domingo, 21 de junho de 2020

[AÇÃO GAMES 035] GALAHAD (Mega Drive, 1993) [#407]




Jogar Bubsy realmente muda sua perspectiva de vida, sabe? Quer dizer, eis aqui um jogo que de qualquer outra forma eu tomaria como o cramuião encarnado dançando ragatanga. Ou seja, um port de jogo do Amiga para Mega Drive.

Depois de flagelar o mundo com jogos como Shadow of the Beast e SHADOW OF THE BEAST II, apenas a mera menção de um port de um jogo da Psygonosis para o Mega Drive deveria trazer pranto e ranger de dentes. Porém, após ter jogado Bubsy, eu apenas posso dizer "meh, já vi piores".


Quer dizer, é um jogo de plataforma que você nem toma dano quando pula, vocês estão REALMENTE tentando fazer um jogo ruim aqui, caras? Galahad (lançado originalmente no Amiga com o nome Leander) nem é um jogo ruim, é muito mais um jogo... meh.

Talvez a melhor coisa a seu favor é que ao invés dos tradicionais gráficos ruins de Amiga, Galahad tem gráficos inspirados em animes dos anos 80. Embora o jogo tenha sido feito por ingleses, o que significa que mesmo nessa época já haviam weeaboos infiltrados em todos os lugares do mundo.

Enquanto houver vida em mim, lutarei até o fim!
Não pode ser... como um mero cavaleiro da tavola redonda ainda pode estar vivo após receber todo poder da minha baforada maligna do mal? E porque começou a tocar a música tema do anime?
PELO O PODER DO PROTAGONISMO DA AMIZADE!!! POR ARTHUR WAIFUU!!!
Ah, ok. Foi mais fácil do que eu esperava. Super easy, barely an inconvenience.
Infelizmente, embora os gráficos sejam bastante legais para a época (e não de um tom monocromático-vomito como era o padrão dos ports de Amiga), o resto do jogo é bastante comum. Claro, em se tratando de um jogo do Amiga "bastante comum" e não "lixo asqueroso que faz você arrancar seus olhos com uma colher enferrujada" já é uma vitória, eu suponho. Mas comum é comum no fim do dia, enfim.



A revista Amiga Power resumiu bem a coisa: "Bem-vindo ao nosso 'oh não mais um jogo de plataforma em estilo japonês' do dia". Impressionante como uma revista dedicada ao Amiga consegue ser tão sincera, eles devem ter um editorial bastante deprimente se for nessa linha. "Um jogo de plataforma livre de qualquer recurso original", afirmou ainda a resenha da revista. "Para ser sincero, eu poderia descrever o que acontece no jogo em uma frase. Ande, pule, ataque, colete, vá para a saída, vá para o próximo nível". "Isso meio que me lembra 'Shadow of the Beast'", observou o crítico Richard Leadbetter. "Mas a jogabilidade foi radicalmente melhorada, com uma maior possibilidade de caminhos e quebra-cabeças mais interessantes".

A observação da Amiga Power realmente define o jogo. Em cada fase você tem que pegar um item antes de achar a saída. Como as fases são labirinticas, isso poderia ser um enorme, enorme, ENORME problema... mas não é.


No começo de cada fase essa waifu diz para que lado você tem que ir. Saltar do penhasco ao leste, voltar para o portal. Ok, eu posso fazer isso sem odiar o jogo. Não é adoravel quando o jogo apenas decide que ele não fará tudo que pode ao seu alcance para tornar sua vida o mais miserável possível?

Eu não sei se deveria estar elogiando tanto um jogo apenas por não ser um completo escroto nojento, isso deveria ser o minimo esperado, mas novamente eu acabei de jogar Bubsy. Isso parece ouro, em comparação.

Seu personagem pula decentemente bem para um jogo de Amiga (embora mudar direção no ar não seja esse passeio no parque), e o ataque é satisfatório. Galahad tem esse ataque que lembra muito o Strider do Mega Drive - o que é bom, um ataque com alcance decente e uma animação legal na tela é o que eu espero de um jogo.


Por outro lado, acho que o alcance do seu ataque não é TÃO parecido com Strider assim. Apenas uma impressão.
Eu tenho poucas reclamações com esse jogo, e são bastante pontuais. Por exemplo, você entra em portas apertando pra baixo no controle. Não é uma grande coisa, mas... porque? Entrar em portas sempre foi para cima, isso sequer faz sentido! 

Outra reclamação que é um pouco mais relevante é enfrentar dragões. Ok, dragões são uma grande coisa nos romances de cavalaria da onde as lendas do Rei Arhur se originam, mas eu acho que eles pegaram um pouco pesado demais aqui. O problema é que um único golpe de um dragão tira uma vida de você, não importa quanta energia você tenha. Embora isso passe bem a ideia que dragões são perigosos, é também muito injusto. 



Felizmente esse jogo não é Bubsy, e não está completamente dedicado a sair do seu caminho para te fazer se sentir miseravel. O dano que você causou não restaura quando você morre, por isso é simplesmente um caso de ter vidas suficientes enquanto você está tentando matar um chefe. Não é o ideal, mas é... eu não usaria uma palavra tão forte quanto aceitavel, mas definitivamente é "menos pior".

Ainda nos nitpicks, Galahad tem um sistema de passwords... estranho. Você tem 21 fases nesse jogo, porém só recebe passwords a cada 7 (ou seja, na 7 e na 14). Estranho.


Enfim, Galahad tem muitos níveis, bons gráficos, controles ok e detecção de hit... aceitavel. Novamente, não boa, mas passavel. É uma aventura bastante sólida que lembra um pouco os primeiros jogos do Mega Drive (como Alex Kidd in the Enchanted Castle ou o próprio Strider ) para a época que foi lançado, mas não é a pior coisa que poderia ter acontecido. O que, para um jogo de Amiga, já é um feito épico.