sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

[#783][SNES/MD] DRAGON: The Bruce Lee Story [Julho de 1995]

Existe um ditado muito famoso que diz "Da onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada". E se tem algo que eu definitivamente não espero nada é justamente de uma cinebiografia do Bruce Lee de 1993. Não que a história do artista marcial mais famoso de todos os tempos não seja interessante, mas um filme explorando a morte até hoje inexplicada dele não é minha noção de diversão.

Mas então algo realmente inesperado aconteceu: eis que esse filme é realmente bom, ele é bom porque a direção dele teve uma sacada muito, muito inteligente. Esta sendo que "The Bruce Lee Story" não é realmente um documentário sobre o Bruce Lee e sim que ele é um filme baseado na vida do Bruce Lee.

PARECE A MESMA COISA PRA MIM

Parece, mas são propostas totalmente diferentes. Não quer dizer apenas que o filme não é totalmente acurado com a vida real, mas que ele é produzido como um filme. Isso significa que ele na verdade é um filme de kung fu e um drama com todos os clichés e recursos narrativos que vc pode esperar desse genero de filme.

Então quando tem uma briga, ela não é uma briga baseada na vida real e sim uma briga full wushia style com wire fu, uso mirabolante do cenário, inimigos fazendo coisas vilanescamente vilanescas, tretas da vida real sendo resolvidas através de "duelos" e todo esse tipo de coreografia que você conhece de filmes do genero mas que não fazem sentido na vida real.


De igual modo, a história de um imigrante chinês tentando a vida na América racista dos anos 60 (não que hoje não seja, mas naquela época puta que o pariu amigo) já é bastante dramática por si só, mas para teatrificar isso o filme cria personagens, situações e dramas que não aconteceram na vida real mas que são ferramentas narrativas de filmes do genero.

E ajuda muito a execução que a atuação de Jason Scott Lee (sem parentesco) capture bem a essencia do personagem. Veja, a coisa não é apenas que Bruce Lee seja um grande mestre de meter a escatapimba em filmes - quer dizer, isso ele é, mas outros foram antes dele e outros viriam a ser também. O que torna ele realmente único é que Bruce Lee como ator é que ele é uma mistura de filosofia (com efeito, ele é formado em filosofia) com um carisma poucas vezes vista na história do cinema.



Você consegue sentir que ele está no controle de cada fibra do seu corpo (o que é o objetivo final das artes marciais, afinal), e ele transmite esse controle e segurança em sua atuação, é um efeito bastante único na tela e de certa forma hipnótico. É por isso que Bruce Lee é único, e eu acho que a atuação de Jason Scott Lee captura bem algo tão dificil.

Então o que temos aqui é um filme sobre um personagem interessante (bem atuado), com cenas de luta bem coreografadas e dramas bem construídos. É um filme interessante e bem feito, especialmente considerando que é um filme do qual eu não esperava absolutamente nada - quem diria, huh? Mas será que essa sorte se estenderá até a inevitável adaptação para videogames na época?

Nah.

É realmente impressionante que Jason Scott Lee realmente não tenha formação marcial, pq em nenhum momento parece que ele não sabe fazer os paranaues na vida real. Kudos para a atuação e também para a edição do filme.

DTBLS não é um jogo catastrófico, mas tamtém passa muito longe de ser bom. Ele é basicamente um jogo de luta decentemente feito... onde você joga com apenas um lutador e não tem golpes especiais. Isso quer dizer que a velocidade, hit detection e resposta dos controles são totalmente okay para a época - não espetaculares, mas okay - só que ao preço que tanto você só pode jogar com o Bruce Lee como ele só tem golpes básicos como voadoras e chutes. Uma vez que outra você consegue fazer um "movimento especial" como o pulão com pisada em inimigos caídos, mas não é muita coisa também não.

O jogo até tenta inovar tendo um sistema de Chi que enche mais devagar e causa menos dano se você repete os mesmos movimentos - numa tentativa de reproduzir a fluídez do Jet Kune Do. Porém é bem pouca diferença que se pode notar o chi, exceto que você ganha um nunchaku quanto a barra enche.


ESPERA, AÍ TU ESTÁ SENDO HIPOCRITA. NO DOUBLE DRAGON 5: The Shadow Falls TU FALOU QUE O JOGO ERA RUIM PORQUE ERA BASICAMENTE SÓ GOLPES BÁSICOS - VOADORA E SOCO. PORQUE ESSE É "OKAY" SE ELE FAZ A MESMA COISA?

Porque, meu cético Jorge, esse jogo faz sim uma coisa especial que nenhum outro jogo de luta faz. Duas, na verdade. A primeira é que esse é um jogo de luta para até três jogadores. Sim três, você pode meter um multitap no seu SNES/Mega Drive e três caboclos podem se faroestear caboclamente e isso é uma zorra desgraçada - ou seja, muito divertido para jogar com a galere.


A segunda, e mais interessante pra mim, é que esse é o único jogo de luta que eu conheço que é um jogo de luta cooperativo. Sim, vc e um truta podem se juntar pra jogar um fighting game 2x1, o que é bastante divertido e eu não entendo pq ninguém mais faz isso. Que eu lembre, tem só um modo de jogo secreto em Street Fighter Alpha 2 para PS1, mas é só uma luta e é um modo secreto ainda.


Então kudos onde kudos são devidos, essa ideia de fazer um jogo de luta coop conseguiu transformar um jogo de luta que seria apenas mediocre em algo que pode ser interessante se você tiver ao menos um broder para broderar a broderagem. Seria mais legal ainda ter essa opção em um jogo já divertido e bom originalmente? Seria. Mas é o que a casa oferece, e na vida devemos nos adaptar ao que é possível ter. Ser como a água, meu amigo.

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