segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

[#1227][Jun/98] SUPER ADVENTURE ROCKMAN

Sabe uma coisa que eu nunca entendi sobre o nosso querido bombardeiro azul mesmo após dezenas de jogos e quase 7 anos de blog? Pq diabos Rockman se escreve junto mas Mega Man é separado? Quem souber, cartas para redação.

Nossa história começa numa terça-feira modorrenta de 1998, como bem cabem as terças-feiras de 1998, onde Peter CAP e John COM estavam no escritório da Capcom contando suas pilhas de dinheiro e brincando de tentar não serem soterrados por elas. Eis que de repente, não mais que de repente, a porta se abre de supetão e um individuo misterioso de sobretudo e chapéu cobrindo o rosto anuncia com uma voz rasgada: "E aí jovens, tão afim de uma oportunidade diferenciada?".

Na inocencia pueril de sua juventude, Peter CAP e John COM então foram seduzidos por estas palavras ardilosas e responderam:


E foi assim que esse jogo nasceu.

VOCÊ ESTÁ APENAS INVENTANDO ISSO

Sim, estou. Mas não tanto, pq não existe muita razão para esse jogo existir pq senão a Capcom metendo o foda-se e licenciando o Mega Homem para quem pagasse 2 Toblerones e um refrigerante Pepita. E sejamos honestos, não seria a primeira vez que eles fazem isso com nosso menino ciano, né não MEGA MAN SOCCER?

Seja como for, nessa altura de 1998 os joguinhos tipo “filmes interativos” - popular FMV para os intimos - eram um gênero que jazia morto e enterrado junto com o Sega CD e o 3DO e que a esse ponto raramente existia fora de uns titulos bem aleatórios para PC. Ninguém sabe exatamente por que a Capcom deu luz verde para um genero defunto ser tentado com o nome do Mega Man, embora a razão mais provavel é mesmo que alguém deu uma grana pra isso e eles apenas disseram "heh, foda-se". 

E esse alguém seria a Kouyousha, conhecida por... hmm, nada que você já tenha jogado, eu tenho certeza. Eles quebraram um ajudando tercerizados com ilustrações de background e mapas de GRANDIA, mas deles mesmo nada digno de nota. E honestamente, mal esse próprio jogo entra nessa conta, pq o líder do projeto abandonou o navio repentinamente perto da conclusão, fugindo de um navio afundando como um rato sentindo uma tempestade se aproximando. Essas palavras nem são minhas alias, e sim do próprio criador do Mega Menino, Keiji Inafune, que assumiu a bomba apenas para terminar o jogo a Capcom conseguir fazer algum dinheiro disso.

Inafune, entretanto, não tem palavras elogiosas a respeito desse projeto e no que lhe concerne é um capitulo da história do Mega Man que deviamos todos apenas fingir que nunca aconteceu. Com efeito, no livro "Mega Man Complete Works" lançado em 2010 contando toda história do bombardeiro, Inafune se desculpou pela existencia desse jogo mas não tanto pela qualidade do mesmo como pelo tom do jogo.


Então a pergunta que cabe fazer é: seria esse o lendário jogo darqui e trevosão do Mega Man? Bem, sim. E não. Isso pq de certa forma, sim, esse é o jogo mais pesado do bombardeiro azul graficamente com humanos sendo mortos por robos (embora não explicitamente na tela)...


... e em seus bad endings, cenas mais pesadas ainda como a adoravel imouto no nosso herói, a menina Roll morrendo de CANCER ROBO! CANCER ROBO, EU TE DIGO!


TÁ, PEGUEI A IDEIA DE COISA, MAS HONESTAMENTE NÃO PARECE TÃO PESADO ASS...

E então Mega Man é executado com um tiro na cara!

ESPERA, O QUE?!

Doido, hã?


Tem também uma cena que Quickman se sacrifica para salvar nosso herói, levando um shuriken do Shadowman nas costas e morrendo dramaticamente nos braços do Mega Man, inclusive sendo enterrado por ele e tudo mais depois que o bombardeiro azul se vinga violentamente da sua morte.

Então, é, eu entendo o que Inafune quis dizer com esse jogo não seguir o tom leve do nosso menino sapecote azul, mas então tenho que dizer que não é a pior coisa que eu já vi fazerem com o Mega Man. Quer dizer, eu preciso mesmo lembrar que ISSO acontece em MEGA MAN 7?




Heh... então vá lá, é esquisito, mas não é uma coisa que particularmente me incomodou. E, para ser bem sincero, pouca coisa nesse "jogo" realmente me incomodou, ele pode ser esquecível em partes, mas é okay se você o ver como um OVA dos anos 90 - até pq é esse o formato que o jogo se apresenta, cada um dos três discos tendo abertura e encerramento.

E apesar do som do jogo parecer ter sido gravado através da bunda de alguém (sério, a qualidade do som é muito pior do que vimos em MEGA MAN 8: Anniversary Collector's Edition), eu não posso dizer que me incomodo em viver em um mundo que Eletrical Communication é a música de abertura de Mega Man:


Achou que eu tava brincando quando disse que o som parece ter sido gravado através da bunda? Parece que alguém pegou uma fita cassete velha e usou ela para o som desse jogo... alias os gráficos não são muito melhores, como dá pra ver pelo video acima a animação é anos-luz abaixo do que vimos nas cutscenes do já citado MEGA MAN 8: Anniversary Collector's Edition


Acho que não precisa ser um grande Xerox Rolmes para perceber que o orçamento desse jogo não foi lá essas magavias todas né, mas ao menos o jogo mantém o traço fiel as capas dos primeiros jogos do Mega Man e isso é bem maneiro a seu próprio modo!


Hã... as capas japonesas dos jogos, eu quis dizer!


Agora sim. Como eu disse, o traço desse jogo tem um orçamente claramente pobre, mas é honestinho. Vá lá, passa. E a história também se enquadra na categoria de "vá lá, passa", apesar de vários poréns. Vamos a isso então!

A história em si gira em torno de antigas ruínas e templos Astecas na Amazonia... embora os Astecas  sejam mexicanos, eu suponho que eles quiseram dizer Incas - parece que o orçamento desse jogo não deu sequer para uma enciclopedia Barça. De qualquer forma, pelo mapa que o jogo mostra o jogo se passa na Amazonia Colombiana, então não é dessa vez que teremos Mega Homem Hue Hue BR tomando um refrigerante Baré em Manaus. 

Estas ruínas emitem um tipo de radiação eletromagnética que impede qualquer tipo de tecnologia de aproximar, ao que a ONU depois de perder vários homens no processo (sim, a geral morre mesmo) apenas disse "foda-se essa merda", chamou o local de “Ruínas de Lanfront” e mandou deixar quieto. 

O jogo faz essa animação de transformar o braço em canhão toda vez antes das sessões de tiro... eles não podiam ter ao menos acertado o braço? O canhão do Mega Man é na direita

Três anos depois, a radiação eletromagnética começa estranhamente a aumentar e é obvio que não é uma boa ideia apenas "deixar quieto", então nossos heróis precisam enviar um humano que não vá pifar por causa da radiação. Eles então enviam ninguém menos que ... o Dr. Wily, que aparentemente estava tentando se redimir e todo mundo sabe como isso terminará - todo mundo exceto o Dr. Light e o Mega Man, que são mais enganaveis do que quem investe no jogo do Tigrinho.

Uma vez no Templo da Lua, ele acidentalmente descobre uma poderoso orbe antigo nas profundezas do interior que se conecta hentaineamente com seu laptop e revive todos os Robot Masters de MEGA MAN  2MEGA MAN 3. Três semanas depois, o campo fica maior, afetando robôs e máquinas ao redor do mundo, incluindo Roll que pega CANCER DE ROBO e começa a morrer. 

Agora, vc pode se perguntar pq Roll foi afetada mas não Mega Man? Ele teria algum tipo de proteção especial por ser um robo de combate ou algo do tipo? Hã... a explicação que o jogo dá não é EXATAMENTE essa...


Ah, tá explicado, Roll é uma garota e garotas são fracotes mesmo. Yeah... puro suco de anos 90, senhoras e senhores...

Mas palmfaces a parte, o Doutor Willy transmite seu ultimato à ONU e ao mundo para acabar ceder o controle do mundo a ele ou do contrário sua radiação de CANCER DE ROBO acabará com toda tecnologia na Terra e teriamos que voltar a sair de casa e falar uns com os outros. Como esse é pior cenário possível, cabe a Mega Man, com a ajuda dos reabilitados Robot Masters do primeiro jogo, salvar a Terra mais uma vez.

A maior parte do jogo então segue em assistir videos de Mega Homem avançando adentre as ruínas Astecas na América do Sul, sendo que cada um dos três discos do jogo é um episódio de meia hora cada. De vez em quando, você pode escolher o caminho, embora isso não tenha influência no resultado final do jogo: essas escolhas levam a itens ou a uma emboscada de um inimigo, às vezes apenas a uma cena rápida. Toda a luta é feita em um estilo galery shooter bastante simples, vc apenas controla a mira e atira no que tiver na tela - incluindo os projeteis inimigos. 


Seu buster pode ser carregado, mas a chuva de balas e ataques inimigos dá pouco tempo para se dar ao luxo de dar um tiro concentrado. Você pode mudar para armas especiais que ganha vencendo os chefes, e como é recorrente na série cada arma é melhor contra um inimigo especifico. Porém diferente da série aqui elas consomem mais que motor de Opala e nunca há munição por arma para acabar com os chefes sozinho, mesmo que você explore suas fraquezas. 

Então, é, essencialmente a imagem qu ete vem a mente de um "galery shooter do Mega Man" é exatamente o que esse jogo entrega na sua forma mais simples. Vc luta contra todos os inimigos clássicos da franquia (mets e seus capacetes amarelos indestrutíveis, morceguinhos, aquelas coisas na forma de cruz que andam pelas paredes), além de todos os 16 Robot Masters de MM2 e 3.

Conforme Mega Man avança pelas ruínas, um pouco mais do plot vai sendo revelado entretanto: a orbe que Willy achou nas ruínas não é apenas um artefato tecnologico antigo, é um computador maligno que estava dormente pelos ultimos 20 mil anos e agora está usando Willy para o proteger enquanto ele destrói o mundo. Williberto da Massa não sabe disso, obviamente, e acha que ele está no controle de Ra-Moon e que vai dominar o mundo.


Isso gera um cenário interessante onde Mega Man tenta dialogar com os inimigos antes de meter chumbo  para passa-los para o seu lado - pq em ultima instancia, mesmo que Willy queira dominar o mundo ele precisa que exista um mundo pra ser dominado em primeiro lugar. De um jeito meio mambembe, isso termina com Mega Man, Willy e os robos juntando forças para lutar contra Ra-Moon (mais ou menos, dado o jeito traíra Willy de ser), o que leva a OVA até que curioso de se assistir.

É engraçado que Inafune tenha ficado full pistola com o jogo por causa da violencia e que isso não representa o que o Mega Man é, quando ao mesmo tempo essa é uma das melhores representações que eu já vi do bombardeiro azul que recorre a violencia apenas como ultimo recurso e tenta primeiro usar o poder da amizade - de uma forma até um pouco inocente demais, mas no fim é sobre isso que o rapaz é.

O resultado final disso, é que como um OVA do Mega Man, como um desenho que passaria sabado de manhã, é bacaninha. Não minha nossa que revolucionário nem nada, mas bacaninha. Como um rail shooter, especialmente um tão básico do básico assim, está atrapalhando meu desenho de sábado de manhã.


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 052 (Julho de 1998)


Edição 054 (Setembro de 1998)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 033 (Agosto de 1998)