domingo, 14 de janeiro de 2024

[#1219][Mar/98] STAR GLADIATOR 2: Nightmare of Bilstein (ou "Plasma Sword: Nightmare of Bilstein" no ocidente)

Após tantos anos nessa brincadeira e vendo todo tipo de história de desenvolvimento nessa vida, a esse ponto eu consigo entender como os produtores pensam e é muito raro haver um jogo que me causa uma sensação de "PRA QUE CARALHAS ESSE JOGO SEQUER EXISTE?". Usualmente eu consigo ver um metodo na loucura. 

Isso sendo dito, eis que me surge a continuação de STAR GLADIATOR: Episode 1 - Final Crusade e eu fiquei totalmente:


UÉ, É A CAPCOM LANÇANDO UMA CONTINUAÇÃO "PATCH DE UPDATE" DE UM JOGO DE LUTA. NÃO TEM COMO TER ALGO MAIS COMUM QUE ISSO.

Essa parte eu entendo, a parte que eu entendo menos é pq caralhas a Capcom gastou tempo e recursos atualizando STAR GLADIATOR: Episode 1 - Final Crusade. Isso pq esse não é apenas um jogo que não teve absolutamente nenhum impacto no cenário dos jogos de luta, como sequer era o jogo 3D que a Capcom realmente queria fazer: como eu contei em RIVAL SCHOOLS: United by FateSTAR GLADIATOR: Episode 1 - Final Crusade foi um jogo que nasceu mais pq a Capcom já tinha acertado a logistica de hardware do que era a visão da empresa mesmo para jogos de luta 3D.

 
Então suponho que a única razão desse jogo realmente existir é que ele era rápido e barato de fazer, então eles meteram um "mal não faz". E quem sabe aproveitar para treinar uma galera nova na engine Sony ZN-2 (a engine para jogos 3D desenvolvidas de uma parceria entre a Capcom e a Sony, e que estreou em RIVAL SCHOOLS: United by Fate).

E com essa introdução, suponho que já coloquei você no clima para saber o que esperar daqui pra frente e definitivamente não se surpreender que não realmente exista um Star Gladiator 3. Isso sendo dito, vamos começar do começo...

Recapitulando a história do jogo anterior:

O ano é 2348. A viagem interestelar é uma realidade e as relações com alieniginas são algo parte do cotidiano, de forma relativamente pacifica até. Tudo parece estar bem com o universo... até que um cientista louco maligno do mal que odeia o bem chamado Bilstein descobre a técnica secreta para capturar um tipo de energia secreta da mente humana chamada "plasma" - embora não esteja claro se isso é uma coisa nova ou se existe uma razão para eles terem usado uma palavra que já existe.

Seja como for, o Dr. Bilstein monta um exercito para dominar o universo usando o poder do Plasma e em resposta a isso a Federação da Terra monta o projeto "Star Gladiator", selecionando individuos "plasmisticos" para impedir o Bilzão da massa... o que significa que eles vão lutar entre si pq eliminar aos seus soldados em um torneio interno é de alguma forma mais eficiente do que juntar todo mundo para meter a porrada no cara... hã, whatever dude...


Bem, com a morte do Dr. Edward Bilstein e o fim do terror e da destruição do Quarto Império em todo o universo, uma nova era de paz e prosperidade começam por todo o cosmos. Porém como se esse fosse o caso não teria jogo, é claro que circulam rumores sobre o retorno inesperado de Bilstein em um novo corpo cibernético, bem como o aparecimento de um fantasma que estranhamente se parece com o antigo corpo cibernético de Bilstein. 

Ao mesmo tempo, o Quarto Império aproveitou a oportunidade para reconstruir as suas forças e estão bastante determinados a cumprir os designeos malilgnos de Bilstein de eliminar aqueles que se interpõem no caminho da conquista universal do seu imperador... mesmo o Imperador do Mal tendo ido jogar no Vasco, eu tenho minhas dúvidas do que as forças imperiais fariam se vencessem.


Felizmente o universo não precisará saber a resposta a isso, pq nossos heróis... lutam entre si para ver quem vai representar os campeões da justiça, pq isso é um jogo de luta e essas porcarias são imunes a fazerem sentido... seja como for, a galerinha do bem se comerá na porrada para depois lutar contra os membros do Quarto Império em uma guerra que determinará o destino não apenas da Terra, mas de todo o universo. O Pesadelo de Bilstein é eminente. Não, não o que ele discursa pelado na frente da classe inteira, o outro Pesadelo de Bilstein.

O que me leva a primeira questão que eu tenho com esse jogo: todo jogo de luta tem aquele personagem-piada que você pode desbloquear ou que só estão ali pela piada mesmo, como o Norimaru em MARVEL SUPER HEROES VS STREET FIGHTER, o Dan em STREET FIGHTER ALPHA: Warrior's Dream ou o Gon em TEKKEN 3, vc conhece o tipo. Bem, uma das coisas que você vai notar a respeito de Plasma Sword é que quase todos personagens do jogo parecem um desses personagens de piada.


O tipo de personagem que nem o Tofu RESIDENT EVIL 2, vc olha, dá um sorriso de "que merda, heim" e nunca mais considera jogar com ele a não ser pra zoar com os amigos do tipo "ala, perdeu pro peidorreiro". Só lembrar que o personagem mais iconico desse jogo é o Saturno - um cara de pele verde , uma cabeça em formato de cone e muitas vários anéis na sua calvice. Como se isso não fosse o suficiente, ele luta usando um par de ioiôs just because humor y piadas.

Só que a coisa é que o elenco desse jogo parece muito mais um elenco de Dans do que algo tão esquisito que vc lembra realmente. WAKU WAKU 7 é o jogo que esse jogo queria ser, lá vc olha o elenco e pensa "que porra é essa irmão", mas lembra dos personagens (Fernandez, hehe). Aqui vc olha e solta um "heh, isso é uma coisa que existe". Trocadilho a parte, não é exatamente um elenco estelar.


Questões com o elenco altamente questionavel a parte, a coisa a respeito desse jogo é que o jogo original fez muito pouco, muito tarde para competir com os jogos os jogos de luta 3D populares da época... ou mesmo com os jogos 3D posteriores lançados pela Capcom, como o já citado RIVAL SCHOOLS: United by Fate.

Dois anos depois, em 1998, essa sequencia é essencialmente um patch de update que dá um tapa na maquiagem do jogo anterior, mas não muda muita coisa realmente. O controle está melhor (não que o original fosse ruim), responde melhor e de qualquer forma a maioria dos movimentos especiais usa os comanados padrão de bola de fogo e shouryuken que usamos há anos, então raramente existem problemas com o jogo não responder, as coisas simplesmente funcionam. Mas então é um jogo de luta da Capcom, isso é o padrão de qualidade que esperamos e é isso que ela entrega.


Você tem um ataque horizontal, um ataque vertical e um chute. Depois, tem o de plasma ataques especiais com plasma (a magia do jogo). A real grande mudança desse jogo é que agora vc defende segurando pra trás, ao invés de ter um botão exclusivo de defesa como em MORTAL KOMBAT - o que eu sempre preferi, detesto essa coisa de um botão separado pra defesa. A outra novidade é que o jogo tem uma barra de especial agora... o que seria uma novidade em 1994, mas dificilmente passa de um "espera, já não tinha isso antes?" em 1998. 

E... é isso.


E essa é a pior de Plasma Sword, a Capcom claramente apenas não se importa. Os gráficos são low poly e animam de forma irregular - para não dizer que a animação é bastante pobre nos personagens e absolutemente miseraveis nos cenários que são simplesmente bitmaps planos que não dão a minima sensação de profundidade. Isso foi considerado ridículo em TEKKEN 3, e é absolutamente indesculpável um ano depois. Eu poderia continuar, mas acho que está claro: Plasma Sword não é um tour-de-force gráfico.

O som é mediano - a música é bastante genérica para os padrões da Capcom, o que quer dizer que parecem as músicas rejeitadas de MEGA MAN X. Ou seja, é pelo menos um passo acima da média, embora não o melhor que a Capcom já fez na sua vida.


Finalmente, a parte mais ridícula de Plasma Sword é que metade dos personagens são clones uns dos outros. Você gosta de Saturno? Então você também vai gostar do Prince, já que ele é simplesmente Saturno com uma skin diferente. Bilstein é mais o seu tipo? Então por que não experimentar o Ghost Bilstein, que é o Bilstein em uma cor preta? Você entendeu a ideia. 

Sim, TEKKEN 3 faz isso... mas ao menos são personagens desbloqueaveis com seus próprios finais, o que adiciona conteúdo ao jogo. No caso de Star Gladiator 2, apenas copiaram e colaram mesmo, mudaram a skin e foda-se. Yay. Essa clonagem é pior até do que os ninjas pallet swap de MORTAL KOMBAT, e é essencialmente a Capcom assinando "foda-se essa merda, eu não ligo" nesse jogo. 


E essa é a sensação: a Capcom simplesmente cagou para o jogo e fez qualquer merda. Claro, o "faz qualquer merda" da Capcom de 1998 ainda é suficientemente jogavel e com certeza Plasma Sword não é um jogo terrível. É verdade que não é ótimo em nenhum universo possível, mas certamente é muito melhor do que lixos total como CRITICOM ou WAR GODS. Ainda assim, considerando os jogos de luta 3D que já existiam na época nos arcades, totalmente cai na categoria de "de todos os jogos de luta que já foram feitos, esse definitivamente é um deles".

Isso no arcade, pq quando o port foi lançado no Dreamcast em 2000... aí sim que o jogo conseguiu ficar ainda menos impressionante. Definitivamente um dos jogos já feitos.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 148 (Fevereiro de 2000)




MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 049 (Abril de 1998)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 032 (Julho de 1998)


Edição 043 (Agosto de 1999)


EDIÇÃO 048 (Janeiro de 1999 - Semana 2)