segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

[AÇÃO GAMES 004] KRAZY KREATURES & PYRAMID (NES, 1990) [#114][#115]



Como eu disse quando falei sobre a história dos video games, o modelo de negócios envolvendo cartuchos era um dos pilares de como a Nintendo tocava suas contas. Era tão importante que eles decidiram não abrir mão disto para lançar jogos em CD na geração dos 32/64 bits, o que hoje todo mundo sabe que não deu certo mas na época não foi uma decisão de todo absurda não.

As empresas que faziam jogos odiavam esse sistema, mas até 1995 quando a Sony lhes ofereceria outra opção viavel (também conhecida como "Playstation"), não tinha muito que eles pudessem fazer exceto lançar seus jogos para o Mega Drive... err, melhor continuar pagando os royalites e obedecendo as regras da Nintendo mesmo.

Exceto por uma empresa, que olhou essa situação e teve a ideia mais brasileira possível! A American Video Entertainment simplesmente saiu lançando cartuchos para o NES sem que a Nintendo visse um único centavo disso apenas because mariolas molhadas.

A essa altura você pode imaginar que era obvio que eles tomariam um processo nas fuças, certo?


Sim, é óbvio. Mas aí é que entra a brasileiragem da AVE: eles não foram processados pela Nintendo porque... ELES PROCESSARAM A NINTENDO PRIMEIRO! AHA!

Eles processaram a Nintendo por monopólio e outras questões legais da legislação antitruste americana. Mais especificamente, eles processaram a Nintendo na quantia de 105 MILHÕES DE DOLARES por causa disso.

Esse número é muito importante, porque a AVE não escolheu 105 milhões de Trumps aleatoriamente. Acontece que, segundo a legislação americana da época, processos acima de 100 milhões de dólares tem várias opções de recursos que quase rivalizam com a justiça brasileira.

E essa é a grande pegadinha aqui: eles não tinham nenhuma esperança de ganhar essa ação contra a Nintendo, o que a AVE queria era apenas protelar uma decisão judicial o máximo que conseguisse e enquanto isso foi vendendo seus joguinhos sem licenciamento!

O que, para grande surpresa de todos os envolvidos, não deu certo e a AVE decretou falência em 1991. No processo de liquidação dos seus bens, uma empresa brasileira aproveitou a oportunidade e adquiriu quase todo seu catalogo de jogos pelo preço de dois Pletz e um lenço umedecido.

Essa empresa era a Milmar, que estava investindo no mercado de games brasileiro onde nenhuma regra de direitos autorais vigorava e a Nintendo era pirateada com direito a anuncio em revista de circulação nacional! 

O grande carro chefe das suas vendas era um hack de Ultimate League Soccer lançado aqui como FUTEBOL (sim, esse era o nome mesmo) que apresentava times brasileiros, eu já falei sobre esse jogo AQUI. Os outros jogos lançados pela Milmar não eram era particularmente complexos, mas surpreendentemente, também não eram de todo ruins.

Falarei hoje sobre dois deles: Krazy Kreatures e Pyramid.



KRAZY KREATURES

E se, veja bem, E SE Candy Crush fosse lançado vinte anos antes, para o Nintendinho?

Não é uma ideia ruim, Candy Crush funciona muito bem como passatempo, e assim o é Krazy Kreatures. Na verdade KK é melhor que CC por dois motivos:

A) Não possui microtransações, e você pode jogar até seu cu cair da bunda
B) Tem modo para dois jogadores!

Sim, essa é a característica mais legal de Krazy Kreatures: você tem que alinhar três peças para elimina-las (que aumenta para quatro e depois cinco nos níveis mais alto), mas dois jogadores podem jogar ao mesmo tempo e isso é tão divertido quanto soa!



O jogo possui o modo cooperativo e competitivo, sendo que a única diferença é que no cooperativo a pontuação de ambos é somada e no competitivo cada um tem seu escore. Mas como o cursor de cada jogador fisicamente bloqueia o do outro, há infinitos níveis de zoeira a serem atingidos no competitivo roubando as peças que o seu oponente deixou preparadas para fazer uma linha de 7 peças (que dão muito mais pontos), ou apenas bloqueando o caminho dele enquanto você está ganhando.


Outra coisa que eu consigo respeitar no jogo é que, ao contrário de praticamente tudo naquela época, Krazy Kreatures não possui história. Nada daquelas desculpas furadas que ninguém sabe dizer para o que foram escritas, é apenas encaixar peças e correr para o abraço.

Ao que se propõe a fazer, é muito divertido!



Ah sim, e de bonus, ao fim de seu 32o nível Krazy Kreatures nos brinda com um dos melhores finais de toda biblioteca do Nintendinho!




PYRAMID

O mesmo não pode ser dito de Pyramid, no entanto. O jogo possui uma história, então é hora de deixar seu Assassin's Creed Origins de lado e aprender sobre a VERDADEIRA história do Egito!


Alias o manual desse jogo é espetacular, eu preciso compartilhar o resto dele:



E agora você pode dizer que já viu Anubis lambendo um cartucho de Nintendinho. Somos todos pessoas melhores graças a isso.

Bem, quanto ao jogo em si, ele é basicamente Tetris só que com formas triangulares conforme pode ser visto na sessão "TONS OF FUN" do manual. E aí você pode estar pensando "não, espera, acho que essas figuras não encaixam tão bem assim...".

E de fato não encaixam mesmo. Pau no seu cu.



Sem mentira, meu recorde foi conseguir eliminar 5 linhas! Não avançar 5 níveis, 5 LINHAS foi o máximo que eu consegui!


O jogo é tão carne de pescoço que ele até te dá uma mecanica de jogar bombas, o que ajuda um pouco mas não o suficiente. Suas bombas acabam logo e para ganhar mais você tem que eliminar 20 linhas no total ou duas ao mesmo tempo... o que eu nunca cheguei nem perto de conseguir.

Talvez Tetris tenha escolhido quadrados por uma razão, sabe?

Mas minha ruindade a parte, ao menos é uma ideia diferente.