domingo, 31 de janeiro de 2021

[PC] METAL & LACE: The Battle of Robo Babes (Agosto de 1992)[#625]


Um fato pouco conhecido é que antes de estrelar Frozen, Anna ganhava a vida sendo uma robo babe

Em um mundo ideal, os jogos seriam feitos de uma forma realmente simples: alguém tem uma ideia, tem a equipe pra realizar essa ideia e faz. Como você pode imaginar, a realidade frequentemente não é ... ideal. A realidade mais comum é que os estúdios pequenos não tem o dinheiro para bancar a produção de um jogo (especialmente uma que dura meses ou até anos), não tem a equipe jurídica, os contatos de logística e enfim o know-how todo de como fazer um lançamento em escala nacional do produto (o que não é nada simples), muito menos então em escala mundial simultanea.

Capa do original japonês

Por isso o mais comum é acontecer dos pequenos estúdios venderem um pitch da sua ideia para uma publisher que vai bancar a coisa toda e cuidar dos aspectos técnicos práticos que nenhum bando de caras numa garagem possivelmente poderia fazer. Como quem paga a banda escolhe a música, normalmente a publisher tem poder para interferir na produção do jogo e talhar aos gostos do seu entendimento - sendo o caso mais iconico sobre como a Atlus não vai a certos lugares com Persona que o roteiro claramente queria ir porque é a Sega que está pagando a coisa toda. Não é o ideal, mas esse é o mundo que temos e as coisas são assim hoje, e já eram assim em 1994.

Normalmente é assim que os jogos são feitos. Porém o jogo de hoje não é um jogo “normal”, como exatamente ele foi parar nas páginas da Ação Games é nada senão uma das histórias de desenvolvimento mais bizarras que eu já vi para um jogo. Não, corrijo, essa É a história mais bizarra de um videojogo em todos os tempos até onde me consta.

Porque é assim que as Robo Babes rolam, baby!

Lembra do FM Towns? Não, ninguém lembra

Okay, vamos começar do começo então: em 1992 a desenvolvedora Forest criou um jogo de luta porcaria para o FM Towns (um tipo exclusivo de PC que nunca foi lançado fora do Japão), e usou o truque mais antigo do mundo para empurrar o seu jogo de luta porcaria. Ou seja, boas e velhas robo anime tits. 

Em Ningyou Tsukai o jogador controla uma roboneta robô chamada Mimi e tem que vencer seis oponentes robolicious babes, todas robos controladas por belas jovens de anime. Após cada luta vencida uma imagem da oponente em um estado crescente de vestes sumárias é exibida. Se o jogador perder a batalha, é a protagonista que se despe.


O conceito do jogo é que em 2053 a humanidade desenvolveu uma tecnologia para operar robos a distancia, transferindo seus sentidos e pensamentos para uma máquina enquanto você opera seguro sentado numa cadeirinha. O que, basicamente, é a premissa do filme do James Cameroon se você substituir robos por aliens azuis gigantes e que hoje é mais lembrado por não ser o pior filme já feito a levar o nome “Avatar”. Ao menos por mim é.

Pois bem, você tem um jogo merda semi-hentai para um sistema que ninguém lembra que um dia existiu, tem anime tits e tudo mais. Como então diabos foi parar nas páginas da Ação Games? É aqui que as coisas ficam interessantes.


Ningyou Tsukai pode não ser um grande jogo... ou sequer um mediano... e acho que até mesmo chama-lo de “apenas ruim” já seria forçar a amizade... mas tinha alguns conceitos interessantes: robos e novinhas de anime, e no caso da protagonista um novinha de anime que opera um robo com forma de waifu. Não demorou muito até alguém pensar “hmm, a gente podia fazer um anime disso”.

Ao que prontamente outro ser mais iluminado prontamente respondeu: “anime de cu é rola, a gente vai fazer é logo um hentão da porra!”. E assim foi feito, Ningyou Tsukai virou um hentão plenamente desenvolvido!


Assim acompanhamos a policial Rika que opera a sua Silhouette (que é o nome dado aos robos operados remotamente) para investigar uma gangue que usa os Silhouettes para estupro e lutas ilegais. Isso é um hentai, então é necessariamente nessa ordem. Sabe, surpreendentemente esta é uma premissa bastante decente. Se não fosse usada em um hentai preguiçoso, poderia ser desenvolvida em um anime de verdade por uma equipe mais talentosa ligada. Seria como o primo distante de algo como Ghost in the Shell. Diabos, mesmo que você não quisesse abandonar a coisa do hentai e do estupro e tal, este é um cenário que o usuário sente tudo o que seu robô sente, e isso é usado pelos bandidos, então poderia ao menos ter sido usado para um hentai de nicho. Mas nem isso.

E sim, eu assisti a versão censurada disso no YouTube porque enquanto eu aprecio anime babes tanto quanto qualquer pessoa decente e respeitadora da moral e dos bons costumes, eu nunca realmente fui muito fã de hentai. Normalmente a animação é porca e as cenas de sexo tendem a ser tão excitantes quanto fantasias sobre sua tia Gumercinda.


Eis um fato interessante sobre isso para vocês, entretanto: alguns anos mais tarde Ningyou Tsukai (que significa algo como “Mestre dos Fantoches”), o hentão, foi lançado no ocidente com o nome de... SEXORCIST. Eu não to de sacanagem com vocês, alguém achou que esse nome paródia porno do Exorcista seria o ideal para esse hentão cyberpunk. Taqueopareo mesmo.

Mas tá, e como um jogo merda que virou um hentão não menos merda foi parar na Ação Games?


Bem, isso porque a MegaTech era uma empresa que estava nessa vida de pegar jogos semi-hentão japoneses e lança-los como uma versão family friendly apenas com uma leve pitadinha de decotes para o mercado conservador americano. Quando eles viram o hentão de Ningyou Tsukai e souberam que era baseado em um jogo de luta, rapaz, é aí mesmo que eles iam atacar e iam que iam quicando!

Assim Ningyou Tsukai foi lançado com o sugestivo nome de “Metal e Laços: A Batalha das Robo Gatas”. O que eu tenho que admitir que realmente é um bom nome, porém isso é tudo que esse jogo tem de bom. Hã, quer dizer, isso e o narrador da abertura:

Como dá para ver pela abertura, a MegaTech deu uma de Power Rangers aqui: manteve o cerne do jogo japonês, mas refez todo o entorno do jogo para reproposita-lo aos fins mais familiares americanos. Você entra em uma liga de luta clandestina que é gerenciada a partir de um bar decadente. Embora você possa escolher ser homem ou mulher, seu avatar na tela nas lutas sempre será uma robo-babe. O que faz sentido para o publico-alvo pretendido desse jogo, que certamente preferiria assistir meninas-robo batendo umas nas outras do que cybermeninos batendo uns nos outros, eu suponho.

Bem, eis aqui primeira surpresa (provavelmente decepção se você chegou a esse jogo a partir do titulo dele): as cutscenes de garotas nuas após as lutas foram retiradas, então tudo que você terá de robo-babes são uma ou duas personagens que parecem uma robo-Chun-Li desenhadas no Paint.


Quanto ao jogo... não prenda a respiração por causa do gameplay, okay? O que acontece com essas armaduras é que você pode comprar outras diferentes com o prêmio em dinheiro que recebe por vencer e escolher uma apropriada com base no próximo oponente - se acontecer de você descobrir o que seu próximo oponente estará usando (subornando um oficial). As armaduras podem ser ainda mais customizadas com pequenos itens de boost.

Isso promete um conceito de pedra-tesoura-papel: ah, o oponente vai usar a armadura de Samurai, então vou escolher... Uma ideia okay que não funciona muito bem. A diferença efetivamente relevante entre as armaduras se resume a um golpe especial único, os valores numéricos de coisas como dano e defesa não são realmente diferentes.


Derrotando todas as garotas, apenas no final você pode finalmente ver algumas fotos delas. De repente, ao invés da conversa fiada antes e depois das lutas, elas estão "dispostas" e mostram seu lado exibicionista. Mas, novamente, não espere nenhuma ousadia realmente grande, todas estão devidamente cobertas com biquinis (ou equivalente). Não que videojogos ocidentais nessa época oferecessem muito mais do que isso realmente, acredite que as imagens que você vê não são motivo para jogar este jogo.

VINDO DE UM DEGENERADO COMO VOCÊ, ISSO QUER DIZER ALGUMA COISA. EMBORA EU DESCONFIE QUE SE O JOGO FOSSE SOBRE FURRIES E NÃO ROBO BABES ESSE DISCURSO SERIA BEM DIFERENTE.

A man gotta do what a man gotta do. De qualquer forma, as chances são altas de você passar para outro jogo antes mesmo de sequer chegar às garotas de biquini já que esse é um jogo de luta bem bosta. Os controles são mais duros do que... hã, deixa pra lá essa analogia... e mesmo quando você consegue fazer as coisas, o jogo é sem variedade e cansativo muito rápido. A ideia era obviamente evitar isso por meio de armaduras e boosters, mas como isso não funcionou, você está basicamente preso seguindo a mesma tática again and again assim que encontra formula de lutar que a IA não neutraliza.

Supostamente existe um disquete vendido separadamente que habilitaria a segunda foto do Ningyoy Tsukai (a que mostra tits), a Ação Games até cita ele, mas se tal coisa realmente existiu não consta em lugar algum da internet

Então, bem, Metal & Lace é a versão ocidental family friendly de um hentão e isso não parece uma ideia realmente muito boa... então você entendeu bem a ideia desse jogo. Direto do cyberestupro de menores de idade para as páginas da Ação Games!

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
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