domingo, 9 de abril de 2023

[#1082][Fev/97] ASSAULT SUIT LEYNOS 2

Em maio de 2020, bem no coração pungente da pandemia quando a gente literalmente não sabia se haveria um amanhã e a gente literalmente lavava as compras do supermercado, eu falei de um jogo curioso para o Super Nintendo: CYBERNATOR, que no Japão é chamado de "Assault Suit Valken".

Hoje, quase três anos depois, a vida é bem melhor do que era então, mas tipo muito melhor. Estamos todos vacinados, ninguem mais lava as compras do supermercado e tudo basicamente já voltou ao normal. E sabe o que também é melhor do que foi em maio de 2020? A continuação de CYBERNATOR, o terceiro jogo da série Assault Suit!

ESPERA, MAS SE ESSE JOGO É O ASSAULT SUIT LEYNOS 2, COMO ELE É O TERCEIRO DA SÉRIE?

O primeiro Assault Suit é um jogo de 1990 e se chama "Assault Suit Leynos", que foi lançado no ocidente sob o nome... "Target Earth"... pq esse jogo saiu para o Mega Drive e é o tipo de coisa que a Sega faz. Quer dizer, é um nome baita legal "Assault Suit Leynos", mas não pra Sega, obviamente...

Seja como for, isso é importante pq Assault Suit Leynos 2, como o nome pode dar a dica, é uma sequencia do primeiro jogo de 1990 e nao de CYBERNATOR. O que isso significa? Bem, que esse jogo tem essencialmente a jogabilidade básica e level design do primeiro jogo, apenas com um aprimoramento ou outro de CYBERNATOR

Taí a história do jogo que nunca foi lançado no ocidente, divirtam-se

Tipo, ao contrário do jogo do Super Nintendo, muitas das fases são basicamente fases de tiro ao estilo shmup no céu ou no espaço sideral, ou então fases onde o objetivo é matar tudo à vista e ocasionalmente algumas onde vc tem que proteger outro veículo.

Descrevendo assim isso parece um downgrade em relação ao jogo do Super Nintendo, já que CYBERNATOR tinha um level design mais variado e com objetivos mais criativos... porque esse jogo é essencialmente o que é. Sendo a continuação do primeiro jogo, ele é essencialmente um jogo de 1990 só que com gráficos melhores que o Saturn podia proporcionar (embora não seja o topo do que o console pode entregar em jogos 2D, isso tem que ser dito). Então pq eu disse que esse jogo é melhor do que eu falei em 2020?

INSANIDADE CAUSADA PELO EXCESSO DE SOLIDÃO, BASICAMENTE.

É, não tá errado, mas o meu ponto aqui é que o forte desse jogo é sua jogabilidade atualizada. Por padrão, seu mecha trava a mira automaticamente no inimigo mais próximo, não realmente diferente do que não funciona tão bem assim em SHINREI JUSATSUSUSHI TAROMARU

O truque aqui, entretanto, é que você ativar e desativar a mira automatica a vontade apenas apertando o botão L, de modo que assim você tem absoluto controle dessa mecanica e pode coloca-la para trabalhar ao seu favor, o que funciona bastante bem em um run'n gun, afinal.

Os gráficos, como eu disse, não são o creme da pitanguinha do que o Saturn pode entregar - especialmente em jogos 2D - mas não quer dizer que não tenha seus momentos, em especial as partes moveis no seu mecha, ou os chefes que tem várias vezes o tamanho do seu mecha.


Porém a melhor parte mesmo que eles resgataram do primeiro jogo e que ficou ausente em CYBERNATOR é que aqui você tem a chance de personalizar seu mecha, dentro de um limite de slots e de peso. Para mim, o recurso de modificação do jogo de 1990 é o seu único destaque (que fora isso é um run'n gun bem esquecível), então é bom ver esse aspecto voltar em Leynos 2. 

E que retorno ele traz, pq você tem uma tonelada de gadgets para mexer desta vez: você pode escolher seis armas para levar para a fase (embora você só pode ter duas atribuidas aos botões, as outras 4 ficam na reserva e vc pode equipa-las durante a fase), dispositivos que afetam a movimentação do seu mecha e e diferentes tipos de armadura para escolher - com maior durabilidade ou regeneração de dano, por exemplo. 

Para desbloquear as peças vc precisa de pontuação, que é atribuida com base no número de inimigos mortos, dano recebido e o tempo que leva para completar um nível. Se você jogar bem suas cartas, pode até receber um novo mecha para jogar! Embora eu tenha que advertir desde já pra não criar muitas expectativas, o jogo não tem tanta variação de mechas como um METAL WARRIORS da vida por exemplo, a maior diferença é mais nos stats mesmo.

Agora, tem duas coisas que eu preciso apontar. Primeiro é que tem muitas opções de customização para um jogo que dura aproximadamente 40 minutos. Se fosse algum tipo de Action RPG abrangendo dezenas de estágios e objetivos, teria funcionado melhor. Além disso, o jogo nunca foi lançado fora do Japão, então navegar nos menus é possível já que grande parte dos nomes está em inglês, mas não exatamente simples pq as explicações estão todas no idioma niponico.

Então ao que se propõe a fazer, Leynos 2 é um run'n gun frenético para o Saturn. Uma pena realmente que o level design parece preguiçoso, em especial se você compara-lo com o CYBERNATOR de 1993. Leynos 2 começa cheio de gás na primeira fase do jogo, quando você lidera um esquadrão de mechas que saltam de um porta-aviões sobre uma floresta. Após abrir caminho pela floresta com seu esquadrão (e eles atiram em inimigos, tem suas proprias barras de vida e lutam de verdade), você vê o chefe, um enorme mecha-tartaruga que você precisa destruir as partes dele individualmente para vence-lo. Isso , obviamente, deixa você querendo mais ... só que de alguma forma, você acaba recebendo menos.

Enquanto é verdade que você ganha mais ação frenética, felizmente, as fases que se seguem são curtas e pouco inspiradas:


A fase 2 é essencialmente só ir pra direita, lutar brevemente contra um canhão gigante e lutar brevemente contra algumas ondas de inimigos. A fase 3 é apenas arena que você luta contra alguns mechas. A fase 4 é uma missão de escolta que se passa em cenário sem vida, que é simples se você apenas correr à frente do comboio e atirar em tudo que aparecer.

Os estágios 5, 6 e 7 são basicamente batalhas espaciais estilo shmup.


E isso que é o jogo. Uma aula de level design ou pelo menos a variedade de fases de CYBERNATOR esse jogo não é, isso posso te garantir. Mas bem, pelo menos quando você termina tudo, o jogo é gentil o suficiente para te dar um new game + com todo o seu equipamento adquirido e a dificuldade se ajusta de acordo. Mas, falando sério, a customização detalhada é desperdiçada em um título tão simples.

Mas por outro lado, felizmente esse jogo não tem o problema de versão americana de CYBERNATOR que é PARAR O JOGO QUANDO OS NPCS FALAM, E ELES FALAM O TEMPO TODO! Aqui não, o jogo segue com o pessoal batendo papo em japonês na parte debaixo da tela. Como você deveria ler alguma coisa com o pau cantando na casa de Noca, mas suponho que vocês deveriam ter pensado nisso antes de aprender japonês!


Seja como for, é um run'n gun okay. Seria melhor mais longo e com um pouco mais de esforço no level design, mas pra ruim esse jogo não serve.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 119 (Setembro de 1997)