Uma informação que não é exatamente fácil de encontrar é quantos jogos no total foram lançados para o PS1 ao longo de toda sua vida. O número oficial da Wikipédia é 3061, embora algumas listagens cheguem até 8100 (provavelmente considerando versões diferentes e peculiaridades de censura regionais).
Alguns nesses jogos vão figurar nas listas de favoritos, outros nas listas de piores jogos, porém se tem uma certeza que eu tenho sob este céu azul resplandecente é que entre os milhares de jogos lançados para PS1 MACHINE HUNTER não vai figurar em lista nenhuma de absolutamente ninguém dado que esse é o jogo mais esquecível já criado na face da Terra. Sério, eu já tive desafios brutais para jogar jogos nesse blog, mas poucas coisas se comparam a tentar ficar acordado jogando esse daqui pq pouta que o pareo, que jogo chato da porra!
Mas vamos começar do começo...
Machine Hunter começa com um conceito bastante interessante: depois de matar um robo inimigo ele fica em curto-circuito e você pode assumir o controle dele. Ora, esse na verdade é um grande conceito e foi muito bem explorado em METAL WARRIORS!
Então, yeah, a ideia não é ruim... o que é ruim é que meio que foi só até esse ponto. Alguém disse no escritório da Core Design "vamos fazer um top down shooter copiando LOADED mas usando aquela ideia de METAL WARRIORS", saiu para almoçar e nunca mais foi visto novamente.
Nossa história aqui é que estamos no 2034, e colônias de robôs foram instaladas em Marte para realizar operações de trabalho intensivo. Aí pq não tinham absolutamente NADA melhor pra fazer, os alienígenas decidiram encostar no planeta vermelho e reprogramaram esses robôs em máquinas de matar assassinas.
Pra que, vc pergunta? Ora, invadir a Terra, é claro! ... usando maquinário de construção civil hackeado em Marte... é claro... pq isso faz algum sentido... é claro... seja como for, você é o único sobrevivente capaz de lutar da coisa toda e agora tem que destruir todas as máquinas renegadas e salvar os reféns. Como? Supersimples realmente: você também tem um traje especial que permite “habitar mentalmente e fisicamente um robô” (palavras do manual).
O QUE ESSAS PALAVRAS AO MENOS SIGNIFICAM? COMO ASSIM HABITAR MENT...
... OH. OKAY, PRA MIM CHEGA, TO INDO EMBORA.
Quisera eu poder fazer o mesmo, Jorge. Pq veja, ESSA foi a parte do jogo onde eles realmente colocaram algum esforço criativo. Daqui pra frente a coisa vai que vai rolando ladeira abaixo em velocidade mach 5.
E pq eu digo isso? Pq não tem nada pior que jogar um jogo que não é nada senão uma versão piorada de outro jogo. Na verdade tem sim: se o jogo que eles estão copiando em primeiro lugar já é pouca coisa acima do medíocre como é o caso de LOADED. Bem, a Eurocom e a MGM Interactive com certeza não receberam o memorando, já que Machine Hunter é xerox piorado do LOADED da Interplay.
Ambos os jogos são top down shooters. Ambos jogos têm muito sangue. E ambos os jogos têm uma iluminação maneira. No entanto, enquanto Loaded tinha um bom ritmo e fases com um tamanho adequado, Machine Hunter tem fases que se arrastam e arrastam devido principalmente ao fato que você precisa de pelo menos meia duzia de tiros mesmo para matar o mais básico dos inimigos.
Sério, tudo bem que esse jogo é dificil e tal pq ele é basicamente um bullet hell em forma de TDS, mas pouta que le o pareleo, precisava MESMO disso:
UAU, ENTÃO ESSE JOGO PARECE REALMENTE A COISA MAIS TERRÍVEL JÁ CRIADA PELO HOMEM DESDE A SANDALIA CROCS NA CHUVA!
Err... não tanto. Apesar dos seus problemas, Machine Hunter nada mais é do que um clone de LOADED (que já não é lá essas coisas) cansado e tedioso. Mas ele tem algo positivo a seu respeito sim, que é o coop: ao contrário de outros top down shooters como SOLDIERS OF FORTUNE ou ZOMBIES ATE MY NEIGHBORS, no modo de 2 jogadores a tela se divide quando os jogadores se separam (dado que os consoles da 5a geração tem capacidade para isso, ao contrário do SNES e Mega Drive) e isso torna uma experiencia coop bem melhor do que um viver "trancando a tela" do outro.
Então se por algum motivo você absolutamente precisa jogar um Top Down Shooter cooperativo com o espirito arcade (ou seja, jogue por alguns instantes até a dificuldade insana do jogo comer a sua ficha)... é um desejo bastante especifico, mas Machine Hunter se presta isso.
Ainda sim, a grande verdade verdadeira da vida é que esse jogo é ... ridiculamente esquecível. Eu sei que eu já disse isso nessa review, mas é um clone pobre de um jogo que já não é espetacular, queria o que também, né?
Enfim, com um enredo que beira o inexistente, level design irritante e uma dificuldade que não faz nenhum sentido desde os primeiros dias do Nintendinho, Machine Hunter pega a ideia de METAL WARRIORS de trocar de mecha no meio do jogo e o coloca bem porcamente em LOADED. O que realmente te faz pensar que o jogo do SNES foi feito por uma empresa japonesa e esse aqui é um jogo europeu. E ser feliz com jogos europeus dos anos 90 exige muito mais fé do que qualquer religião já conseguiu angariar um dia.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 122 (Dezembro de 1997)
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 042 (Setembro de 1997)