[#1084][Set/97] MORTAL KOMBAT 4 (e seu update "MORTAL KOMBAT GOLD")

Como as coisas estão muito calmas por aqui, chegou a hora de dar uma agitada! Pq é hora de... inspira...

MOOOOOOOOOOOOORRRRTTTAAAAAALLLLLLL KKOOOOOOOOMMMMBBBBAAAATTTT!!!!

E aí amiguinhos, todos prontos para testar seu maiguiti? É bom que estejam, pq esse não é apenas um update de MORTAL KOMBAT 3 como ULTIMATE MORTAL KOMBAT 3 e MORTAL KOMBAT TRILOGY foram. É um Mortal Kombat inteiramente novo, saído 0km do forno com uma proposta completamente do zero...

... e os fãs absolutamente odeiam esse jogo.

Agora, em todos esses anos na industria vital, é uma opinião bastante recorrente na interwebz que MK4 é pavoroso, horrendo, tenebrilson, o ponto mais baixo do baixo da franquia e eu sempre achei essa afirmação bastante curiosa. Eu lembro de ter jogado bastante MK4 na época, e jogado a versão de PS1 que supostamente é a pior de todas (ficando atrás da versão de N64 e, obviamente, do arcade) e ainda sim não achei esse choro e ranger de dentes todo.

Mas então, na época eu era apenas uma criança idiota e não realmente sabia nada sobre nada da vida. Ou talvez esse jogo seja tão ruim assim e os fãs apenas sejam chatos pra caralho... ou, vc sabe, eles são fãs de Mortal Kombat, não é como se eles soubessem identificar um bom jogo de luta mesmo que este os pirocasse em suas respectivas faces.

Bem, vamos a isso então...

Pra começar, uma critica é que a história do jogo é relativamente simples em comparação com MORTAL KOMBAT 3. O que é verdade, mas diz mais a respeito de MORTAL KOMBAT 3 se enrolar do que essa aqui ser ruim realmente. Quer, o que rola aqui é que milhares de anos atrás um dos Deuse Anciões chamado Shinnok tentou dar um golpe de estado nos seus coleguinhas Deuses Anciões... o que fracassou miseravelmente e ele foi aprisionado no inferno para ser torturado por toda eternidade.

Ou teria sido, não fosse que SEMPRE tem um cultista filho da puta que quer fazer uma barganha com um deus preso no inferno em troca de poder ilimitaaaaaado. Com efeito, essa é a trama de MORTAL KOMBAT MYTHOLOGIES: Sub-Zero em que esse FELO DA POUTA (o feiticeiro Quan Chi) usa os serviços do ninja Sub-Zero para conseguir o amuleto que vai soltar Shinnok do inferno.

E... bem, ele conseguiu, e agora as coisas se resolvem na boa e velha ultraviolencia: os guerreiros da Terra querem moer Shinnok de porrada, enquanto seu feitceiro Quan Chi cata alguns FILHOS DE UMA RONCA E FUÇA para serem os caras do mal e... é isso. Tem um BBEG e seus capangas, temos que soca-los... ou se vc quiser jogar com eles socar os mocinhos.

O que nos leva a primeira crítica a esse jogo que é o seu cast... uma crítica que eu não realmente entendo pq ele tem o elenco básico do primeiro MORTAL KOMBAT e de MORTAL KOMBAT 2 com adição de novos personagens que não são todos terríveis realmente.

Do jogo original temos Goro, Jax, Johnny Cage, Liu Kang, Noob Saibot, Raiden, Reptile, Sonya, Scorpion e Sub-Zero. Olha, não é pouca coisa, tem o elenco que realmente importa de MK com pouca coisa faltando (tipo Kitana ou Kung Lao), não é o fim do mundo. E, como eu disse, os personagens novos não são tão terríveis... não tão todos, pelo menos.

NÃO SÃO, É?

Tá, tudo bem, a maioria deles é terrível, porque foda-se quem liga pra Jarek e Kai, mas pelo menos eu consigo visualmente diferenciar um personagem do outro, o que é mais do que eu posso dizer dos 829 ninjas que são apenas um color swap um do outro.

E sim, Shinnok não tem exatamente o melhor design para o vilão do mal que odeia o bem, eu tenho bastante certeza que tinha como ser mais ameaçador do que... bem, ISSO:

Então, é, o design dos personagens desse jogo não é exatamente estelar...

Mas bem, vamos então falar do grande elefante branco na sala: o grande motivo pelo qual esse jogo é conhecido é pq foi o primeiro Mortal Kombat a abandonar os atores digitalizados e usar gráficos 3D - porque é o que todos garotos descolados estavam fazendo na época, afinal, até Stret Fighter tentou ter a sua versão 3D com STREET FIGHTER EX PLUS ALPHA.

O problema é que mesmo para um jogo de 1997 esse gráficos não eram exatamente bonitos e a tecnologia dava pra fazer bem melhor do que isso, é só comparar com outros jogos lançados na mesma época como TEKKEN 3:

É muito verdade que a Acclaim tinha dinheiro de sobra para fazer gráficos melhores em 1997 e que MK era sua principal franquia afinal e logo você assume que seria do melhor interesse deles fazer os melhores gráficos possiveis... mas esse não é o caso aqui, com certeza.

Mas tá, não vamos também implicar muito com os gráficos de um jogo de 97, vamos implicar com o gameplay... que não é muito melhor realmente. Com efeito, é o ponto baixo do jogo... e isso é meio ruim em um jogo de luta, sabe?

Uma mudança conceitual nesse jogo é que todas as gracinhas (babalities, friendships, etc) foram tiradas e o jogo é apenas violencia e sangue de poligonos

Como eu posso colocar... bem, Mortal Kombat 4 é essencialmente MORTAL KOMBAT 3 só que dentro de uma engine 3D. MK4 não tenta nada radicalmente novo realmente, apenas tenta MK3 fazer funcionar com bonequinhos 3D e meio que é isso. Então olhando de fora o jogo parece radicalmente diferente por causa dos gráficos, mas assim que vc pega o controle nas mãos a sensação que vc tem é que é o mesmo jogo que vc jogou antes... só que piorado.

ESPERA, ISSO NÃO É EXATAMENTE A MESMA DESCRIÇÃO DO QUE A MIDWAY FEZ NO HORROROSO WAR GODS ?

Basicamente isso, só que sem a parte do horroroso. Isso pq se WAR GODS foi feito pelo time B da Midway tentando aprender a usar a engine, Mortal Kombat 4 foi feito pelos seus melhores membros e usando os erros do time B como aprendizado e por isso felizmente não incorre nos mesmos erros.

Os combos não são balanceados e é fácil fazer combos infinitos aos quais o oponente não tem como reagir. Ao invés de equilibrar o jogo, a solução que a Midway escolheu foi criar esse "MAXIMUM DAMAGE" que trava o combo após determinada perda de energia. Programação top, eu te digo.

Isso significa, por exemplo, que as arenas não são ridiculamente pequenas ou a hit detection não é amadora. Não, tudo que faz aquele jogo puro sofrimento e dor foi corrigido nesse jogo... o que não é suficiente para fazer esse MK bom, mas pelo menos não é terrível.

"Não é terrível, mas também não é bom" é meio que o tom da jogabilidade aqui. Embora Mortal Kombat 4 ainda tenha os combos e fatalidades violentas que os fãs da série aprenderam a amar – o que sempre é algo interessante de ver – a sensação geral é que os controles são uma versão mais travada de uma jogabilidade que não era exatamente fluída em primeiro lugar.

Verdade seja dita, Mortal Kombat nunca foi tão intrincado e sofisticado quanto os jogos de luta da Capcom e da SNK, com Kombat frequentemente tomando atalhos baratos com seus personagens e golpes. Não é nenhum segredo que muitos dos personagens sempre exibiram estilos de luta semelhantes, mudando apenas a cor ou sprite dos seus projeteis. Isso ainda prevalece aqui, com muitos dos ataques básicos dos personagens parecendo estranhamente familiares entre si - os pisões do Quan Chi, por exemplo, são um teleporte com pisão que você já viu em pelo menos uns 5 personagens antes na franquia MK.

Só que se você acha que MK 4 não trás nada de novo para a mesa que senão ser um port 3D dos jogos anteriores... bem, está certo. Mas ainda sim a Midway viu o que estava fazendo sucesso por aí e num esforço que claramente foi colocado de ultima hora, tenta seguir as tendencias dos jogos de luta 3D após o sucesso de SOUL EDGE e agora os personagens tem armas.

Teoricamente.

Eu digo "teoricamente" pq sim, durante a batalha os personagens podem sacar uma arma própria a cada personagem e essa arma aumenta o alcance e o dano... só que essas armas são incrivelmente fáceis de serem derrubadas da sua mão e não existe comando pra pegar elas de volta. Tudo que vc pode fazer é sacar outra no próximo round, que também vai durar um segundo ou dois na sua mão. Então não é algo com que vc realmente pode contar.

Mas tá, nem tudo é ruim: tem também um modo tag team (pq agora é a hora de se inspirar no sucesso de THE KING OF FIGHTERS), só que tem um toque legal que eu realmente gostaria que mais jogos tivessem se inspirado: esse modo pode ser cooperativo, com cada lutador da dupla sendo controlada por um jogador. Assim dois jogadores podem jogar o modo campanha juntos em um tag team e isso é legal, tipo verdadeiramente legal.

A IA desse jogo é outra coisa que não funciona exatamente bem, com a dificuldade aparentemente flutuando bastante entre as lutas. Você pode estar jogando em qualquer nível de dificuldade no modo história e as lutas passarão de uma moleza para um desafio felodaputa e vice-versa sem muito critério. Essa dificuldade flutuante se aplica até mesmo dentro da mesma luta, pq você pode apanhar que nem um condenado no primeiro round e ganhar o segundo como se o jogo estivesse no very easy.

E mostrando que a Midway tava de olho no mercado e copiou todo mundo MESMO, esse jogo também tem o modo Theater de TEKKEN 3, onde você pode ver os finais em CG (no PS1, no N64 são cutscenes com gráficos do jogo mesmo) que se enquadram na categoria de serem tão ruins que são bons e são a coisa mais verdeiramente interessante desse jogo. Pense nas atuações terríveis das cutscenes de MORTAL KOMBAT MYTHOLOGIES: Sub-Zero, só que com gráficos em CG terríveis de 1997.

Eu defendo que Mortal Kombat nunca foi exatamente bom, e a tentativa de apenas fazer o mesmo jogo só que em 3D de Mortal Kombat 4 não realmente fez nenhum favor a série. Pode não ser o desastre nuclear que os fãs dizem que é, e com certeza não repete os erros atrozes de WAR GODS, mas usar uma palavra como "bom" para descrever esse jogo seria uma palavra bem forte.

Mas hey, ao menos ele pode proporcionar um pouco de entretenimento jogando com amigos - especialmente com sua dublagem completamente ininteligivel e ocasionais bugs de corpos flutuando... é, talvez não pelos motivos certos. De qualquer forma, até não tanto pro PS1 que tem de facto vários jogos de luta bons, mas pelo menos pro Nintendo 64 esse jogo não é realmente pior do que qualquer coisa que saiu pro console como WAR GODS ou MACE: The Dark Ages.

Então isso é alguma coisa, mas não é muito também.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 119 (Setembro de 1997)