sábado, 22 de março de 2025

[#1427][Set/1999] AGE OF EMPIRES 2: The Age of Kings


Então, quarto jogo seguido nesse blog que é uma continuação sendo que os ultimos eram menos "uma continuação" e mais "o mesmíssimo jogo com uns badulaques extras". Hã, parece que é assim que a gente rola agora.

E não ajuda muito que eu naõ seja exatamente o maior fã do mundo do primeiro AGE OF EMPIRES. Não é nem que eu ache ele ruim, é um jogo de estratégia em tempo real (RTS) decente, sinceramente ele tentava ser SID MEIER'S CIVILIZATION 2 com mais ação e não era particularmente espetacular nem na ação, nem na parte da civilização. É um dos jogos já feitos, definitivamente.

Corta agora pra dois anos depois e temos Era dos Impérios 2: Era dos Reis. Dado esse contexto que eu expliquei, suponho que vocês vão entender quando eu disser que não estava particularmente empolgado para todas essas Eras de hoje.


Então eu vou começar essa review dizendo que, logo de cara, assim, papum, a Microsoft já resolveu o maior problema do jogo anterior: a falta de foco. Agora Age of Empires é pra tiro, porrada e bomba e deu. Acabou. É nisso que ele foca, e ao tentar fazer menos coisas ao mesmo tempo ele consegue as executar MUITO melhor.

Para explicar o que, exatamente, eles fazem aqui suponho que seria bom eu explicar para aqueles que não estão familiarizados com RTS, o loop do jogo - que é fácil de entender, mas mesmo assim oferece bastante o que fazer. Veja como funciona:


Coleta de recursos: você começa com um pequeno grupo de aldeões e um centro da cidade. Seus aldeões coletam recursos — comida, madeira, ouro e pedra — que são usados ​​para construir estruturas, treinar unidades e avançar através das eras.

Construindo e expandindo: você usa seus recursos para construir edifícios como quartéis, campos de tiro com arco e estábulos, que permitem que você treine unidades militares. Você também pode pesquisar tecnologias que tornam suas unidades melhores: o carrinho de mão, por exemplo, permite que os peões se movam mais rápido e carreguem 15% mais carga em cada viagem entre o local de coleta e largar no centro da cidade (ou um ponto de depósito, que você pode construir perto de onde os peões coletam recursos para economizar viagem e pegar recursos mais rápido)


Avançando através das eras: o jogo é dividido em quatro eras — Era das Trevas, Era Feudal, Era dos Castelos e Era Imperial. Avançar para uma nova tem um custo bem alto (tipo 800 de comida e 300 de ouro para ir para a Era dos Castelos), mas ir para uma nova era desbloqueia novas tecnologias, unidades e edifícios, dando a você mais opções. Desnecessário dizer que, assim como aconteceu na vida real, estar tecnologicamente a frente é a chave para passar o carro nos nepomucenos.

A Era dos Castelos, por exemplo, desbloqueia a possibilidde de construir templos e treinar monges que podem curar no campo de batalha - o que é uma pouta vantagem sobre os salamandras Cro-Magnon que estão com tacapes torcendo pelo melhor.


Combate e conquista: o objetivo final é derrotar seus oponentes. Isso pode ser feito destruindo seu castelo (ou prefeitura) ou construindo uma Maravilha e defendendo-a por um determinado período de tempo - ou seja, mesmo que você construa a Maravilha, no fim do dia ainda é sobre porrada e é a esse tipo de cois que eu me refiro que esse jogo é muito mais focado que o anterior.

O combate aqui é rápido e funciona em um sistema de pedra-papel-tesousa: cavalaria vence arqueiros, lanceiros vencem cavalaria, porretadores vencem lanceiros). Não é dificil entender, mas é dificil masterizar.


E é justamente isso que faz a beleza do Age of Empires 2, seu equilíbrio. A jogabilidade é acessível o suficiente para que os novatos entendam e joguem, mas oferece ferramentas para dar aos veteranos bastante no que afundar os dentes. Com efeito, eu diria que esse é um dos melhores combates que eu já vi no genero - talvez não tenha a variedade dos poderes de cada raça de STARCRAFT, mas na proposta de fazer combates medievais essse é o mais divertido que eu já vi até aqui.

A prova disso que eu estou falando é que a remasterização da Definitive Edition de 2019 (e suas atualizações contínuas até 2023) trouxeram o jogo para a era moderna com gráficos atualizados, novas civilizações e melhorias na qualidade de vida. Mas o core da jogabilidade permaneceu inalterada. Simplesmente porque não precisava.


Com efeito, tanto não precisava que a Definitive Edition se tornou garoto-propaganda do do Xbox Game Pass, não por nostalgia, mas porque o jogo é o padrão ouro para RTS. É um jogo que você pode pegar, jogar e entender imediatamente por que ele é tão amado. A jogabilidade é atemporal e o multijogador é tão competitivo quanto sempre. É a prova de que um ótimo game design não envelhece.

Mas tá, se tivesse parado por aí, AoE2:AoK já seria um dos melhores RTS do mercado. Só que ele não para por aí, oh, definitivamente não. Pq nesse dia, em setembro de 1999, a Microsoft simplemente acordou, deu um tapa na mea e bradou: HOJE EU TO CÁ GOTA!

E cá gota, de fato, eles estavam. Isso porque a coisa que mais me pegou em AoE2 nem foi o combate, e sim o modo campanha. As várias campanhas, na verdade. O que realmente diferencia Age of Empires II é seu comprometimento com a história.


Diferentemente de SID MEIER'S CIVILIZATION 2, que usa figuras históricas como avatares em um sandbox, AoE II conta suas histórias por meio de suas campanhas. Não se trata apenas de usar figuras históricas, mas de aprender a história toda.

Veja a campanha de William Wallace, por exemplo. As missões são construídas em torno dos clãs da Escócia se unindo a lenda de que havia um gigante que matava ingleses com facilidade. Claro, quando você finalmente conhece Wallace, ele é só o Mel Gibson e não um gigante... mas já que todo mundo chegou até aqui, Wallace pode muito bem ajudar eles a chutar a bunda dos ingleses.


Ou considere a campanha de Joana d'Arc. A primeira missão faz você escoltar uma virgem adolescente até a corte do Delfim, onde ela se transforma em uma líder militar. A partir daí, você está quebrando cercos, entregando suprimentos e lutando em batalhas historicamente inspiradas que te faz entender porque ela se tornou uma lenda até os dias de hoje.

O mesmo vale para a defesa de Saladino das terras sagradas muçulmanas, as conquistas de Genghis Khan no ocaso da sua vida e a cruzada de Barbarossa. Expansões posteriores como The Conquerors adicionaram ainda mais profundidade histórica, com campanhas como a ascensão de Átila, o Huno, ao poder e a defesa de Montezuma contra os conquistadores espanhóis. Cada campanha é uma aula magistral sobre como adaptar a história em um formato RTS.


Claro, Age of Empires II não é um livro didático de história — é um jogo. As campanhas tomam liberdades criativas para encaixar eventos históricos em missões RTS, mas sempre capturam a ideia da coisa da história real. Você não está apenas ouvindo alguem falar sobre história, você está vivendo ela por meio da jogabilidade. Seja defendendo um castelo, liderando uma carga de cavalaria ou escoltando uma figura histórica, as missões são variadas, criativas e cheias de ação.

Quase uma década antes de Assassin’s Creed aparecer e tentar transformar a história em um playground de mundo aberto, Age of Empires II era o padrão ouro para simulação histórica. Ele não apenas te dava textões sobre história — ele fazia você se sentir parte dela.


Então se o primeiro AGE OF EMPIRES não tinha identidade, Age of Empires II por outro lado tem muito a seu favor. Seu foco no combate o torna um RTS de ação excepcional, enquanto suas campanhas históricas dão um sabor único que mais nada no mercado oferecia naquela época - ou em qualquer época perto dessa.

Se eu temia que Age of Empires II: The Age of Kings fosse apenas o quarto patch de update seguido nesse blog, para minha grata surpresa ele é mais do que apenas uma sequência: é uma obra-prima. Ao abraçar seus pontos fortes e focar no que torna um RTS divertido, ele oferece uma experiência emocionante e educacional. Seja você um aficionado por história, um fã de RTS ou apenas alguém que procura um ótimo jogo, Age of Empires II é imperdível.

Acho que essa tal de Microsoft tem futuro nos videogames, heim...

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 146 (Dezembro de 1999)


EDIÇÃO 155 (Setembro de 2000)


EDIÇÃO 158 (Dezembro de 2000)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 069 (Dezembro de 1999)


EDIÇÃO 077 (Agosto de 2000)


EDIÇÃO 079 (Outubro de 2000)


MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 045 (Outubro de 1999)