domingo, 23 de março de 2025

[#1428][Fev/1999] CRAZY TAXI


Crazy Taxi é, ao mesmo tempo, o maior exemplo de tudo que havia de certo e errado com a Sega. A razão pela qual ela saiu do ramo dos hardwares e teve que ser incorporada pela Sammy (que tinha o dinheiro, mas não o renome - resultando em um casamento vitoriano de interesses), porém também a razão pela qual a Sega ainda está viva até hoje.

Prepare seu yayayayaya, porque hoje é dia de falar do Taxi Maluco do Gugu! Quer dizer, o Gugu teve um quadro com esse nome, não? Eu tenho bastante certeza pq ele teve um quadro de taxi e nos anos 90 eles colocavam "maluco" em tudo. Seja como for, então vamos que vamos nessa review muito doida! 

A capa japonesa da versão de Dreamcast é... minimalista, vamos colocar assim... e por alguma razão se tornou a versão oficial de todos os ports do jogo dali pra frente (PS2/Gamecube/Xbox). Uma escolha... interessante?

Vamos começar do começo então: Crazy taxi é uma experiencia de arcade awesome! A ideia do jogo é extremamente simples, como cabe aos arcades serem já que toda experiencia de jogo é projetada para começar e terminar em 3 minutos, mas não menos elegante por conta disso.

Aqui você é um motorista de Taxi muito doido que pega passageiros mais doidos ainda: eles te pagam fortunas para você ir do ponto A ao ponto B no menor tempo possível. Sério, tipo 300 dolares por uma corrida de 200 metros... desde que você o faça em em 35 segundos.


Não posso dizer que eu realmente não fiquei curioso ao saber porque, exatamente, um padre precisa chegar a igreja da cidade em 45 segundos e te paga 450 dolares para levar ele por 300 metros - devem estar acontecendo coisas realmente doidas nessa igreja. Mas meu trabalho aqui é dirigir pessoas, não conhecer pessoas.

Só que isso não é tudo: esses cidadões estão tão louco nos tóxicos que te dão gorjeta extra por tirar fininho dos carros, e fazer manobras como drift e por cada segundo que seu carro passa rampando no ar. Todo mundo aqui é mais doido que o Bátima de patinete, eu te digo.


Mas bem, se o que eu descrevi parece algunas uma missão filler em algum GTA da vida, saibavocê que... bem, é exatamente isso que Crazy Taxi é. É um minigame meio bobinho que seria ridiculo lançado como um jogo solo, mas como uma experiencia de arcade que foi pensada para durar 3 minutos é bastante okay.

Você senta lá, coloca sua ficha e o jogo te recebe de cara com um batidão NERVOUSO do Offspring - na sua fuça. A trilha sonora do jogo tem todo o espirito do punk-rock do começo dos anos 2000 com várias músicas licenciadas, algumas outras pedradas do Offspring e do Bad Religion também porque quando se trata de fazer arcades, a Sega não sabe brincar.


Não bastasse a trilha sonora absolutamente PEDREGULOSA, o jogo ainda roda na placa Naomi dos Arcades da Sega - a mesma que foi usada em jogos como DEAD OR ALIVE 2, o que quer dizer que era o absoluto pináculo da tecnologia videogamistica no seu lançamento.

E de fato o jogo é muito impressionante mas não apenas pq ele parece bonito como ele processa tantas coisas na tela ao mesmo tempo sem dar slowdown que em 1999 esse jogo deveria se probido em vários países pq o que a Sega fez aqui foi PORNOGRAFIA em plena luz do dia de tão bom que isso é.


Crazy Taxi pode ser m jogo ridiculamente ismples, mas é o puro ouro do que um bom arcade deve almejar ser: efemero, mas marcante em todo e cada segundo da sua breve existencia.

OW OW OW, ESPERA, ESPERA, TEMPO.

O que foi, Jorge?

TÁ, EU ENTENDO QUE CRAZU TAXI É A ULTIMA BOLACHINHA DO PACOTE PARA UM ARCADE DE 1999. BELEZA. MAS... VOCÊ ABRIU O TEXTO DIZENDO QUE O JOGO É TAMBÉM A CAUSA DA RUÍNA DA SEGA E O FATO QUE ELA FALHOU COMO FABRICANTE DE HARDWARE. COMO ISSO ESTÁ RELACIONADO A UM ARCADE TÃO BOM?

Então... a coisa é que o maior problema da Sega, na minha opinião, a maior e real falha da Sega foi que a Sega nunca entendeu videogames realmente. E isso é meio que um problema quando seu negócio é FAZER videogames, sabe?


Eu digo isso pq a Sega sempre teve - e ainda tem - excelentes arcades, isso é uma que eu sempre disse nesse blog é que a Sega netende como ninguém sobre como o arcade tem que ser uma EXPERIENCIA. Jogos como AFTERBURNER 2 e OUT RUN são mais do que jogos, são tentativas de simular uma experiencia. A Sega entende Arcades.

O que a Sega não entende, no entanto, são videogames domésticos. A estratégia da Sega sempre foi se apoiar muito na adaptação de arcades para seus consoles e dar o dia como encerrad, e eles não entendem que isso não funciona. Um arcade foi feito para você jogar 3 minutos e então seguir com a sua vida, um videogame doméstico precisa bem mais que isso.


Entende agora qual é o problema de Crazy Taxi na versão doméstica? O jogo é uma experiencia maravilhosa para os 3 mintos que um arcade dura, mas... 3 horas disso? O jogo definitivmaente não tem esse tanto a oferecer - diabos, ele mal tem 10 minutos a oferecer!

Crazy Taxi, como um jogo de console doméstico, expõe as limitações inerentes da filosofia arcade-first da Sega. Enquanto a versão arcade é uma explosão de adrenalina, uma rápida dose de diversão que deixa você querendo mais, a versão doméstica luta para justificar sua existência além daquela emoção inicial. Claro, a Sega tentou preenchê-la com modos adicionais como os minijogos "Crazy Box", que são distrações divertidas, mas eles não mudam fundamentalmente o fato de que Crazy Taxi é um jogo construído para explosões curtas e intensas de jogo. Quando você estende esse conceito por horas, as rachaduras começam a aparecer.


É aqui que o mal-entendido da Sega sobre o mercado de consoles domésticos se torna gritantemente óbvio. Os jogos de arcade prosperam na imediatez e no espetáculo, mas os consoles domésticos exigem profundidade, rejogabilidade e um senso de progressão. Crazy Taxi, com todo o seu charme, não tem isso. É um jogo que vive e morre por sua mecânica central: dirigir rápido, pegar passageiros e levá-los ao seu destino o mais rápido possível. É isso. E embora isso seja o suficiente para um gabinete de fliperama, não é o suficiente para sustentar um jogo de console de preço integral.

Essa desconexão entre o design de fliperama e console doméstico foi um tema recorrente para a Sega ao longo dos anos 90. Eles eram mestres da experiência de fliperama, criando jogos que eram visualmente impressionantes, mecanicamente precisos e perfeitamente adequados para sessões curtas de jogo. Mas quando se tratava de traduzir essas experiências para consoles domésticos, eles frequentemente ficavam aquém. Jogos como Crazy Taxi, embora divertidos, pareciam estar faltando algo quando jogados fora de um ambiente de fliperama. Eles não tinham a profundidade e a longevidade que os jogadores esperavam de um jogo de console doméstico.

E é por isso, em última análise, que Crazy Taxi é um exemplo tão perfeito dos pontos fortes e fracos da Sega. Por um lado, é uma prova da capacidade da Sega de criar experiências de fliperama inesquecíveis. O jogo é rápido, divertido e cheio de personalidade. A trilha sonora, os visuais, o caos absoluto de tudo isso — é tudo o que tornava os jogos de fliperama da Sega tão especiais. Mas, por outro lado, é um lembrete do motivo pelo qual a Sega falhou ao competir no mercado de consoles domésticos. Eles estavam tão focados em recriar a experiência de arcade que não conseguiram se adaptar às necessidades dos jogadores de consoles domésticos.

No final, Crazy Taxi é um jogo que encapsula perfeitamente a identidade da Sega durante o final dos anos 90 e início dos anos 2000. É um jogo brilhante e falho, um produto de uma empresa que estava simultaneamente à frente de seu tempo e presa no passado. É um jogo que nos lembra por que amávamos a Sega, mas também por que eles não conseguiram acompanhar a concorrência.

Então, Crazy Taxi é um bom jogo? Absolutamente. É uma explosão de jogar e ainda é um dos jogos de arcade mais icônicos de todos os tempos. Mas é um bom jogo de console doméstico? Bem... isso é um pouco mais complicado. É divertido em rajadas curtas, mas não tem o poder de permanência de outros jogos de console da mesma época. E essa, em poucas palavras, é a história da Sega: uma empresa que criou algumas das experiências de jogo mais memoráveis ​​de todos os tempos, mas que tinha dificuldade em fazê-las funcionar fora do fliperama.

Agora, se me dão licença, tenho que ir ouvir "All I Want" do The Offspring repetidamente e fingir que eu ainda tenho 12 anos, jogando Crazy Taxi em um fliperama mal iluminado... durante três minutos. YAYAYAYAYA!

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