 

Isso pode não parecer grande coisa, mas quando falamos de videogames só os produtores terem esse nível de cuidado mostra o quão interessados eles estavam. Só lembrar, por exemplo, da Hora do Pesadelo em que os inimigos são... 



... isso. Eu não assisti todos os filmes do Freddy Krueger, mas tenho bastante impressão de que isso não aparece em nenhum dos filmes. Os cenários também, absolutamente nada a reclamar. Todos tão fiéis aos filmes quanto a capacidade do Nintendinho possibilitava... com certas liberdades poéticas para virar um videogame, como goteiras de ácido em Tatooíne pq né?

Musicas tiradas do filme, personagens jogáveis (Luke, Han e Leia), absolutamente nada a reclamar. Star Wars do Nintendinho fez tudo para ser a adaptação mais fiel de um dos filmes mais legais de todos os tempos.

Os graficos da parte das naves são realmente impressionantes para um  NES


De fato teria sido, se a Beam Software não tivesse construído as fundações belíssimas para aquele que poderia ser um dos melhores jogos do NES apenas para cagar em cima delas enquanto dava cambalhotas.

Em primeiro lugar, como você já pode imaginar, é muito dificil. Tipo realmente dificil, um dos jogos mais dificeis do Nintendinho ao ponto da insanidade. O principal problema de Star Wars é que embora os controles sejam responsivos padrão para a época, os inimigos vem muito rápido para cima de você e não tem muito que você possa fazer a respeito. Muitos deles tem insta-kill (por algum motivo, nada é mais mortal no universo que esbarrar no Povo da Areia), outros fuzilam sua barra de energia imediatamente.

Porque sabe aqueles poucos segundos de invencibilidade que você tem ao ser atingido para que sua energia não seja drenada em um instante? Pois é, esse jogo nunca ouviu isso. Quando chega na parte da Estrela da Morte então, chega a ficar ridículo. É uma sequencia de saltos para não cair nos espinhos que faz Mega Man parecer mamão com danoninho, porque as esteiras te arremessam para cima ou para os lados e você tem muito pouco controle do seu personagem.

Lá vai Seu Luke voando pela fase. Ninguém pode dizer onde ele vai parar, apenas que se de 3 pixels de altura cair dano ele vai tomar. Sim, é sério isso.


A  única forma de vencer esse jogo é memorizar TODO ele e torcer para os inimigos não spawnarem em locais altamente foditivos. Se bem que isso nem ajuda tanto, porque a programação ruim do jogo pode decidir te foder mesmo assim. Areas que são alcançaveis com pulo ou não, não tem nada a ver com o visual - você só tem como descobrir testando porque os gráficos não correspondem a programação. Diversas vezes eu morri tentando alcançar uma plataforma que não só eu via que dava pra alcançar como já tinha saltado outras exatamente iguais porque a programação não estava alinhada com as imagens. Isso é de um amadorismo espetacular, sério, nem no Atari eu via uma coisa dessas!

As partes de tiro não são mais justas que isso, já que em nenhum momento fica muito claro qual o critério para alguma coisa acertar ou não a sua nave.

Além disso, o jogo tem outro problema: você vai ter que começar do começo várias vezes por causa da sua dificuldade infinita, mas algumas vezes também porque o jogo não avisa o que você vai precisar fazer. Existem 7 escudos para a Millenium Falcon espalhados em Tatooíne, que posteriormente serão a energia da sua nave. Só que o jogo não te avisa isso, você só descobre chegando em uma parte que não dá mais pra avançar e começar do começo.

P: O que é uma falha da fidelidade do jogo ao filme comentada no início, pois, na real, o R2-D2 te daria uma dica ou simplesmente já teria todas as peças com ele. Tal é a vida com R2. Basicamente, o melhor amigo de K9. Sério, não seria difícil colocar uma caixa de diálogo mencionando essa side quest.

Esse é o único jogo de Star Wars onde o boss é desligar o raio-trator da Estrela da Morte.


Teoricamente você pode terminar o jogo sem pegar os escudos, o sabre de luz ou nenhum dos personagens secundários, mas na prática não. É fisicamente impossível, e o jogo não faz a cortesia de te avisar isso.

Como por exemplo te avisar que para terminar a fase de explodir a Estrela da Morte você tem que usar um ataque que você nunca usou o jogo inteiro em uma parte que não tem nada visualmente especial.

P: Fiquei 10 FUCKING minutes correndo a estrela da morte inteira esperando que acabasse como aconteceu nas outras fases (a do asteroide e a de fugir com a leia, por exemplo)? Sim, fiquei! Me orgulho disso? Não posso dizer que sim. WWE, fica a dica, isso é HELL IN A CELL. Até que desisti e fui ver no walkthrough o que fazer. Mais uma vez, o R2 teria feito alguma coisa. E, mais uma vez uma simples caixa de diálogo ajudaria.

Pq essa pose da Leia me faz sentir que eu estou prestes a começar a assistir uma paródia porno de Star Wars?

Sério, eu jogo videogame há quase 30 anos. Só de bater o olho eu sei calcular distancia de salto ou quando um item é interagivel ou mais ou menos como ele comporta na fisica proposta pelo jogo. Star Wars teve que me fazer pesquisar na internet porque o que você está vendo na tela não raramente tem relação com o que funciona na programação do jogo.

O melhor exemplo do que eu quero dizer é que o jogo não tem uma curva de dificuldade humanamente aceitavel. A primeira fase não tem inimigos e tudo que você faz é desviar de poças, a segunda (no caso, o sandcrawler) é a fase mais dificil de Tatooíne e se você terminar ela sem ter enozado os dedos algo muito estranho deve ter acontecido. Não se larga uma dificulty wall desse jeito, seus energumenos!

Ah mas vão se foderem com paçoca velha, na moral!

P: Honestamente, não foi uma boa experiência. É difícil e não de um jeito gratificante ou instigador, é apenas estressante, você fica feliz que acabou e não tem que jogá-lo mais. Nunca mais. E de não ser mais uma criança com poucas opções de entretenimento como essa. 

CONTINUAÇÃO NA AÇÃO GAMES 012:




VERSÃO PARA MASTER SYSTEM
EDIÇÃO 051



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