segunda-feira, 15 de junho de 2020

[AÇÃO GAMES 035] KING ARTHUR'S WORLD (SNES, 1993) [#402]




Hoje, a Argonaut Games é mais conhecida como a empresa que desenvolveu o chip Super FX para o Super Nintendo, sendo seu jogo mais famoso aquele joguinho que animou furries do mundo todo ao mostrar que era possível usar animais antropomorficos para rodar 3D no Super Nintendo a uma velocidade decente


Eu não gosto de jogos de navezinhas, então suponho que não seja justo julgar a Argonaut por esse jogo. Felizmente os deuses da Ação Games me deram outra oportunidade de tentar minha sorte com esta tão criativa empresa, tenho certeza que... que vai ser uma merda, né?

Pois bem, vamos então ao MUNDO DO REI ARTHUR.


Não ESSE Rei Arthur, saiba você.


Bom, basicamente King Arthur's World é uma mistura de Lemmings com Warcraft. E quer saber? Essa é uma ideia bastante interessante. Bastante interessante mesmo. Mas... como isso funciona?


Como em Lemmingueiros, você tem uma tela lateral e seu objetivo é levar o Rei Arthur do ponto A ao ponto B do mapa. Para isso você conta com unidades cada uma com habilidades diferentes que devem ser usada para abrir caminho. Lemmings, basicamente.

Só que diferente dessa massa lemmingueira que não para de cantar, você só precisa levar o Rei Arthur até o final da fase - todo o resto é bucha de canhão dispensável.

Rei Arthur in a nutshell
Só Rei Arthur joga muito diferente de Lemmings, porque o jogo dos mamíferos suicidas é um puzzle, o Arthurito joga como um jogo de estratégia em tempo real. O que significa que o que impede você de chegar ao seu objetivo não são buracos e armadilhas e sim inimigos e fortes. Mais precisamente, você precisa tomar as fortalezas de modo que suas unidades são utilizadas taticamente para combate.

Você soldados com escudo que só defendem, soldados com espada que se viram no corpo a corpo, arqueiros que tem o HP de uma manteiga mas atacam a distancia, magos que levam dois anos castando mas se forem protegidos tempo o suficiente limpam a tela, e engenheiros que podem construir armas de cerco como arietes e catapultas.

Existe um real elemento de estratégia aqui na forma que você monta sua investida, e isso é algo muito incomum para um jogo de Super Nintendo.

Uh vamo invadi, uh vamo invadi!
Não bastasse a variedade de combinações de ataque que você pode montar, o level design ainda te dá liberdade de tentar varios caminhos diferentes. As fortalezas tem tuneis e passagens subterraneas, de modo que modo que você pode tentar toma-las mandando seus caboclos arrombarem o portão tomando flechada e oleo fervente no lombo, ou você pode distrar o inimigo enquanto envia um pequeno grupo para se infiltrar pelas passagens secretas e tomar a porra toda por dentro. 


No que se propõe a fazer, esse jogo é conceitualmente espetacular.

Então isso nos leva a pergunta: se esse jogo é tão cool, tão descolado e ultradinamico, porque ninguém lembra dele então? Porque ele é tido como uma das perolas do Super Nintendo?

Bem, dois motivos. Primeiro, esse jogo foi publicado pela Jaleco - a rainha mediocridade e das capas bizonhas. Quer dizer, você quer mesmo colocar seu jogo na mão de uma empresa que lançou HEY PUNK! ARE YOU TUFF E NUFF?  MASTER THE MOVES TO MASTER ME! para ela levar ao mundo?

Pois é, foi o que eu pensei. Com uma capa dessas, a menos que você fosse a única criança de 12 anos do mundo fã de Escher e cavaleiros medievais, não ia rolar - até porque esse jogo foi antes dos filmes do Senhor dos Aneis, fantasia medieval não era cool ainda.



Mas mesmo que por algum motivo improvavel você pegasse esse jogo, certamente acabaria largando ele mais rápido do que se eles fossem tungstenio liquido porque os controles desse jogo foram elaborados ao longo de anos pelo conselho de pessoas que odeiam videogames. E essa é sua obra prima.

Quer dizer, não pode ser tão dificil, né? Você controla um cursor para selecionar os bonequinhos, escolhe os poderes clicando na parte debaixo da tela, você pode pausar o jogo para reposicionar o cursor e dar tempo de chegar aos lugares quando tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, tudo certo, né? Lemmings já tinha feito isso dois anos antes, não tem como errar aqui...

... só que tem, oh boy, como tem.



Como você deve lembrar, a principal característica de Lemingues é que os bichinhos andam em linha reta e inclusive tem uma unidade com o poder especial de para-los para você pensar na sua vida ou organizar seu caminho - tem coisas que você precisa preparar antes de mandar toda massa senão todo mundo morre. Esse é o defining trait do jogo, afinal.

Aqui seus soldados saem andando abilodamente, só que não tem unidade para freia-los. Para faze-los parar você tem que ir de unidade por unidade e apertar para trás no direcional. Se apertar uma segunda vez eles voltam. Ou seja, o jogo foi desenhado ESPERANDO que o tempo todo você fique microgerenciando todos seus bonequinhos na tela. Esquece aquela coisa de Lemmings de mandar um na frente para fazer o caminho, aqui quando o pau tá comendo você tem que gerenciar o movimento de TODO MUNDO ao mesmo tempo! É de enlouquecer!

Mas calma que piora!

Como eu disse, apertar o direcional para frente ou para trás faz suas unidades irem ou voltarem, mas se os botões já estão ocupados com isso, como você movimenta seu cursor na tela para selecionar a unidade em primeiro lugar então?

Bastante simples, não tem cursor. Quer dizer, o jogo até é compatível com o mouse do SNES, mas jogando com o controle (o que todos nós fariamos na época), simplesmente não existe cursor. O que acontece é que você sempre tem um personagem selecionado, para trocar de unidade controlada você tem que segurar Y e apertar o direcional. No meio de um combate, o que é basicamente a essencia do jogo, não tem como você pausar e só selecionar quem você quer mexer: você tem que ficar saltando de unidade em unidade até chegar onde você quer...

E esse password que é uma delicia de anotar, heim meu?

... se você conseguir enxergar o que está acontecendo.

Isso porque Arthurito Boy na Terra da Magia tenta reproduzir batalhas épicas medievais, o que é cool, de um jeito diferente: a taxa de mortalidade de suas tropas é altíssima, a grande maioria morre com um peteleco só (SEMPRE está chovendo alguma coisa, sejam pedras, flechas, fogo, sua mãe aquela vadia, etc). Dificilmente uma unidade sua vai chegar A QUALQUER LUGAR sem ser atingida.

Então o que o jogo faz? Quando você manda criar uma unidade, digamos arqueiros, saem logo 6 caboclos de uma vez. Isso porque o jogo sabe que se você mandar os 6 a qualquer lugar, vai ser sorte se UM chegar vivo para fazer o que você mandou.

O resultado é que fica esse escarafuncho de gente zanzando na tela, você tendo que controlar as direções deles individualmente, ativar os poderes deles manualmente, e você nem enxerga onde está o seu cursor! Com efeito, a Argonaut soube que cagou tão feio fora do penico que colocou um botão só para mostrar uma setinha dizendo que personagem na tela está sendo controlado, porque é MUITO MUITO FÁCIL perder isso de vista!

Essa setinha só aparece apertando X, sem ela boa sorte tentando saber quem você está controlando

Outro problema (mais um), é que como eu disse, os bonequinhos não fazem nada sozinhos. Quando você tem um cara do barril explosivo andando, ele não solta seus explosivos sozinho. Você tem que controlá-lo e fazê-lo usar o explosivo manualmente. Os arqueiros também, você tem que comandar manualmente eles atirarem flechas. E mesmo que, de alguma forma, você não enlouqueça gerenciando tudo isso, os controles são os menos intuitivos possiveis.

Você começa a fase controlando seu bonequinho selecionado. Se apertar o botão de ação, ele ativa o poder dele. Aí tem um botão para passar para controlar o menu inferior, que é onde você seleciona quais unidades serão criadas. Aí dentro desse menu você pode apertar um outro botão para ir para o menu de selecionar qual poder do personagem selecionado será ativado, porque normalmente são mais do que um (arqueiros, por exemplo, atiram em três alturas diferentes e você tem que selecionar a altura nesse menu). Isso tudo enquanto o pau tá comendo e você não pode dar comandos enquanto o jogo tá pausado!

AVAPAPUTAQUEOPARIU, CACETE DE AGULHA!



Qual é a porra da merda da desgraça de dificuldade em deixar todas as opções na  mesma tela, e dar um cursor para você clicar na ação que quer e deixar você selecionar a unidade como um ser humano decente? Porra, nem jogo de Amiga faz isso! Como alguém NA VIDA consegue ser pior que um jogo de Amiga? 

E o que é custa deixar você pausar o jogo para você dar ordens, me diz, tudo isso é medo que alguém se divirta jogando essa merda de jogo? Porque parabens, se o objetivo era esse vocês conseguiram. Mas muitos parabens mesmo!

Ah, quer saber, seu Arthur?


Passar bem.