O ano era 1992. Todos os jovens dinâmicos da nação respiravam Street Fighter 2, transpiravam Street Figher 2 (no caso dos fliperamas, dava para sentir de longe). Saporra estava em toda parte: chaveiros, camisetas, revistas em quadrinhos, desenhos animados e até mesmo um filme com Van Damme.
Os meninos se dividiam em dois grupos: os que tinha um Super Nintendo e jogavam isso dia e noite, e os que ainda estavam no já ultrapassado Nintendinho e tinham que torcer para conseguir uma chance de filar Street Fighter já que o jogo nunca foi lançado para o console passado da Nintendo.
Não oficialmente, pelo menos.
Porque em 1992, onde muitos veriam processos legais e multas milionárias, a Yoko Soft viu uma oportunidade: se não haveria um Street Fighter para o Nintendinho, eles fariam um.
Então, como eles colocaram esse jogo - que já havia sido amputado para caber dos fliperamas no Super Nintendo - em um console pelo menos 15 vezes inferior? Bem, basicamente eles selecionaram algumas poucas coisas do jogo original e nisso tentaram reproduzir o melhor que eles podiam com a tecnologia disponível a época.
Isso quer dizer que o jogo tem apenas 5 personagens, 5 cenários e metade dos golpes... que nem sempre funcionam. Na verdade eu não sei bem qual é o critério dos comandos, porque se você fizer o mesmo comando duas vezes o golpe pode sair... ou não.
Então, sim, eu diria que o jogo é pessimamente programado e repleto de bugs. Por exemplo, se um dos lutadores ficar prensado no canto da tela e o adversário continuar batendo... bem, acabou a luta. Não tem nada realmente que ele possa fazer a respeito exceto apanhar até terminar a luta.
Talvez a única coisa pior do que a programação dos movimentos é a detecção de colisão. Normalmente um jogo, especialmente um jogo de luta, tem uma programação muito sofisticada para determinar quem bateu em quem. Se dois personagens pularem no ar com voadeira, quem toma dano e quem sai ileso? Existem diversos parametros que o jogo computa para calcular isso.
Street Fighter 2 da Yoko Soft, por outro lado, joga uma moeda para cima. Sério, essa é a única maneira que eu consigo explicar a detecção de colisão desse jogo, é uma coisa nível Hook de tão ruim!
E claro, vai sem dizer que o jogo é terrivelmente desbalanceado em favor do computador, cada golpe dele tirando 4x mais energia que os seus. Na luta contra o ultimo chefe, "Viga" (como eles erraram o nome?!) é muito comum que você nem tenha tempo de mexer seu personagem devido ao combo que ele emenda.
Mas só porque não é uma pirataria barata para tirar dinheiro fácil que isso significa que eles não capricharam nos finais, né? Bem, na verdade significa. Cada personagem tem um final com um blocão de texto que claramente mandaram o estagiario preencher 20 linhas, então ele apenas enche linguiça sem ir a lugar nenhum com isso. E esse estagiario nem fala inglês direito.
ZANGIEF
GUILE
RYU
CHUN-LI
E esse foi Street Fighter 2 para Nintendinho. Quando as drogas tomam conta de uma região, sempre vai ter um esperto que vai vender farinha e oregano para os viciados como se fosse cocaína e maconha. Foi exatamente o que a Yoko Soft fez com nossa necessidade de Street Fighter.