sábado, 15 de março de 2025

[#1421][Set/1999] TIME STALKERS (ou "Climax Landers" no Japão)


Quando eu li a respeito de Time Stalkers na Gamers e vi que o jogo era um crossover todos os jogos da Climax, a minha primeira reação foi "... espera, que TODOS os jogos da Climax"?

Isso porque antes de começar esse blog eu sequer tinha ouvido falar da Climax como desenvolvedora, quanto mais já ter jogado algum jogo deles - quiça todos eles. Oito anos depois, aqui estamos nós.


O que é que rola aqui: Time Stalkers se passa em um universo onde uma força maligna do mal que odeia o bem juntou pedaços de diferentes mundos paralelos em um só lugar, o que faz com que nosso protagonista vampiro, Sword (sério, esse é o nome dele?), precise descobrir como diabos foi parar ali. No caminho, ele acaba se aliando a heróis de LANDSTALKER, Ladystalker (o jogo da Climax para SNES cujo nome ninguém achou problemático na época) e DARK SAVIOUR.

Agora, lembra quando eu disse que joguei esses três jogos? Pois é, se eu não lesse minhas próprias reviews de LANDSTALKER e DARK SAVIOUR, eu não lembraria de praticamente nada. Quer dizer, tem uma coisa que ficou gravada: o quanto eu odiava as sessões de pulo com câmera isométrica. Porque, claro, nada como tentar precisão milimétrica nas diagonais em um joystick com D-pad de quatro direções.


Bem, a boa noticia aqui é que esse crossover não tem tem nenhuma sessão de pulo, louvado seja Arceus. A noticia ruim é que o crossover da Climax não é muito mais memorável do que tudo que a Climax fez que não se chame SHINING FORCE.

Time Stalkers é um RPG de dungeon crawling com elementos roguelike, o que soa intrigante no papel, mas a execução é tão emocionante quanto... bem, quanto um jogo da Climax. O loop de gameplay envolve descer por masmorras geradas aleatoriamente, lutar contra inimigos em batalhas de turnos e coletar loot, mas rapidamente se torna repetitivo devido a falta de profundidade ou mesmo qualquer coisa que não seja o mais básico do básico do jrpg (ataque/item/magia).


Pra não dizer que o jogo não faz nada NADA de diferente, existe uma mecanica que você pode capturar inimigos e formar sua party com dois bonecos inimigos, eles retem os mesmos ataques que usaram contra você. Capturar eles funciona como Pokémon, você atira uma capsula e tem uma chance de funcionar ou não - sendo que a chance depende do seu atributo de carisma. Mas não espere nada muito elaborado. Como todo o resto do jogo, essa mecânica é superficial e pouco recompensadora.

Um dos maiores problemas de Time Stalkers é justamente sua falta de identidade, esse jogo não tem nada de particularmente memorável. Embora o conceito de crossover seja divertido em teoria, o jogo não faz nada com esses personagens ou seus mundos para os diferenciar de qualquer dungeon crawler gerado aleatoriamente.

Parece que nos encontramos novamente após todos estes anos, Nigel e seus pezões gigantescos!

Não que Sword, o protagonista vampiro, ajude muito pq ele é tão genérico quanto o nome sugere, e os outros personagens de LANDSTALKER, Ladystalker e DARK SAVIOUR não se saem muito melhor. Eles parecem mais cameos do que partes integrantes da narrativa, o que é uma oportunidade perdida de criar algo verdadeiramente especial para os fãs dos trabalhos anteriores da Climax… você sabe, todos os três deles.

E vamos falar sobre o sistema de progressão - ou, mais especificamente, a falta dele. Não só você perde seu nível, os níveis dos monstros que você capturou e os upgrades de atributos quando morre (o que já era esperado de um roguelike), mas também perde tudo isso quando TERMINA uma masmorra. Isso mesmo, mesmo se você sobreviver à masmorra, ainda volta à estaca zero.

Por alguma razão, o comando pra colocar o monstro capturado na sua party é o RELEASE - que não apenas solta o monstro fora 

A única coisa que você mantém é seu equipamento, o que é como ouvir “Ei, pelo menos você ainda tem seus sapatos!” depois que sua casa pega fogo. Mas nem isso dá pra comemorar muito, pq vc só pode entrar na dungeon carregando 4 itens contando o seu equipamento, ou seja, o jogo só permite você começar a dungeon com a roupa do corpo e tem que arranjar itens de cura e os caramba tudo lá dentro... torça para dropar itens de cura, já perdi mais de uma run pq eu cheguei até o primeiro boss e o jogo não me deu um único item de cura nem pra dar "bom dia"

Seja como for, meu ponto é que a sensação constante de “voltar à estaca zero” é frustrante, para dizer o mínimo, e suga grande parte da diversão que poderia existir em pelo menos evoluir seu personagem - que é a graça do dungeon crawler. Mesmo roguelikes costumam te atirar um osso melhor do que isso pra você não sentir que está começando o jogo do zero toda e cada vez.

No jogo você tem 4 barras: HP, MP, Stamina (seus ataques fisicos consomem Stamina, os mágicos MP) e fome, que é o seu "tempo" na dungeon e se esvaziar você começa a tomar dano. Você pode procurar itens nas salas que o mapa mostra laranja apertando X, só que por alguma razão isso aumenta sua fome.

Visualmente, Time Stalkers é... okay, eu acho? Quer dizer, eu nunca fui muuuuito fã do estilo visual da Climax (nem em SHINING FORCE eu sou o maior fã do traço deles) e aqui os designs dos personagens são decentes, e há um certo charme na forma como os diferentes mundos são costurados, mas a apresentação geral é medíocre. As masmorras são sem graça e repetitivas, e a câmera, embora felizmente não seja a câmera isométrica clássica da Climax (nada daquela tortura de “adivinhe qual pixel é a borda da plataforma”), também não é nada especial. É funcional, mas só isso. A trilha sonora é esquecível, sem faixas marcantes que elevem a experiência.

No final das contas, Time Stalkers é um jogo que já não tinha muito potencial - quer dizer, não é como se as pessoas estivesse clamando por todos os heróis da Climax juntos - e ele entrega mais ou menos o que você esperaria dele. O conceito de crossover é uma ideia legal, mas não é suficiente para carregar o jogo quando a jogabilidade central é tão sem graça e o elemento roguelike não faz nenhum favor ao jogo.

Para os fãs dos títulos anteriores da Climax, pode haver algum valor nostálgico em ver personagens como Nigel de LANDSTALKER ou Bilan de DARK SAVIOUR fazendo uma aparição, mas mesmo isso não é suficiente para tornar Time Stalkers uma experiência memorável. É um jogo fácil de esquecer... assim como a maior parte do catálogo da Climax.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 152 (Junho de 2000)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 074 (Maio de 2000)


MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 045 (Outubro de 1999)


EDIÇÃO 064 (Maio de 2000 - Semana 2)