quarta-feira, 13 de novembro de 2024

[#1348][Jul/98] DYNAMITE COP! (ou "Dynamite Deka 2" no Japão)

Olhando em retrospecto, é fácil apontar os muitos, milhares, infindos, inacabaveis erros da Sega enquanto ela produzia consoles que em ultima instancia acabaram pro faze-la ser ejetada da industria de consoles de videogames...

OH BOY, LÁ VAMOS NÓS DE NOVO. ESSE VAI SER UM DIA DAQUELES...

Mas sério, Jorge, a Sega fez tanta merda, tantas escolhas ruins que é até dificil pegar e escolher uma coisa só para falar. Porém se eu tivesse que fazer isso...

VC NÃO TEM. VC SABE DISSO NÉ?

... se eu tivesse que apontar alguma coisa é que a Sega nunca entendeu a diferença entre arcades e consoles domésticos. Eu digo isso pq se tem uma area que a Sega sempre perfomou muito bem - e perfoma até hoje, saiba você - é no quesito dos fliperamas. Desde experiencias originais como as máquinas imersivas de AFTER BURNER II ou OUT RUN até os arcades de tiro como HOUSE OF THE DEAD 2, a Sega sempre soube te recompensar por botar uma ficha nas máquinas dela e se divertir por 3, 4 minutos no máximo.

O que ela nunca entendeu, no entanto, é que o que funciona no arcade por 4 minutos não funciona em casa por 4 dias. Todo o marketing dos seus consoles sempre foi "a experiencia dos fliperamas  na sua casa" e ainda no Mega Drive as crianças entenderam que não era necessariamente divertido pagar 60 dolares (TREZENTOS E CINQUENTA mangos) por cinco minutos de diversão. A menos que seja uma dominatrix ruiva de no máximo 1,51m da Fatal Models, isso é.


Mas sim, muito antes de sequer chegar ao Sega Saturn, os jogadores já manjaram que as únicas três pistas de DAYTONA USA CHAMPIONSHIP CIRCUIT EDITION funcionavam muito bem no fliperama por 3 minutos, não pra ter em casa por horas. Tá, mas pra que eu estou explicando tudo isso, afinal?

Bem, pq estamos em 1999 e a Sega ainda não entendeu pq isso não funciona. Caso em exemplo do dia, Detetive Dinamite 2 é um excelente arcade, mas um péssimo título de Dreamcast. Pq? Simples, pq ele tem meia hora de conteúdo, simples assim.

Em meia hora, mais ou menos dependendo da sua habilidade, vc já viu tudo que esse jogo tinha pra mostrar e deu. Se vc alugou o jogo para passar o final de semana tá fodidaço, se pagou 60 dolares pelo jogo então, putz, nem sei por onde começar... meia hora e deu, véio. Isso servia nos tempos do Nintendinho, no maaaaximo no começo da vida do Super Nintendo, mas agora, na reta final da quinta geração? Porra, Sega, aí cês me fodem o meio campo, né?


O sucessor de Dynamite Deka que no ocidente virou DIE HARD ARCADE por motivo nenhum que senão marketing da Sega em seu Segismo máximo, nosso herói genérico virou John Mclaine e foda-se) não renova a licença com Bruce Willis e agora ficou só como PULIÇA DINAMITE por aqui mesmo. E a história é exatamente o que vc poderiaesperar do PULIÇA DINAMITE: vilões do mal que odeiam o bem - que atendem pelo nome de LOBOS PIRATAS - sequestraram um navio com 2000 passageiros e a filha do presidente, que consegue escapar e se esconde em uma maleta cor-de-rosa brilhante logo atrás deles. Hã, seja como for, seu trabalho é resgatá-la antes que os piratas a encontrem. 

Sendo este um beat'm up, a ele se juntam o personagem lento porém forte - que aqui é um negro maravilhoso que sai tabelando, tocando - e a personagem fraca porém rápida - que é uma mulher que vai perdendo a roupa conforme vai perdendo energia. O puro suco de beat'm ups dos 90, eu te digo.

DIE HARD ARCADE se destacava pela flexibilidade no genero, oferecendo uma massa de coisas para ser usada como armas, algumas francamente ridiculas. Essa continuação usa esse mesmo sistema, exceto que agora você tem ainda mais opções mais ridiculas. O número de agarrões por si só é impressionante, e parece que vc está jogando com o King em TEKKEN 3 a ponto de você precisa consultar um FAQ para descobrir todos eles. 

Mas o grande charme do jogo é o quão estúpido ele é, no melhor estilo do humor japonês os piratas que vc enfrenta são um grupo... eclético. Além de mercenários, você lutará contra cozinheiros enlouquecidos, malucos por BDSM, caras vestidos como lagostas, nativos da ilha e, não estou inventando isso, um polvo gigante. Por mais bobo que pareça, e realmente seja, a variedade de inimigos é um dos maiores trunfos do jogo. 

Você raramente luta contra os mesmos inimigos mais de duas ou três vezes, um problema que aflige a maior parte dos beat'm ups. A variedade de armas disponíveis é mais boba ainda que os capangas que você enfrenta. Além de suas típicas pistolas e metralhadoras, não se surpreenda se encontrar um desentupidor de vaso sanitário, um aranque defumado  ou uma mini bomba nuclear por aí! Sério, usar uma nuke tática em um beat'm up é uma das coisas mais estúpidas que eu já vi na vida e não vou mentir ao dizer que esse jogo me fez genuinamente sorrir

Então eu só tenho coisas boas a falar da jogabilidade do DETETIVE DINAMITE, pq se tem algo que um beat'm up pode fazer para sair da mesmisse que assola o genero e evenutalmente levou a sua extinção é ir por esse lado humor japones que as vezes parece que você está jogando THE LEGEND OF MYSTICAL NINJA 2 de tão ridiculo e tão japonês que é.

Só que enquanto eu não tenho do que reclamar do jogo em si... bem, voltamos ao ponto inicial que Dynamite Cop ainda é um jogo de arcade. Isso significa que é curto e que em meia hora você terminou ele. Depois que termina ele desbloqueia missões bônus remixam o conteúdo adicionando modificadores como dano duplo ou um limite de tempo por sala, mas não é nada que resolva o problema e adicionar conteúdo aos ports domésticos de seus arcades é algo que a Sega nunca foi boa em fazer. 


O que parece é que a Sega estava desesperada financeiramente, tinha um arcade bom em mãos e quis colocar isso no Dreamcast o mais rápido possível no vamo que vamo e foda-se. Eu gostei de Dynamite Cop e se fosse um jogo desenvolvido com mais calma, te desse mais conteúdo certamente eu teria gostado mais até do que DIE HARD ARCADE, que já é um dos meus beat'm ups favoritos. Mas esse não é o jogo que temos aqui, não tem carne suficiente em seus ossos para justificar um jogo vendido como preço cheio. Talvez em um outro universo, um que a Sega não estivesse tão desesperada com a sua situação, Dynamite Cop certamente teria sido um dos grandes beat'm ups de todos os tempos.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 142 (Agosto de 1999)

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER

EDIÇÃO 065 (Agosto de 1999)

MATÉRIA NA GAMERS
Edição 041 (Junho de 1999)