sexta-feira, 8 de novembro de 2024

[#1343][Jan/94] DUNGEONS AND DRAGONS: Tower of Doom


Aí vocês tão de sacanagem comigo, a Sega faz essas coisas só pra sacanear com a minha cara, só pode!

E LÁ VAMOS NÓS EM MAIS UM CAPÍTULO DELE CONTRA A SEGA... VAI LÁ, DON QUIXOTE, O QUE O MOINHO DE VENTO TE FEZ HOJE?

Como o que, Jorge? Como "O QUE"?! Mal faz um mês que eu anunciei que MAGIC KNIGHT RAYEARTH seria o último jogo de Saturn nesse blog e o que os safados fazem? Vão e lançam uma coletanea de beat'm ups antigos de arcade só pelo prazer de me sacanear!

OH NÃO, TENHO CERTEZA QUE FOI EXATAMENTE POR ESSE MOTIVO MESMO...

Enfim, seja como for vamos então falar do último ÚLTIMO jogo de Saturn que abordaremos nesse blog, Masmorras e Dragões: Torre da Perdição que saiu originalmente para arcades em 1994 e na coletanea "Masmorras e Dragões Coleção", lançada para Saturn em 1999. Só a Sega mesmo pra me fazer isso, viu...

MAS NEM FOI A SEGA QUE LANÇOU ESSE JO... EU NÃO SEI PQ EU AINDA INSISTO...

Antes de ser prefeito de Metro City, Mike Hagar começou a carreira como estalajadeiro de fantasia medieval

Mas seja como for, suponho que hoje eu não precise explicar o que é Dungeons & Dragons nem para uma pessoa que não é nerd, é o RPG quintessencial. Porém isso é hoje, no começo dos anos 90 a coisa era muito diferente e mesmo os nerds mais esquisitinhos que liam quadrinhos (vulgo "eu") nunca tinham ouvido falar disso.

Verdade que não ajuda muito que o desenho animado de Dungeons and Dragons no Brasil foi totalmente dissociado do RPG: no original, "Caverrna do Dragão" literalmente se chama Dungeons and Dragons como o "Mestre dos Magos" na verdade é o "Dungeon Master", ou seja ele é realmente o DM de uma partida de RPG. Para muitos no Brasil, e no Japão para esse propósito, o primeiro contato com Dungeons and Dragons veio quando ninguém menos que a toda fodolenta Capcom decidiu que ia tirar uma folga de fazer o patch de update numero 4875 de Street Fighter 2 e que ia tirar o escorpião do bolso para comprar a licença de D&D para colocar no seu jogo.

Okay, eu tenho algumas duvidas a respeito das builds dos personagens desse jogo. Pra o guerreiro e o clérigo tem o carisma como atributo mais alto? Se bem que se eu não me engano no AD&D vc não escolhia os atributos, rolava em ordem (força, destreza, inteligencia, constituição, sabedoria, carisma) e era o que vinha

Até esse ponto ela já tinha alguma experiencia com beat'm ups de fantasia medieval como KING OF DRAGONS e KNIGHTS OF THE ROUND (ambos de 1991), porém foi apenas em 1994 que seus beat'm ups deixaram de ser fantasia medieval genérica e passaram a ser fantasia medieval 

Mas tá, e aí, essa tal de licença de D&D é usada pra alguma coisa de verdade ou é só o nome pra bonito? Então... surpreendentemente, sim, a Capcom fez a sua lição de casa e o jogo é realmente baseado em D&D, não apenas um beat'm up de fantasia medieval genérico com um nome conhecido.


Se eu disser que sei calcular o THACO até hoje estarei mentindo, eu só esperava o DM dizer se acertou ou não. O que eu sei é que quanto menor a CA melhor, por isso a elfa-maga tem a maior CA. E o anão tem umas rolagens bem bosta, heinhô Batista?

Por exemplo, todos os personagens são na verdade as classes de personagens de D&D na época: você escolhe entre um elfo, um guerreiro, um clérigo ou um anão.

ESPERA AÍ, COMO ASSIM ELFO E ANÃO SÃO "CLASSES"? ISSO SÃO RAÇAS, ACHEI QUE VC TINHA DITO QUE A CAPCOM TINHA FEITO O SEU DEVER DE CASA!

E fez. Nas versões mais antigas de D&D não havia distinção entre "raça" e "classe". Extremamente baseado em Senhor dos Anéis, o anão necessariamente era um anão guerreiro e o elfo era ou um arqueiro ou um mago, todos os demais eram humanos por padrão. Isso de poder customizar uma raça e uma classe veio apenas com o Advanced Dungeons and Dragons de 1989, então o jogo não está errado, ele está sendo raíz!

De toda forma, não é limitada aos personagens do jogador que a fidelidade ao material original que faz a giripoca piar e é aqui onde vemos detalhes direitinho dos monstros jogo, como por exemplo o fato de que os dragões só usam sua baforada elemental no máximo 3 vezes por combate (que era a regra de D&D na época), os troglodytes tem o ataque de fedor que atordoam o personagem, o beholder tem o seu iconico raio petrificador e por aí vai.

Sim, eu sei que parece um conceito louco, mas a Capcom realmente abriu o Livro dos Monstros de D&D e pensou em como efetivamente transformar as habilidade dos monstros em mecanicas de jogo - como fica exemplificado no fato que vc tem que lutar duas vezes com o chefe troll pq trolls se regeneram, até que alguem mata ele com fogo.

E isso que eu nem comecei a falar das magias: os dois chars conjuradores tem magias exclusivas das suas classes, de modo que a maga tem bola de fogo, lightining bolt, Cloud Kill e misseis mágicos. O Clérigo tem curar ferimentos, imobilizar monstro, expulsar mortos vivos e por aí vai. E não o bastante isso, coletando tesouros no chão e matando monstros vc sobe de nível, e ao subir de nível suas magias evoluem como no RPG: os misses mágicos disparam mais unidades, o imobilizar monstro afeta mais alvos, etc etc...


Então, como dá pra ver, para os nerdolas de RPG (como eu) ver os detalhezinhos do jogo animados em um beat'm up não é nada senão puramente delicioso e chocolatante. Porém, eu preciso dizer, para quem não é tão nerdão do RPG... bem, vamos dizer que esse não é exatamente o beat'm up mais brilhante que a Capcom já fez.

Pra começar, a hit detection desse jogo não é exatamente estelar e isso é estranho em um jogo da Capcom. Talvez seja problema apenas do port para Saturn que eu joguei, não sei, mas não muda o fato que não é exatamente confiável quando vc acerta num boneco ou não - o que faz com que as facas, flechas e outros projeteis sejam praticamente inuteis, pq é muito dificil vc acertar alguem com elas.


Outra coisa que incomoda bastante é ficar juntando itens do chão: aqui pegar tesouros não dá apenas pontos inuteis, como eu disse isso dá a sua experiencia e é o que faz seu boneco subir de nível. O problema é que o jogo tem o hábito de ficar atulhando a tela de moedinhas ao ponto que chegar a ser ridiculo, já que vc só pode pegar uma por uma. E como para pegar moedas é o mesmo botão de atacar, não raramente vc não consegue bater pq está em cima de uma pilha de moedas espalhadas no chão - o que é um puta saquinho.

Nenhuma dessas coisas quebra horrivelmente o jogo e torna ele a pior coisa ever nem nada, mas considerando que o jogo não faz nada radicalmente inovador, torna ele uma entrada meio "meh" no fabuloso bestiário de beat'm ups da Capcom. É um jogo bem bonito e ainda tem o padrão Capcom de qualidade, mas meio que fica mais pro especto generiquinho da coisa.


A menos, como eu disse, que vc seja um nerdão de Dungeons and Dragons. Aí sim esse jogo tem muito a te oferecer, e poucas vezes errar um ataque no boss vão te fazer sorrir tanto pq era uma BESTA DESLOCADORA! Se vc sabe o essa frase significa, esse jogo certamente tem algo para você, da mesma forma que se você não faz nem ideia do que eu estou falando, bem, então certamente há beat'm ups melhores da Capcom para atender o seu gosto.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 103 (Maio de 1996)



MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 063 (Junho de 1999)