sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

[#802][NEO] GALAXY FIGHT: Universal Warriors [Janeiro de 1995]


"Já chegou ano novo
Natal ficou pra trás
E esta noite começa
Um ano mais"

2020 foi, creio que todos podem concordar comigo nisso, o pior ano da história da humanidade nos últimos 80 anos. Isso sendo dito, 2021 tem o grande mérito... de não ser 2020. Não tá tudo 100% ainda, mas as coisas estão se ajeitando para voltar ao normal.

Isso sendo dito, suponho que tenha sido tematicamente apropriado encerrar 2020 nesse blog com uma atrocidade, uma abominação, um crime contra os videogames: um jogo feito pela Ocean que é nada senão escort mission. Oh, eu ainda sinto a imundice de EEK THE CAT em minhas entranhas, não acho que um dia realmente me sentirei limpo novamente.

Na luta de hoje: Felicia do Homem Pobre vs Punk de anime dos anos 80

2021, não sendo essa catastrofe termonuclear que seu predecessor foi, suponho que mereça encerrar com uma nota menos ruim. Não me entenda errado: Galaxy Fight não é nem de perto um jogo bom, mas não é o crime que foi EEK THE CAT - assim como 2021 não foi bom BOOOOOOM, mas também não foi a atrocidade que foi 2020.

Eu vou começar confessando pra vocês que a esse ponto das coisas, já desisti de contabilizar quais empresas ainda faltam tentar a sorte de emplacar o "seu jogo de luta que vai bombar" porque meio que todo mundo tentou a sorte a essa altura e quem não tentou entrar nessa modinha ainda vai entrar, e Galaxy Fight é a tentativa da Sunsoft de fazer um arcade de luta pra abalar a boca do balão.

Mais cocotinhas se pegando just because

Aí você perguntar o que caralhas a Sunsoft entende de fazer jogos de luta quando eles sequer acertaram qualquer coisa na vida após os dias do Nintendinho - seu último jogo realmente bons foram os jogos do BATMAN e dos GREMLINS lá nos idos de 1991 ainda (ou seja, mais de QUATRO ANOS de onde estamos agora) - e a resposta é... bem, não.

A primeira coisa que você vai notar sobre esse jogo é que, bem, Galaxy Fight parece um pouco confuso a respeito de que tipo de jogo ele quer ser. Isso porque o elenco do jogo é completamente aleatório ao ponto que é ridículo, mas eu não tenho certeza se é ridiculo por uma escolha de design dos produtores ou porque eles realmente não tinham ideia do que estava fazendo.


Sério, o elenco dos personagens incluí um clone do SHINOBI, uma alien que parece a Felicia de DARKSTALKERS: The Night Warriors, um homem lagarto tribal, um clone de baixo orçamento do CAPTAIN COMMANDO, uma punk pós apocaliptica que parece saída de um anime dos anos 80 e... um cafetão dos anos 70. Não, sério, um dos personagens é um mano gangsta. Ah, tem também um personagem que é o coelho vorpal do Monty Python. 

E eu não to de sacanagem com vocês.

Nunca se tem uma granada santa de mão quando se precisa dela

Então com um cast desses você pode pensar que esse seria um jogo engraçadalho com golpes mirabolantes ao estilo CLAYFIGHTER, certo? Então, essa é a parte que o jogo não sabe que tipo de jogo ele quer ser, porque na hora de lutar mesmo o jogo se leva a completamente a sério.

Isso não seria muito um problema se a Sunsoft fosse boa na parte "séria", mas... minha nossa senhora da querupita transcendental, sem mentira pra vocês eu me senti jogando um jogo de luta de 1991 de tão básicos que são os golpes desse jogo. Existem basicamente três golpes nesse jogo: hadouken, shouryuken e algum tipo de rolinho giratório como o do Blanka, e é isso o jogo. Pense no jogo de luta mais básico do básico que você conseguir imaginar e esses serão os golpes de GF.



Mais importante que isso, não existem ataques especiais, desperation moves, fatalities nem nada que dê um tchan a mais - o que faz esse jogo parecer mais ainda um dos primeiros jogos de luta. Pra não dizer que a Sunsoft não tentou NADA de novo, esse é um jogo de luta que não tem cantos. Isso quer dizer que os personagens podem ir infinitamente para a direita ou para a esquerda, não existe um "canto" que limite a luta.

Eu suponho que não preciso dizer a vocês que fazer um jogo de luta onde os personagens podem fugir infinitamente não é a escolha mais feliz já realizada em um jogo de luta...



Porém se os golpes especiais parecem um ripof fraco de STREET FIGHTER 2 lançado ainda em 1991, os cenários conseguem ser de alguma forma inferiores a isso sendo completamente vazios e desprovidos de elementos. A sensação de estar jogando o beta de um jogo que não está pronto é bastante grande.

Então os golpes são bem bleh, os cenários são fracos (exceto o do último chefe que não é só fraco, ele também atrapalha a luta porque não dá pra ver o chão e vc perde a referencia para pular), a jogabilidade é estranha (no sentido que os controles não respondem com a precisão que vc poderia esperar, um sinal da Sunsoft não ter experiencia com jogos de luta)... o que falta nesse jogo? 

De todas as coisas que eu poderia esperar encontrar em um jogo espacial futurista... esse mano das quebrada não estava entre elas

O que mais? Simples: jogar contra a máquina é impossível porque esse jogo tem a IA mais irritantemente barata desde ART OF FIGHTING 2. E tal qual em MORTAL KOMBAT 2, o jogo rouba de você no sentido que reage ao que você digita nos comandos antes que o seu personagem na tela os execute - então a máquina "prevê" seus movimentos e vencer uma luta não é nada senão uma profissão de fé. 

Com efeito, a forma mais comum de vencer uma luta contra a máquina é acertar alguns golpes e então ficar fugindo e defendendo até o tempo acabar. Por favor me diga se em algum metaverso concebível isso parece remotamente divertido pra você.

Como um jogo para dois jogadores, porém, não é de todo ruim - só é essencialmente sem graça. O elenco completamente random de personagens é interessante (eu não acho que exista outro jogo no mundo onde um gangsta enfrente o coelho vorpal), mas o jogo não faz absolutamente nada interessante com eles. Nada que já não se fizesse melhor quatro anos antes.

Minha nossa senhora da gordura hidrogenada, esse é o cenário que mais atrapalha que eu já vi em um jogo de luta onde os cenários nem deveriam ser um fator na equação

Dizem que a Sunsoft usou as lições que aprendeu para usar no seu próximo jogo de luta, Waku Waku 7, que tem um elenco mais maluco ainda só que com jogabilidade boa dessa vez. Se isso é verdade ou não, é algo que permanece a ser visto - quem sabem em 2022.

Nos vemos lá!

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