terça-feira, 27 de julho de 2021

[NEO GEO/ARCADE] FATAL FURY 3: Road to the Final Victory [#734]


Se tem algo no que a SNK não acredita, é em meio termo. FATAL FURY 2, a sucessão do jogo criado pelo criador do Street Fighter original que foi para a SNK e muito mais uma continuação do primeiro SF que o próprio Street Fighter 2 que foi feito por uma equipe inteiramente diferente, não é tanto uma continuação quanto na verdade um patch de update.

O que quer dizer que FATAL FURY 2 é basicamente o mesmo jogo que FATAL FURY: The King of Fighters com alguns gatos pingados de novos personagens - sendo entre eles uma das personagens que se tornou ícone da série por dois motivos bem obvios:

A SNK ainda lançou um "patch do patch", que é um update de Fatal Fury 2 que atende pelo nome de FATAL FURY SPECIAL. Então seria realmente surpreendente se Fatal Fury 3 fosse apenas outro update do jogo com novos personagens?

Seria algo a ser esperado, exceto que não é. Na verdade, o jogo não é NADA como seus antecessores já que a SNK jogou tudo fora e refez tudo do zero. Gráficos, programação e metade do elenco de personagens foi descartado e eles programaram/desenharam tudo do começo.

Eu gosto dessa tela de seleção de personagens, Virtua Fighter podia aprender algumas lições aqui

Acontece que a esse ponto a SNK estava perdendo muito espaço para os jogos de luta da Capcom nos arcades, e com a chegada iminente de Mortal Kombat 3 eles decidiram que tentar uma nova engine eraaforma de manter seus titulos rolando, e é basicamente isso que Fatal Fury é: meio que uma nova engine de jogos de luta da SNK (sim, eles tem jogos que não são de lutas, poucos mas tem) em que coisas foram testadas.

Então não espere muitas inovações ou gameplay mirabolante, o objetivo aqui era apenas fazer o jogo funcionar e... bem, ele funciona. Bem até, o jogo é mais rápido e com movimentos melhores, lembrando o novo template de jogos de luta rápidos da Capcom como DARKSTALKERS: The Night Warriors e X-MEN CHILDREN OF THE ATOM.

Os novos personagens incluem como os japoneses acham que um brasileiro é, prefeito Hagar genérico  e Androide-18 não licenciada

Isso quer dizer que esse jogo não tem aquele feeling mais paradão e tecnico dos jogos da SNK como ART OF FIGHTING, mas também não é um dos jogos de luta turbo da Capcom. É uma coisa nova, própria, que nos jogos seguintes seria refinado para ser a nova cara dos jogos da SNK daqui pra frente. Mas por hora o jogo meio que se contenta em funcionar e meio que é isso.

Recapitulando, a série Fatal Fury conta a história do mega empresário/Rei do Crime Geese Howard, que em sua escalada de poder para controlar a cidade de South Town sabia que existia apenas um adversário em seu caminho: seu amigo desde os dias de treinamento, Jeff Bogard. Ele propos a Jeff que se juntasse a ele em sua escalada de poder criminosa, porém a intregridade de Jeff o fez recusar a proposta de modo que Geese matou seu antigo amigo.

Fisicas de balanço atualizadas, um dos upgrades dessa versão

Dez anos depois, os filhos de Jeff - os irmãos Terry e Andy Bogard - entram no torneio que Geese organiza anualmente (pq é algo que vilões de jogos de luta são contratualmente obrigados a fazer) para se vingar de Geese pela morte de seu pai, com ajuda de seu best buddy amigão Joe Higashi.

Como você pode imaginar, o bem vence o mal e espanta o temporal, e temos a nossa boa e velha vingaaaaaaaaaança:

No segundo jogo da série, como eu disse é só um patch 1.5 na verdade, nada muito interessante acontece senão que o meio-irmão de Geese Howard decide assumir o vacuo de poder do irmão e organiza um novo torneio. Podemos pular então para o terceiro jogo da série, que é onde estamos agora.

Dois anos após derrotar Geese Howard, Terry Bogart saiu pelo mundo para conhecer novas pessoas para socar como é a vida de protagonistas de jogos de luta. Qual não sua surpresa ao voltar a South Town para se reunir com a galere apenas para ouvir rumores que Geese estaria vivo. Não apenas isso, mas apareceram dois chineses full pistola descendo a porrada em todo mundo em busca de uns scrolls mágicos que supostamente concedem imortalidade que foram roubados dos quais eles são guardiões - tudo que eles sabem é que ALGUÉM em South Town está com os scrolls e é secretamente imortal.

Hmm, me pergunto se essas duas coisas tem alguma relação... nah, provavelmente não.

Seja como for, Fatal Fury 3 faz um revamp não apenas da engine do jogo e dos gráficos, mas sim do elenco de lutadores. Apenas os 5 lutadores com os quais as pessoas se importavam são mantidos para esse jogo, e criados 5 novos para ver se emplacavam. O que foi uma decisão muito feliz, cortar a gordura dos personagens que absolutamente ninguém ligava pra eles sempre é uma boa coisa.

A coisa não tão boa é que, tal qual foi com Fatal Fury 2, os conceitos dos personagens não são a coisa mais inspirada do mundo. Eles são definidos apenas por uma linha, e seus finais não expandem muito mais que isso realmente (e por muito mais que isso eu quero dizer nada). Na verdade desses personagens apenas Blue Mary se tornou relevante na série, sendo até hoje um dos icones de The King of Fighters - porém ela seria expandida mais pra frente, não agora.

Aquele momento constrangedor que você acha que matou o cara, para encontrar ele de pijama na sauna

Sabe, essa falta de cuidado, essa falta de carinho com os personagens é algo que eu sempre achei o ponto fraco dos jogos da SNK e o motivo pelo qual seus jogos nunca foram tão populares quanto os da Capcom. Pq enquanto os aspectos tecnicos dos jogos são debativeis, o jogo da SNK se encaixam no mesmo nicho de Virtua Fighter que são populares com o fandom disposto a dedicar horas e horas a masterizar a mecanica do jogo e que se importa pouco com o feeling da experiencia geral. Para o apreciador casual, os valores são invertidos.

Essa coisa de não investir muito nos personagens sempre foi o grande turn-off dessa série pra mim... bem, e isso e a maioria dos jogos ser exclusiva do Neo Geo (versões para Saturn e Playstation nunca terem sido lançados fora do Japão) também tornaram os jogos da SNK pouco acessiveis, mas eu diria que isso dos personagens é o principal problema.

Bob Wilson é o representante brasileiro do jogo, aqui usando a tecnica brasileira mais poderosa: o tiozão "peraí que eu to levantando"

Tanto que a própria SNK parece ter entendido isso, pq até onde eu entendi essa questão será adereçada nas próximas rendições da série. Vamos ver. 

E se no aspecto positivo o jogo não oferece muito mais do que vc já poderia esperar, no negativo existem problemas. Em primeiro lugar, temos a questão da dificuldade que se compararmos com outras versões... é bem pouco jogavel mesmo para os padrões de arcades. É verdade que o Neo Geo é praticamente um arcade em termos de hardware, e arcades foram pensados para arrancar dinheiro. Mas isso não funciona em um console doméstico, a dificuldade aqui chega a um extremo que é dificil vencer até mesmo o primeiro oponente no modo de história.

Nós vamos discutir pq tem uma roupa de sacertiza Miko no saco de areia? Não? Okay...

Outro problema é que, como eu disse, a SNK estava testando uma nova engine e isso resulta em jogo com alguns problemas tecnicos no controle do personagem e ineficácia em seus ataques, destacando-se neste sentido principalmente com Geese Howard e Andy Bogart. 

De qualquer jeito, Fatal Fury 3 é um jogo funcional para um jogo de luta de segundo escalão. Não se destaca em carisma ou mecanicamente, mas... bem, eu não tenho muita certeza de onde a SNK queria chegar, mas o jogo meio que está lá. 

Bem, ele de fato está lá. De todos os jogos já feitos, definitivamente Fatal Fury 3 é um deles.

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