quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

[#782][SNES] CASTLEVANIA: Dracula X [Julho de 1995]

E esse Dracula husbando, meu?

Eis aqui outro jogo interessante que eu desejava conhecer a bastante tempo, e agora chegou a hora. Isso porque Castlevania: Symphony of the Night não é apenas  um dos melhores jogos de todos os tempos, como é um jogo tão importante que deu nome ao seu genero. "Metroidvania" tem esse nome em parte por causa de SUPER METROID e outra metade por conta desse Castlevania. 

Na Europa o jogo não pode usar o nome do Dracula porque pode causar gatilhos já que o conde Tepes em quem o personagem é inspirado realmente existiu por ali, então se chama... Vampire Kiss. Pois é.

Mas isso todo mundo sabe, não é por causa desse jogo que estamos aqui (ainda) e sim porque SotN é um sequencia direta de um jogo para PC Engine chamado "Castlevania: Rondo of Blood". Sim, "Rondo" e não "Round" pq o jogo foi traduzido no engrish mesmo e foda-se.

HÃ, VOCÊ SABE QUE "RONDO" É O NOME DE ESTILO MUSICAL, QUE É COMO OS JOGOS DE CASTLEVANIA SEMPRE SÃO TITULADOS (SYMPHONY, ARIA, LAMMENT, ETC), NÉ?

Eu me reservo o direito de nunca saber nada, obrigaod. Bem, o jogo de PC Engine de 1993 nunca foi coberto por nenhuma revista pq, bem, PC Engine né? Foda-se o PC Engine (mas que vendeu mais que o Mega Drive no Japão, apenas comentando aleatoriamente).

No Japão o jogo se chama "Akumajou Dracula XX", com cruzes estilizadas como X. "Akumajou" significa literalmente "O Castelo do Demonio", mas o curioso da contracapa desse jogo (a capa é igual a versão europeia) é que o Dracula aqui é menos anime que na versão americana. Vai entender...

Mas aí em 1995 foi feito um remake desse jogo para SNES (não é o mesmo jogo, o level design e os chefes foram mudados, mas os assets e as mecanicas mantidas) e é aqui que nos encontramos hoje.


A história do jogo não é nada ganhador de um prêmio Hugo de literatura: na Transilvânia da Idade Média, entre pirogues e ciganos um mal maligno que odeia o bem apareceu mais uma vez. Centenas de anos se passaram desde a época de Simon Belmont, o herói lendário (dos jogos anteriores) que despachou o Conde Drácula desse mundo.

Agora, mais uma vez, a maldade nos corações de alguns homens ressuscitou o Lorde das Trevas do mal, o Conde Drácula. Que, sendo a encarnação do mal e tudo mais, não pode apenas deixar de boas e vingança contra o descendente da linhagem Belmont que o matou da primeira, ou seja a bomba caiu no colo de Richter Belmont.

Para atrair Richter para o Castelo do Demônio, ele liderou seus novos servos em um ataque à cidade, sequestrando a amada de Richter, Annet, e sua irmã mais nova, Maria. Ou seja, história básica de videogame. Então porque eu estou contando ela? Ora, porque o confronto final entre Richter e Dracula foi recontado alguns anos depois em SotN, e é apenas o melhor dialogo da história dos videogames. Sério, o  mundo se divide entre anos e depois dessa cena:


Isso, senhores, é arte em seu estado mais puro. Mas chega de conversa, vamos a você! *arremessa uma taça de vinho longe*

A primeira coisa a ser entendida sobre esse jogo, é que o Rondo of Blood original é um jogo de PC Engine e o PC Engine, saiba você, é um console de 8 bits contemporaneo do Nintendinho. É muito importante ter isso em mente, porque frequentemente esse jogo é comparado com SUPER CASTLEVANIA IV e em uma comparação direta, parece um downgrade em level design, gameplay e opções de ataques. Bem, claro que parece um downgrade, é um jogo de um console da geração passada!

Então tenha isso em mente quando fizer a comparação, esse é basicamente um jogo de Nintendinho com aditivos. Embora seja dificil apontar isso inicialmente, porque graficamente esse jogo é lindo. Com efeito, eu diria que é um dos jogos mais bonitos da Konami para o Super Nintendo - se não o mais bonito.

E essa cidade pegando fogo (bicho) enquanto o capiroto te persegue, meu?

Como testamento do quão bonito esse jogo, e do quão bem animado ele é, basta dizer que muitos dos sprites de animação dos inimigos e até do Richter foram simplesmente transpostos diretamente para o jogo de PS1 anos depois. E ficou natural no PS1, não pareceu defasado. Então dá pra dizer que esse é um jogo de SNES 2D com gráficos dignos de PS1, isso é o quão bonito e bem animado ele é.

A trilha sonora é outro fator que arregaça nesse jogo. Junto com Mega Man, Castlevania sempre teve a melhor trilha sonora dos videogames até então. Só que aqui toda a trilha sonora ganhou arranjos mais upbeats, mais arcade-ish, dando um rush de adrenalina em que cada fase tem uma música melhor que a outra. Sério, dar chicotadas em zumbis com esse arranjo de Blood Tears é OTO PATAMÁ! 


A trilha sonora sozinha consegue fazer você sentir a coisa da qual as criaturas da noite tem medo, é hora de caçar alguns monstros. Sério, eu não tenho palavras para descrever o quanto eu gosto da trilha sonora de Castlevania, e essas versões para Dracula X estão do balacobaco. Então do ponto de vista tecnico, esse remake é perfeito e a Konami tirou tudo que podia tirar do Super Nintendo.

10/10 enquanto remake. O que não ajuda tanto assim, entretanto, é o material original.

Sério, a quantidade de coisas se mexendo na tela background sem dar slowdown no Super Nintendo é algo é um fodendo feito da Konami

Pra começar, a coisa que imediatamente chama atenção nesse jogo é o quanto o salto desse jogo é... duro. É dificil explicar sem jogar, mas o salto dele parece travado, como é que eu vou explicar isso... ah, já sei! Sabe em um jogo de plataforma que trabalha com inércia em que se você pegar distancia correndo o personagem pula mais longe e se você saltar parado o personagem dá um salto lento e curto?

Pois bem, nesse jogo aqui não tem a opção de "pegar distancia e correr", seu salto é SEMPRE o salto lento e curto e isso faz o personagem parecer que tem 856 quilos. Sim, eu sei que no Nintendinho a jogabilidade era duranga assim também, mas é muito dificil retroceder um passo depois de jogar SUPER CASTLEVANIA IV e CASTLEVANIA: BLOODLINES. Vc pode até se acostumar, mas não dá pra dizer que fica realmente confortável em momentos de maior exigencia dos controles.


O que nos leva a questão que Dracula X é dificil, mas até aí Castlevania sempre foi dificil. Só que aqui ele não é o bom tipo de dificil: ele é mais BATTLETOADS que Dark Souls, vamos dizer assim. Além da sua barra de HP secar com bem menos hits, o tempo de invulnerabilidade pós-hit nesse jogo é ridiculamente curto. Some a  isso a jogabilidade duranga e não é raro sua vida ser drenada em segundos. Literalmente.


E eu não preciso nem falar sobre o posicionamento de inimigos. Inimigos com alcance bem maior que o seu e com invulnerabilidade aos seus golpes em 90% do corpo, diga-se de passagem. Quer dizer, sério, olha um negócio desses:


Sério, em especial esse lanceiro roxo eu não tenho palavras para COMEÇAR a descrever o quanto eu odeio eles, e para adicionar ofensa a injuria é claro que o inimigo com alcance maior que o seu e que reflete os seus golpes é o inimigo mais recorrente do jogo inteiro. É claro que ele é, como não poderia ser, né?


Sério, você não é fisicamente capaz de compreender o quanto eu odeio esses caras... A unica coisa que eu odeio mais do que esses caras, na verdade, é a luta contra o Dracula. Isso porque não existe níveis de sulcoreanices o suficiente que te façam ter capacidade de fazer essas coisa, eu juro pra vcs!

Qual o problema dessa luta? Muito simples, se o Dracula te acertar UM hit vc cai num buraco e morre. Simples assim. Então prepare-se pra uma luta de uns VINTE MINUTOS que vc não pode ser acertado UMA vez. Eu não estou zoando, eu contei no relógio, e a vida desse lamacento desce mais devagar que a minha pressão arterial depois de jogar esse jogo!


VINTE MINUTOS SEM PODER LEVAR UM HIT! AH VAI A MERDA PORRAAAAAAA

Esse jogo não apenas tem a estrutura de um jogo de Nintendinho, ele é absurdamente Nintendo-hard, uma reliquia dos tempos em que os jogos tinham 20 minutos de duração e tinham que arrancar seu couro com a dificuldade para eles parecerem maiores. 

E isso torna o jogo bem, beeeeem menos divertido de se jogar - o que definitivamente é uma pena, pq a apresentação visual e musical do jogo são espetaculares, apenas que ele é um jogo de Nintendinho vestido como um jogo de SNES. Ele é jogavel e tudo mais, mas então ele faz você entender pq não se fazem mais jogos de Nintendinho.

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