segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

[#1210][Mai/98] BIO F.R.E.A.K.S.

E cooooooooooooooooouuuuuuuuummmmmeeeeeeeeçççççaaaaaaaa 2024! O ano da virada! O ano do amor! Um ano que certamente promete grandes emoções! Um ano que promete grandes jogos! Um ano que promete...

COMEÇAR COM UM JOGO DE LUTA DO NINTENDO 64

Oh boy, e lá vamos nós, e não vamos só no sabado cantar...

Então vamos lá: Bio FREAKS (embora o correto seja F.R.E.A.K.S. eu não vou digitar com ponto depois de cada letra e fodam-se vocês) é o terceiro jogo do que eu chamo de trilogia de terror da Midway. Não pq os jogos sejam literalmente do genero terror, mas sim pq são um esforço da Midway no meio dos anos 90 em fazer um jogo de luta 3D emplacar na força bruta: lançando um por ano.

Assim, em 1996 eles lançaram WAR GODS, em 1997 foi a vez de MACE: The Dark Ages e em 1998 seria a vez da ultima tentativa de "AGORA VAI!" com Bio FREAKS. Spoiler: não foi. Mas bem, tudo bem, a boa noticia é que não foi a Midway pessoalmente que fez esse jogo e sim que grande parte dele foi terceirizado para uma empresa Saffire.

Se o nome não lhe é familiar, saiba que a Safirona da Massa foi a empresa que puniu o mundo com RAMPAGE WORLD TOUR e aí a gente vê o nível de sofrimento e dor que esperar por aqui.

Mas hey, hey, ano novo, vida nova, não vamos ser negativos! Talvez essa seja a perola perdida dos jogos de luta da Midway! Sim, com certeza eles colocaram um grande esforço nesse jogo e tenho certeza que vai dar pra ver logo de cara pela abert...


Hã... uau, definitivamente parece uma abertura... feita. É, essa com certeza é uma das aberturas já feitas na história dos videogames! Embora eu realmente desconfie que o cenário mais provavel é que eles simplesmente ficaram sem orçamento e tiveram que deixar o texto placeholder na versão final do jogo, taí algo que eu totalmente vejo acontecendo!

Porém não vamos julgar uma abertura sem graça pela capa, tenho certeza que o texto em si compensará pelas suas ideias e...

É foda, bicho. 2024 mal começou e eu que ouvir a essa hora da manhã sobre a bancarota de Wall Street e a crise economica do governo, pq de alguma forma os DJENIUZ da Saffire/Midway acharam que isso daria um jogo de luta emocionante. Sim, certamente o valor das ações cairem é o que vai fazer a cabeça de meninos e meninas por todo país, eu te digo!

Mas enfim, o que rola aqui é o seguinte: como o jogo já deixou claro da forma mais tediosa possível, a economia dos US and A foi jogar no Vasco e isso deixou as mega corporações livres para... não, espera, como que a economia e a bolsa de valores quebraram mas as megacorporações tão de boas? Quem a Saffire/Midway acha exatamente que compõe a economia? O que eles acham que ações na bolsa de valores representam? Não faz sentido a economia ter quebrado mas...

Pq nada diz mais apocalipse corporativo do que underboobs, eu te digo!

... ah, quer saber? Obviamente eles entendem tanto de economia quanto entendem de fazer jogos de luta 3D, então pelo bem da minha sanidade e para não arruinar o meu ano eu vou apenas aceitar o que estão dizendo. Então a economia morreu e agora as gigacorporações estão livres para guerrear entre si pelo trono da Neo Amerika.

Sim, pq o crash economico aparentemente adicionou um K ao nome do país, deixando ele 20% mais cooler - e vcs achando que era só desgraça, hã? Seja como for, cada companhia então construiu um campeão para entrar no torneio que valeria o controle da Neo Amerika, pq é assim que empresas resolvem suas disputas, através de torneios de luta. Ergo, surgiam os "Biological Flying Robotic Enhanced Armored Killing Synthoids", ou Bio F.R.E.A.K.S. para os intimos. Puro suco de anos 90, eu te digo.

A noticia ruim é que os Bio FREAKS não são os CEO das corporações e não é nesse jogo que veremos Jeff Bezos, Elon Musk e Mark Zukemberg saindo na mão. A noticia boa é que apesar desse defeito broxante, o elenco de 8 personagens é bastante interessante. E por interessante eu quero dizer realmente ridiculo e muito pouco funcional mesmo para os padrões dos jogos de luta, mas isso é uma coisa boa!


Quer dizer, nosso menino-propaganda da capa tem MAMILOS-CANHÕES! MAMILOS CANHÕES, EU TE DIGO! Apenas uma megacorporação realmente maligna pensaria em algo com esse grau de malignidade! E olha! Ele vai lutar contra o primo cracudo do protagonista de H.E.RO. do Atari!


Uau, um personagem de Bio F.R.EA.K.S. que é inspirado no cara-helicoptero do H.E.R.O., não são muitas letrinhas? Definitivamente são. Mas falando sério agora, o elenco é bem diferente e um mais bizarro que o outro somado ao fato que são apenas 8 personagens mas cada um usa o máximo do que dá pra tirar do N64 em um jogo de luta para adicionar elementos diferentes, bem, isso é uma coisa boa no meu livro

Na verdade, para um jogo de Nintendo 64, Bio F.R.E.A.K.S. é realmente impressionante visualmente dada a quantidade de detalhes e apetrechos que cada personagem tem. Mesmo que a versão arcade nunca tenha sido lançada (a ROM existe, mas o arcade não foi lançado), não posso deixar de sentir que este cartucho está muito próximo do que seria a visão original do jogo  - o que me dá a vaga esperança que esse jogo não vá ser um desastre total e obsceno. 

E sabe o que mais? Com efeito, ele não é! Mais do que isso, eu diria que esse jooj enquanto não pode realmente ser chamado de "bom", ao menos é onde a Midway realmente se esforçou para fazer um jogo de luta diferente. Já que não dá pra ser bom, que ao menos seja interessante é o que eu sempre digo... e sim, Jorje, eu sei, eu nunca disse isso antes, não precisa lembrar...

Eu nem sei para o que eu estou olhando, isso não é incrível?

O meu ponto aqui é que esse jogo é um jogo de luta 3D mas flerta bastante com um jogo de ação de arena. Isso quer dizer que não apenas o seu boneco tem mais liberdade para andar para cima e para os lados na tela do que o seu jogo de luta habitual, como todos os personagens tem algum tipo de ataque a distancia. O que eu quero dizer é que ele quase, quase é mais um beat'm up 3D do que um jogo de luta propriamente dito, lembrando bastante o feeling de MEGATUDO 2096...

... se houvessem pelo menos outras duas pessoas no planeta que ainda lembrassem nesse jogo além de mim essa comparação teria algum sentido. Hã, pense nele mais como um SATURN BOMBERMAN FIGHT!!?

TÁ DIFICIL ESSAS COMPARAÇÕES, HEIM?

Hmm... POY POY?

APENAS DESISTA.

É, suponho que mais de 1200 jogos analisados, saber referencias que a maior parte das pessoas sequer sonha que existem é meu maior poder e minha maldição. Mas enfim, vc anda pela arena com a camera semi-travada no oponente (o que funciona melhor do que a premissa sugeriria, felizmente), dispara ataques, dá soquinhos. Pra ser um beat'm up de 1x1 faltou só vc pular em um botão e não apertando pra cima, o que é bem diferente para a época - dada a obscuridade dos exemplos que eu dei.

MAS SE O JOGO É SÓ UMA ARENA PRA VC BATER NO COLEGUINHA QUASE NUM BEAT'M UP... ISSO NÃO FICA MEIO CANSATIVO DEPOIS DE BEM POUCO TEMPO?

Fica. Vc pula, soca, chuta, metralha, não tem complexidade o suficiente aqui para manter o jogo interessante por mais do que alguns minutos realmente. A boa noticia, contudo, é que a Midway estava plenamente ciente disso e se ocupou de dar algo para manter a atenção dos jogadores. O que, é claro, é o bom e velho gore galore. Sangue, mutilação, pedaços, a porra toda!

AH SIM, PQ COLOCAR FATALITIES EM UM JOGO DE LUTA MEDIOCRE SEMPRE RESOLVEU OS PROBLEMAS, SÓ VER COMO DEU CERTO EM WAR GODS...

Então, realmente não resolve. Só que não é isso que eu me refiro quando digo que esse jogo tem violencia pra caralho, e sim que vc pode mutilar os personagens DURANTE a luta e eles continuam lutando com o cotoco arrancado jorrando sangue como um Cavaleiro do Zodíaco. O que, dada a quantidade impressionante para a época de particulas que esse jogo consegue gerenciar na tela ao mesmo tempo sem travar a porra toda... dá um tom bem sujo e violento ao jogo, e isso é algo maneiro.


Alguns golpes e combos também podem, ao invés de arrancar membros, decapitar ou cortar ao meio o tronco do oponente, terminando a luta imediatamente. Não é exatamente um fatalitie e nesse sentido o jogo lembra um pouco BUSHIDO BLADE que depende mais de como o golpe fisicamente encaixar do que dar um comando em especifico. 

Claro, desncessário dizer que não funciona com tanta precisão quanto BUSHIDO BLADE, mas ainda sim é algo interessante de se ter e dá uma apimentada nas lutas com a ameaça de algo que pode acontecer. E, como eu já disse, esse jogo precisa de todas as apimentadas possiveis e imaginaveis.

Porém isso não é tudo, os cenários não são apenas decorativos, eles são interativos. Em uma fase os jogadores podem cair em poços de lava ao redor da arena, onde imediatamente pegarão fogo e serão jogados de volta à luta com perda de energia. Em outro nível, os jogadores podem realmente lutar debaixo d’água e, se tiverem azar, se afogarem – se não forem comidos vivos primeiro por piranhas gigantes.

Isso tudo é um esforço louvavel da Midway para manter o jogo interessante. Porém sabe o que seria realmente mais louvavel ainda? Esse jogo da Midway não ser um jogo da Midway, aí sim a coisa daria bom!

Por isso eu quero dizer que por mais bem intencionado e diferente que o sistema seja, no fim do dia ele ainda fede aos fracassos da Midway em fazer jogos de luta 3D, MORTAL KOMBAT 4 quanto WAR GODS. O que eu quero dizer com isso é que Bio Freaks controla exatamente como um cruzamento entre os dois jogos e assim como WAR GODS antes dele, executar ataques em Bio Freaks frequentemente é porque os comandos são dificeis de sair.


O que leva ao problema que no calor da batalha, é mais eficiente apenas os jogadores macetarem os botões aleatoriamente do que tentar fazer golpes para vencer, e isso não é algo que vc deseja em seu jogo de luta. A estratégia da macetagem generalizada funciona especialmente pq não existe um botão de defesa no jogo e sim um escudo... que tem que ser ativado fazendo um movimento de golpe.

Então imagine, apenas imagine, STREET FIGHTER 2 onde para defender um golpe vc tem que fazer o comando do Hadouken. 

UAU, ESSA É UMA DAS TOP 10 PIORES IDEIAS QUE ALGUÉM JÁ TEVE EM UM JOGO DE LUTA! OU NA VIDA!

Né? E para adicionar ofensa a injúria, a Midway atribuiu ataques de projéteis simples (metralhadoras, misseis, algo assim) para um botão só. Tipo como o Mega Man tem um botão de tiro, aqui seus Bio FREAKS tem tambem. Agora me diga o que acontece quando os dois combatentes tem tiro em um botão só, mas a defesa é um comando complexo, o que vc acha exatamente que vai acontecer? 

CADA UM VAI FICAR EM UM CANTO DA ARENA ATIRANDO UM NO OUTRO?

Parabéns, Jorge, vc já colocou mais esforço em pensar nas implicações dessa mecanica do que a Midway jamais tentou faze-lo. Sim, o que frequentemente acontece nesse jogo é que ambos os jogadores acabam ficando o mais longe possível um do outro atirando um no outro até que um lutador morra. O sistema de luta, do jeito que foi feito, incentiva vitórias “queijadas” como essa. 


A unica coisa que impede que esse jogo seja uma desgraça completa por causa dessa decisão MANGALITICA é que pelo menos a engine do jogo funciona bem (até porque é a quarta versão dela que a Midway tá usando depois de WAR GODS, MACE: The Dark Ages e MORTAL KOMBAT 4) e se quiser ir pra cima no socão o jogo funciona decentemente. 

Enfim, jogos de luta de macetar botões aleatoriamente vc chuta uma arvore e cai uma dúzia - especialmente na época que Bio FREAKS foi lançado. O que provavelmente é o grande motivo pelo qual ninguém se lembra deste jogo de luta ... isso e o fato de que esse jogo não é muito bom. Tem isso também.

E claro, pra encerrar com chave ouro o chefe final gigante cujos ataques tão todos teleguiados, tem escudo infinito e voa pela tela. Claro que sim, como não?

Bio FREAKS faz algumas coisas certas, mas em geral, se o jogador de 1998 quiser assistir os personagens batendo uns nos outros enquanto amassa botões sem pensar, vou escolher outra coisa. Preferencialmente jogar com o Eddy Gordo em TEKKEN 3. A única razão pela qual alguém vagamente lembraria desse jogo é que todos estavam famintos e depravados por um jogo de luta bom de 64 bits quando foi lançado - tanto que esse jogo tem uma versão de PS1 que aí sim ninguem realmente lembra dela nem pra remédio.

O jogo tem personagens interessantes, algumas mecânicas decentes e ótimos gráficos, mas macetar os botões é simplesmente… bem, desinteressante demais.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 129 (Julho de 1998)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 049 (Abril de 1998)

Edição 052 (Julho de 1998)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 032 (Julho de 1998)