segunda-feira, 22 de setembro de 2025

[#1560][Mar/2000] GET!! COLONIES


Certo, a review de hoje vai ser curta porque até eu tenho limites do quanto sou capaz de tergiversar a respeito de um puzzle exclusivo do Japão de 25 anos atrás— ou pelo menos esse é o plano. Vamos ver o quanto eu realmente consigo divagar...  Enfim, nosso assunto é Get!! Colonies para o Dreamcast, mas antes de mergulharmos no jogo em si precisamos fazer uma rápida digressão pela história dos jogos de tabuleiro.

Reversi, a base de Colonies, é um jogo de tabuleiro que remonta a 1883. E, como qualquer boa obra de propriedade intelectual vitoriana, suas origens são repletas de drama. Dois cavalheiros ingleses, Lewis Waterman e John W. Mollett, juraram ser os legítimos inventores do jogo e prontamente denunciaram o outro como uma fraude. Seja quem for que o criou, o fato é que o jogo pegou rápido na Inglaterra do século XIX. Era simples de aprender, mas enganosamente complicado de dominar — uma característica que define os grandes board games até os dias de hoje.

A ideia central é simples: você coloca um disco no tabuleiro, seu oponente coloca um adjacente e quaisquer discos presos entre eles viram para a cor dele. Mas a diferença é que eles podem virá-los de volta mais tarde. Para frente e para trás, preto e branco, até que o tabuleiro esteja cheio. O problema, claro, está nas regras sobre onde você pode colocar suas peças, o que dá ao jogo sua real profundidade.

Avançando para 1971, quando Goro Hasegawa patenteou sua própria versão de Reversi, Otelo. Inicialmente, Hasegawa o descreveu como uma melhoria do jogo original mas por volta dos anos 2000, ele meteu um retcon alegando que o inventou em Mito, no Japão, e que suas raízes remontavam a uns bons 5.000 anos atrás. Por que se contentar com uma história de origem centenária quando você pode competir com as pirâmides?

Então, sim, um dia provavelmente teremos um blockbuster Hollywoodiano a lá Social Network, só que para jogos de tabuleiro abordando a obscura história de Reversi versus Otelo, com cavalheiros vitorianos jogando xícaras de chá uns nos outros por causa de reivindicações de direitos autorais. Mas não é por isso que estamos aqui.


Estamos aqui para falar sobre um dos spin-offs mais obscuros da árvore genealógica Reversi: Colonies. Lançado originalmente em 1991 para o Atari ST — na época em que os computadores domésticos tinham cerca de 58.976 sistemas operacionais diferentes, cada um orgulhosamente incompatível com o outro—, que posterioramente ganhou um remake para o Sega Dreamcast em 2000 com o nome Get!! Colonies. E esse, meus amigos, é o assunto de hoje.

[E ISSO É VOCÊ SENDO DIRETO AO PONTO SEM ENROLAR, HUH...]

Um homem pode fazer o que um homem pode fazer, Jorge. Seja como for, Colonies pega a fórmula tradicional Reversi/Otelo e a reduz a algo muito mais simples — e, honestamente, algo que eu gosto muito mais. Bem, eu não sou exatamente um purista de Otelo, então tenho certeza de que tem pelo menos um grande mestre de peças de tabuleiros em algum lugar revirando os olhos para mim agora mesmo, murmurando "casuais...". Mas eu só posso falar o que eu vejo, sinto muito.

As regras são fáceis de entender. Você começa com algumas peças no tabuleiro e, a partir daí, tem dois movimentos possíveis. Primeira opção: mova uma de suas peças uma única casa. Faça isso e a peça original permanece no lugar enquanto a nova casa gera uma nova peça para você — então, parabéns, você acabou de se multiplicar.

Segunda opção: pule duas casas com uma peça. Isso não cria um clone; apenas move a peça original. Assim, você não expande seu exército, mas ganha algo diferente: a capacidade de invadir o território inimigo. E é aqui que Colônias muda as coisas — ao contrário de Reversi ou Otelo, em Colônias você captura tudo o que sua peça em movimento toca em qualquer direção. É menos sobre delicadas sequências de giros e mais sobre manobras agressivas e abrangentes.


Sei que essa descrição pode parecer um pouco confusa quando escrita, mas acredite, a mecânica fica bem clara quase instantaneamente assim que você joga. Ou, na falta disso, você pode simplesmente assistir aos gifs que posto junto com esta review. E não, eu não passo horas fazendo isso só porque eu não tenho nada melhor para fazer da vida... tá, talvez eu não tenha, mas não é esse o ponto!

E isso é, basicamente. O jogo original para Atari ST deu uma variada nas coisas ao criar tabuleiros diferentes que limitavam as opções de mover as peças, enquanto a versão para Dreamcast foi um pouco além e em cima de mais tabuleiros ainda colocou um caótico modo para 4 jogadores com todo mundo começando a peça de todo mundo. Taí um board game que eu gostaria de jogar uma partida ou duas... ou ter quatro amigos para jogar... ou ao menos um, mas divago.


O ponto é que fora isso não tem muito mais escondido sob o capô. Colonies é exatamente o que a premissa promete: uma versão ágil e simplificada de um jogo de tabuleiro que existe há quase um século e meio. Sem cenas cinematográficas, sem campanha profunda, sem uma história complexa sobre por que os discos mudam de azul par rosa — apenas jogabilidade rápida e ágil. Você pagou por uma versão simples e modernizada do Reversi, e é exatamente isso que você recebe. Nada mais, nada menos.

E bem, o que eu disse? Ao menos uma vez na vida eu consigo fazer uma review sem enrolar.

MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 065 (Maio de 2000 - Semana 3)