sábado, 30 de janeiro de 2021

[MD/SNES] THE GREAT CIRCUS MYSTERY STARRING MICKEY & MINNIE (ou Mickey to Minnie: Magical Adventure 2, no Japão) [Junho de 1994][#624]


Uma coisa que eu digo aqui frequentemente é, além de "uma coisa que eu digo aqui frequentemente", é que muitas reviews já estão escritas apenas de mencionar o conceito delas. "Jogo de plataforma no Amiga", bam, você já sabe o que esperar. Adaptação de alguma coisa feita pela Ocean, tá explicado todo o jogo. ECCO THE DOLPHIN, cataplau, direitos humanos básicos foram violados.

Agora, o interessante a respeito disso é que essa regra também funciona para o outro lado, se aplica para as coisas boas também. Jogo first party da Nintendo e RPG da Squaresoft, por exemplo, são definições que nos anos 90 você podia parar sua analise aí. Pronto, o jogo é awesome, obrigado de nada. O que é meio que verdade até hoje, alias, com certeza para a Big N e embora a Square dê uns tropicões feios de vez em quando, quando menos você espera eles tiram um Final Fantasy XIV - A Realm Reborn da bunda.


Então eis aí mais um conceito para vocês crianços que já é auto-explicativo, no espectro bom dos videojogos: jogo de material da Disney feito pela Capcom. Não tem como dar errado, e eu não lembro de em algum momento ter dado errado. Bem, verdade que naquela época tudo que a Capcom fazia era bom, mesmo quando eles estavam tendo um dia ruim o resultado ainda sim era pelo menos passavel.

E esse jogo é um excelente exemplo disso: mesmo quando a Capcom não acorda com o toba virado pra Lua, ainda sim o resultado é... totalmente okay.


Na nossa história de hoje, teremos um ambicioso olhar mais profundo sobre a pouco discutida relação entre o Mickey e a Minnie. Sabe, a Disney tem uns valores estranhos: ninguém no Disneyverso é casado ou tem filhos (exceto o Pateta, que de todos os personagens da Disney é o único que canonicamente já carimbou a passoquinha... vai entender) porque isso implicaria para o publico conservador americano que personagens de desenho fazem coisas pouco aprovadas por puritanos do século XVIII.

Porém como é necessário ter crianças na história então sempre brotam de lugar nenhum hordas e hordas de primos e sobrinhos de pais invisiveis, e isso é aceitavel para o publico americano porque, como eu sempre digo, americanos são essencialmente puritanos com iphones.

VOCÊ NUNCA DISSE ISSO NA VIDA ATÉ AGORA

Pode ser, mas a frase ainda sim é boa.

TÁ BOM, NÃO POSSO DISCORDAR...

Mas então, tem essa situação aí... e então o Mickey tem uma namorada a uns 100 anos e fica por isso mesmo. Assim como o Pato Donald, com efeito o único dos personagens principais da Disney que não tem um par feminino... é o que tem um filho, o Pateta. Vai entender. Mas então, na nossa história de hoje Mickey e Minnie saem ara um agradavel programa de fim de semana no circo, o que possivelmente poderia dar errado?


Bem, talvez porque o Mickey se atrasou por ter dormido até tarde. Isso porque ele ficou mais uma vez até tarde discutindo com advogados quais outras empresas a Disney poderia comprar em seu plano da Disney ser um monopolio mundial de absolutamente tudo, e ele ficou até as 4 da manhã tentando convencer os acionistas que eles deveriam comprar a Sega apenas para puni-la antes de destrui-la por dentro por terem feito uma atrocidade como ECCO THE DOLPHIN.

ESSE É VOCÊ, NÃO O MICKEY

Tenho certeza que esse é um rato bastante razoavel. De qualquer forma, Minnie demonstra toda complacencia de quem tá acostumada com essas merdas. Mas tudo bem, nada está perdido porque logo eles são encontrados pelo único personagem sexualmente ativo do Disneyverso:


Pateta avança com um olhar de quem VIU COISAS, o que para alguém que já teve que acordar as 3:45 da manhã para trocar fralda de criança preenchida com uma massa de alguma forma purpura, realmente significa alguma coisa. Então, é, eu diria que o circo foi pro saco mesmo e todo mundo desapareceu.


Eu quis colocar essa passagem em particular não porque ela é relevante para a história (não que a história seja relevante nesse jogo em primeiro lugar), mas porque provavelmente é o dialogo mais profundo de toda biblioteca do Super Nintendo de todos os tempos.

E você achando que precisaria esperar até Kingdom Hearts pra ver algo profundo ser feito com os personagens da Disney em um videogame...

Eu gosto de como tem 4758 patos na Disney, mas o Mickey reconheceria essa bunda em qualquer lugar

Dessa forma, Mickey e Minnie vão até o circo ver que caralhas aconteceu lá, porque o Pateta parece que viu coisas, descobrir onde estão Donald e o Pluto, e verificar se existe alguma forma legal que a Disney possa comprar a DC. Não necessariamente nessa ordem. E suponho que não precise ser o Sherbat Manholmes para imaginar que o Bafo-de-Onça tem alguma com isso.

Fato curioso: no original o João Bafo-de-Onça se chama apenas Pete, a adaptação brasileira que acordou com raiva da vida em uma manhã dessas.

Repare como os fantasmas estão numa posição que conseguem ver os ratos troucando de roupa, hmmm...

O Grande Mistério do Circo, estrelado por Mickey e Minnie, é uma sequência inequívoca e sem a menor vergonha disso, o que não é necessariamente ruim no caso de videogames. No caso, uma sequencia de MAGICAL QUEST STARING MICKEY MOUSE. Os elementos principais do primeiro jogo permaneceram, mas a jogabilidade e os níveis foram alterados o suficiente para que "The Great Circus Mystery" não pareça apenas uma expansão e sim um jogo novo

No que diz respeito à jogabilidade, é um jogo de plataforma bastante simples, embora com alguns truques divertidoss. O jogador assume o controle de Mickey ou Minnie (não tem diferença entre os dois), com o grande diferencial desse jogo em relação ao anterior sendo que nesse jogo um segundo jogador pode entrar a qualquer momento apertando Start - algo que inexistia no jogo anterior.

Esse é, inequivocadamente, o grande ponto de venda desse jogo e que por si só o diferencia de seu predecessor como um jogo próprio.


Na questão dos movimentos, ambos os ratos icônicos podem pular sobre os inimigos para atordoá-los e, então, pegar esses inimigos para jogá-los em outros inimigos no estilo Super Mario Bros. 2 com a qualidade e responsibilidade de controles que sempre podemos esperar de um jogo da Capcom. Ao que ela entrega, como de costume.

Agora o que esse jogo também pega do seu predecessor é a capacidade dos personagens de encontrar roupas diferentes, que alteram a jogabilidade dando novos poderes a eles. Aqui, Mickey e Minnie tem uma roupa de limpeza, uma roupa de explorador e uma fantasia de cowboy. 

O limpador permite que Mickie e Minnie suguem os inimigos com um aspirador, a fantasia de exploração lhes dá ganchos para escalar paredes, balançar em correntes e deslizar por cordas e trepadeiras. A roupa de cowboy não só dá aos jogadores a capacidade de pular mais alto com seu cavalo pula-pula, mas também dá a eles uma arma de brinquedo, permitindo um ataque de projétil desde você tenha munição (o aspirador também gasta munição).


O que é interessante é como o design dos níveis dá aos jogadores a chance de passar pelos níveis de maneiras ligeiramente diferentes, dependendo da roupa que usam. É certo que isso é mais verdadeiro para os trajes de exploração e cowboy, já que o traje de limpeza só é realmente útil quando você pega ele na primeira fase e pra lutar com um único chefe mais pra frente.

Quanto ao cooperativo, ele funciona satisfatoriamente bem, como a progressão nas fases não é muito frenética o jogo comporta bem os dois jogadores sem um outro ficando pra fora da tela, sendo deixado pra trás ou coisas do tipo. O tamanho dos personagens na tela também é adequado a essa proposta, então cabe tudo direitinho, você enxerga tudo direitinho e zaz.

É até impressionante o quanto a Capcom faz parecer fácil, como se não tivesse como ser de outra maneira, algo que tantas e tantas e tantas empresas apanham selvagemente para fazer que é um cooperativo funcional na quarta geração de consoles. Mais uma vez a Capcom sendo Capcom.



Visualmente, o jogo parece bastante bonito. Embora não tenha as mesmas animações fluidas de um de WORLD OF ILLUSION STARING MICKEY MOUSE AND DONALD DUCK, The Great Circus Mystery ainda chama a atenção com visuais nítidos e coloridos que capturam o visual dos curtas animados de Mickey. E sabe, é apenas quando você lembra de World of Illusion que você realmente entende o lugar desse jogo na vida.

Veja, TGCM não faz nada particularmente errado, o que é bom. Só que ele faz poucas coisas particularmente incriveis também, quando você pensa sobre isso. Um jogo lançado um ano e meio atrás para um console inferior tinha cooperativo para dois personagens com a jogabilidade diferente para cada modo de jogo (as fases mudam se você jogar com o Mickey, o Donald ou com os dois juntos), cada personagem tem suas próprias peculiaridades (sendo o mais notório o bundão entalador do Donald) e o jogo tem real gameplay cooperativo em que um jogador depende do outro para avançar.

Esse jogo... não faz nada disso. Enquanto ele não faz nada particularmente errado, também não faz nenhuma das coisas realmente grandes também e por isso mesmo ele é mais lembrado como... bem, ele não é realmente lembrado hoje em dia, ele meio que apenas está lá e isso é okay e isso é isso. Porque como eu disse, nessa época, mesmo os piores dias da Capcom ainda são perfeitamente aceitaveis.

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