quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

[#801][ARC] SAVAGE REIGN [Junho de 1995]

Reign, rain, pour... sacaram, hã? Hã? Hã? ... sério SNK, não tente ser engraçada, não é o seu forté

Okay, isso é estranho. Não bastasse recentemente eu descobrir um jogo de luta da Capcom que eu nunca tinha ouvido falar (CYBERBOTS FULLMETAL MADNESS), agora um da SNK? Tá, tudo bem que eu não sou o maior expert em jogos da SNK ever, mas ao menos eu tenho uma noção das peças que compõe o seu império de jogos de luta. Além disso, na metade de 95 eles já estavam com o prato cheio com jogos de luta no arcade com THE KING OF FIGHTERS 95 e FATAL FURY 3: Road to the Final Victory.

Então qual o ponto de tentar emplacar uma franquia nova? Bem, isso eu sei responder: veja, a SNK já tem uma série que se passa no século 18 (SAMURAI SHODOWN), tem uma série que se passa nos anos 80 (ART OF FIGHTING), uma série que se passa nos 90 (FATAL FURY)... faltava então uma série que se passa no século 21! Obvio! É um motivo totalmente válido para fazer um jogo, preencher o slot de jogo de luta da década... né?

Bem, seja como for, o visual do jogo não parece muuuito futurista, então é justo assumir que o jogo se passa apenas nos anos 2000 e não é o SNKpunk 2077. Mas falando sério agora, qual é exatamente o proposito da SNK ao fazer esse jogo? Vamos ligar a bagaça e ver qual é a do jogo...

Okay, parece promissor: Fuun-Ken é uma novo estilo de arte marcial e parece ser o tema desse jogo. Me fale mais sobre isso.


... é o que, meu amigo? Bumerangue com karate? É sério isso?


É, definitivamente não é sério. Não tem como ser sério quando o mestre do bumerangue-fu enfrenta o Rei Leão. E esse é meio que o ponto do jogo, essa é a tentativa da SNK de ser engraçada e fazer um jogo de luta mais leve ao estilo POWER INSTINCT (aqueeeeele jogo da Atlus da velhinha beijoqueira). Okay, a intenção é válida, mas tem um problema: a SNK não é a Atlus. 

A Atlus, todo mundo devia saber a esse ponto, fez uma carreira de mais de trinta anos sendo estranha e sabe como fazer os paranaue. A SNK... teve que fazer um concurso externo para conseguir fazer personagens mais fora da sua zona de conforto para THE KING OF FIGHTERS.

Isso não quer dizer que o jogo não tenha momentos "DAFUQ saporra, man", como esse cenário...


... que tem UM PUNK ORDENHANDO UM HIPOPOTAMO! Não, sério, eu nunca achei que usaria as palavras "um punk ordenhando um hipopotamo" nesse blog... ou em qualquer momento da vida... enquanto um ginasta ritmica luta contra um palhaço de patins. Yeah, tenho que admitir que isso é realmente estranho - de um modo bom.

Infelizmente o jogo não é consistentemente estranho, na maior parte ele é apenas... um jogo da SNK.


Não é ruim, é até bem bonito na verdade, só não é particularmente especial em nada. Reinado Selvagem não é muito selvagem realmente, é o típico jogo de luta "vou tentar pra ver se cola" dos anos 90. O elenco de Savage Reign definitivamente tenta ser o que você chamaria de obscuro, excêntrico e estranho, mas não o suficiente para ser memorável - os personagens estranhos tentam, mas não conseguem realmente trazer à tona o tema e simplesmente não têm o apelo de outros lutadores por aí.

Com efeito, talvez a coisa pela qual SR seja mais lembrado é que ele tenta ser um "greatest hits" dos jogos de luta da época: Savage Reign é um daqueles jogos que tenta demais ser legal juntando elementos aparentemente diferentes de tantos lugares diferentes quanto possível. 

Na luta de hoje: ginasta ritmica contra policial do Village People fora de forma

Ei, os sprites grandes e coloridos de Savage Reign e os closes de camera lembram ART OF FIGHTING só que melhorados (afinal esse é um jogo três anos mais velho)! Ei, tem combate baseado em armas como SAMURAI SHODOWN! E troca de planos como em FATAL FURY (só que melhor aqui também)! Exceto que cada estágio é diferente e, ocasionalmente, você pode usar elementos do cenário para causar dano como WORLD HEROES! Só que o jogo tenta ser mais rápido, como nos jogos da Capcom tipo DARKSTALKERS: The Night Warriors! E ainda tem um elenco de personagens estranhos e malucos, como POWER INSTINCT

... ou foi isso que a SNK pensou, pelo menos. Veja, no papel juntar tudo isso faria o melhor jogo de luta do mundo, mas a soma das partes não é necessariamente igual ao todo e aqui é muito mais sobre tentar identificar da onde veio cada parte do que sentir que eles fluem juntos para formar um todo coerente.


E isso não é suficiente, mesmo para a SNK. Nos anos 90 os fliperamas estavam abarrotados de jogos de luta em que cada empresa tentava acertar o seu próprio Street Fighter 2 e embora eles tenham de fato tido muito sucesso nisso criando uma série de franquias que ocupou a atenção nos fliperamas pau a pau com os da Capcom, não quer dizer que também não teve tentativas da SNK que apenas não emplacaram como WORLD HEROES ... e esse jogo.

Ah, bem, pelo menos Savage Reign controla bem. Os botões A e B são usados ​​para socos e chutes, respectivamente, e o botão C ataca com a arma do seu personagem, quanto D troca de plano. Alguns personagens podem arremessar suas armas apertando A e B simultaneamente... e isso é a coisa que realmente me incomodou nesse jogo. Muitos personagens usam golpes que envolvem fazer um comando no direcional mais dois botões. Okay, talvez não faça muita diferença no arcade, mas no joystick é desconfortável e imprático ter que fazer hadouken com dois botões. 



A mecanica de trocar de plano, como eu disse tirada de Fatal Fury, também não acrescenta muita coisa ao jogo realmente. Embora essa mecânica fosse curiosa quando foi introduzida pela primeira vez em Fatal Fury, no final das contas era apenas um gimmick que pouco acrescentava à experiência - tanto que sua importância foi abandonada pela própria SNK nos jogos de Fatal Fury, então é meio estranho terem trazido isso de volta em SR como "mecanica definidora".

Mas como eu disse, pelo menos o jogo respondem bem, os controles são reconhecidos com tranquilidade e a hit detection é boa, fazendo de Savage Reign um jogo de luta tecnicamente sólido. Só a falta geral de um diferencial de todas as outras dezenas de jogos de luta que disputavam espaço nos arcades, combinada com a falta de personagens memoráveis e música esquecível fazem desse um dos menores títulos da SNK. Ainda é melhor que WORLD HEROES, mas também não precisa muito pra isso né.

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