E se ontem falamos sobre as origens de uma das maiores desenvolvedoras da atualidade (a Treyarch que hoje é famosa por seu panbilionário Call of Duty, que começou humildemente com DIE BY THE SWORD), hoje é dia de fazer algo parecido, mas diferente.
Isso pq hoje é dia de falar daquela que é conhecida por fazer os jogos de luta mais dinamicos, coloridos, animezisticos, chocolatantes, velozes e furiosos desafio em Tóquio da atualidade: a Arc Systems. Hoje, os jogos da Arc não apenas são presença garantida em qualquer torneio de luta que preze pelo seu nome, como são referencia do que se deve esperar de um jogo de luta em termos de dinamismo, velocidade e ação.
Dragon Ball FighterZ é o jogo mais popular da Arc atualmente, e isso não é uma cutscene de abertura: é um ataque especial que rola no meio da luta mesmo. Pq é assim que a Arc rola. |
Eu não acho nenhuma das capas de GG particularmente incrível, mas gosto levemente mais da capa americana do que da japonesa - o que é bem raro de acontecer |
Alias pensando bem, acho que a minha capa favorita é a europeia mesmo, que faaaaase |
Assim vivia a Arc Systems, fazendo esses trabalhos de segundo escalão e quando eles conseguiam juntar dinheiro o suficiente arriscavam fazer o seu próprio jogo... que geralmente não lá grandes merda, na verdade. Entre trabalhar 18 horas por dia nos ports para pagar as contas e não ter nenhum gênio para revolucionar as coisas, os poucos jogos que a Arc Systems desenvolveu por conta própria se enquandravam na categoria de "este definitivamente é um dos jogos já feitos".
Quer dizer, estou falando de jogos como CYBER SPIN e Exector, os quais menos de 4 pessoas na história da humanidade realmente lembram que existiram um dia. Ou seja, a Arc Systems era uma empresa de background do qual ninguém sequer lembraria que existe hoje... não fosse que um dia em 1996 um personagem de anime chutou a porta da empresa, e as coisas nunca mais foram as mesmas.
Daisuke Ishiwatari é descendente de japoneses nascido e criado na Africa do Sul, e que dessa forma cresceu sendo capaz de apreciar o melhor das duas culturas: ele era fã de heavy metal e rock ocidental dos anos 70 e 80, mas também era tinha seu infindo apreço por mangas e animes.
E como todo estudante do colegial dos anos 90 (incluindo eu e você), Ishiwatari tinha o sonho de um dia fazer o seu próprio jogo de luta juntando tudo que ele gostava tanto nos jogos, quanto na música e nos animes. Só que diferente de eu e você, Ishiwatari foi lá e fez acontecer: assim que terminou o segundo grau, sua primeira atitude foi abrir a sessão de classificados do jornal e procurar uma oportunidade de emprego porém não qualquer emprego - ele não aceitaria nada menos que fazer o seu próprio jogo.
Assim, ele viu no jornal uma vaga na Arc Systems e foi a entrevista de emprego... porém as coisas não foram como você esperaria de uma entrevista de emprego japonesa: de óculos escuros, jaqueta de couro e cabelo comprido, em toda sua pinta de rockstar o adolescente recem saído da escola foi lá e exigiu fazer a entrevista diretamente com o presidente da empresa. Quando foi comunicado disso, Kidooka achou a coisa tão bizarra, tão fora da curva que decidiu ouvir o que aquele moleque adolescente tinha a dizer.
E o que Ishiwatari tinha a dizer? Bem, a verdade: a Arc Systems era uma empresa meio merda de fundo de quintal com a qual ninguém se importava, e que se continuasse fazendo as mesmas coisas tendo os mesmos resultados. Mas a boa noticia é que agora ele estava ali para mudar isso e colocar a Arc Systems no mapa do mundo, e que se o presida quisesse agarrar a oportunidade o cavalo tava passando encilhado ali mesmo, na sua frente.
O presidente achou aquele piá de bosta completamente biruleibe das ideias, mas... bem, era fato que se eles continuassem fazendo as mesmas coisas teriam os mesmos resultados e eles realmente deveriam tentar algo diferente. E bem, dificilmente ele encontraria algo mais diferente do que aquele guri na frente dele, então pq caralhas não?
Daisuke Ishiwatari, nosso rockstar dos jogos de luta |
Foi dessa forma completamente inusitada que o presidente da Arc System Works decidiu não apenas contratar o adolescente recem saído do colegial e sem experiencia de emprego em nada, como coloca-lo como produtor do próximo jogo autoral da empresa. "Vamos ver se o guri metido a metaleirinho é tudo isso mesmo", ele pensou. Como você sabe como essa história termina e que hoje a Arc System é um dos - se não "Ô" - nomes mais respeitado nos jogos de luta, provou-se que ele era tudo isso mesmo.
Então eis o que Ishiwatari pensou: ele acreditava, no fundo do seu coração adolescente, que os jogos de luta da atualidade estavam muito sanitizados, tecnicos e ocidentais. Especificamente em 1996, os jogos de luta eram essencialmente jogos que tentava emular fisica e artes marciais reais de alguma forma (como VIRTUA FIGHTER), ou então eram tecnicos e com personagens sanitizados para agradar o publico ocidental (como era o visual clean e baseado em estereotipos de STREET FIGHTER II: THE WORLD WARRIOR). Enquanto aquilo obviamente funcionava, ainda não era o jogo que ele queria jogar.
O que ele queria, o que ele REALMENTE queria mesmo era ter a sensação de ter um anime jogável como jogo de luta. Mas anime anime MESMO com todo dedo no kakaroto e gritaria, algo que você batesse o olho e disses "puta merda, isso é anime pra caralho mesmo". Nada de protagonista de kimono ou militar americano, ele queria aquele visuais ultra anime que você olha e pensa "eu não consigo realmente imaginar que alguém acorda de manhã e se veste desse jeito".
Mais especificamente ainda, ele queria aquele visual metal trash dos anos 80, e não por coincidencia BASTARD!! era um dos seus mangás favoritos. Assim, ele próprio fez o design dos personagens e eu posso te garantir que Guilty Gear é exatamente o que você esperaria do conceito de "a primeira coisa que vem a mente quando vc pensa em personagens de anime".
Isso não era tudo, entretanto, já que ele não apenas fez o design dos personagens como fez a trilha sonora do jogo também. Esse jogo não apenas pareceria com um OVA de anime death metal dos anos 80, ele soaria como um também. Grande fã do heavy metal ocidental, Ishiwatari fez desse a fusão dos dois mundos e o resultado é algo que dá pra sentir desde o primeiro momento do jogo pela sua abertura: um riff de guitarra abre anunciando que o heavy metal vai pegar, enquanto os personagens são apresentados da forma mais animezistica possível.
Em algum ponto do século 22, a humanidade descobriu uma nova e infinita fonte de energia que foi batizada de "magia"... pq aparentemente a criatividade foi banida no ano novo de 2099. Seja como for, a abundancia infinda de magia fez com que as formas antigas e poluentes de energia fossem banidas para sempre e o mundo entrou em uma era sem precedentes de avanço, paz e ecologia (sim, uma era de ecologia, o texto é meu e eu descrevo como eu quiser).
Esse poderia ser muito bem o fim da história, mas suponho que todos sabemos que se tem algo que o ser humano não pode ter é falta de problemas que ele logo de coça pra arranjar um. Ergo, os países do mundo então começaram a se movimentar pelo monopolio da magia e isso levou a uma guerra ferrada usando armas movidas a magia.
Entre essas armas foram desenvolvidos hibridos humanos cujo DNA foi fundido com magia, que foram chamados de "Gears" e eu suponho que não precise dizer o quão bem se provou a ideia de usar essencialmente escravos superpoderosos para lutar na guerra. Para surpresa de ninguém senão os bobão que tiveram essa ideia, os Gears se rebelaram contra a escravidão e começaram sua própria guerra contra a humanidade.
Liderados pelo gear Justice, por mais de cem anos o planeta foi devastado pela guerra mesmo com todas as nações do mundo deixando suas diferenças de lado e lutando juntas. Eventualmente, entretanto, após mais de um século de guerra uma ordem especial de cavaleiros humanos conseguiu selar Justice em uma dimensão paralela e isso pos fim a guerra.
Mas como se esse fosse o caso não teria jogo, as coisas não sairam tão bem quanto se poderia esperar: obviamente que os gears que ficaram pra trás não aceitaram de boas seu messias e líder ter ido jogar no Vasco e menos de cinco anos depois do fim da guerra se percebeu que as paredes dimensionais que aprisionavam Justice começavam a enfraquecer.
Um gear chamado Testament estava ativamente trabalho para trazer o senhor dos gears de volta e reiniciar a guerra, e para dete-lo os países do mundo... organizaram um torneio de luta para apontar o campeão capaz de parar Testament? Bem, eu realmente acho que seria mais eficiente pegar todo mundo e só ir cobrir ele de pancada, fazer seus candidatos lutarem entre si e se eliminarem só deixa as coisas mais simples para o Testament, não vejo como apostar numa luta 1x1 possa resolver quando nada realmente impede (até onde o jogo diz) de todo mundo ir lá moer ele na porrada.
Seja como for, a coalização de países do mundo prometeu qualquer desejo atendido de quem vencesse o torneio e acabasse com o Testament, e assim 10 cabogis da pestis se apresentaram para tal empreitada:
Edição 032 (Julho de 1999)