Sabe, eu sempre sou a favor de criatividade nos jogos. Você tem uma ideia que nunca foi feita antes? Uau, cool, vá em frente, faça seu jogo, go crazy! Bem, você não pode ter um conceito muito mais original do que esse Taz Mania para o Super Nintendo, eu te digo!
Embora o conceito seja facilmente compreensível jogando, explicando eu achei a tarefa um pouco mais complicada do que isso. Farei o meu melhor aqui.
Vamos, lá, em primeiro lugar, os controles de Taz são basicamente os controles normais de um jogo de plataforma: B pula, Y agarra coisas, X usa o tornado do Taz como uma espécie de turbo. A grande diferença é que ao invés de ir para o lado, Taz vai para o fundo da tela, fazendo dele uma espécie de Crash Bandicoot do Super Nintendo (alias Crash é inspirado nesse jogo, já que o jogo da Naughty Dog também é sobre um diabo da tasmânia que rodopia)
Eu nunca tinha pensado na semelhança até agora, hmm...
Mas enfim, como dá pra ver pelo gif acima, Taz Mania tem os controles de um jogo de plataforma, mas parece um jogo de corrida. Você vai em direção ao fim da pista (apertando para cima) e velocidade é um grande fator aqui, já que você tem que alcançar kiwis (o passaro, não a fruta) e ao invés de ultrapassa-los, comer eles.
Eu sempre achei esse conceito meio brutal para um jogo de SNES. Porém não se preocupe com os bichinhos, no final da fase Taz cai no sono e tudo que ele comeu foge são e salvo de dentro da boca dele... traumatizados para a vida, mas salvo.
Então o jogo é isso, em cada fase você tem um número de kiwis que precisa comer antes que o tempo acabe, e para isso você tem que correr e alcança-los. O jogo parece bastante com Road Rash, só que ao invés de chutar os outros motoqueiros da corrida você tem que come-los. Hmm, curiosamente devorar seres sencientes não é um tema muito abordado em videogames, me pergunto o porque...
De fato esse jogo lembra muito Road Rash, inclusive cheio de elevações na pista que não deixam você ver nada a sua frente. |
De fato, Taz Mania para o Super Nintendo é praticamente Road Rash só que controles de um jogo de plataforma. Algo que nunca mais foi tentado novamente na história dos videogames e enquanto isso definitivamente torna esse jogo único, também raramente é um bom sinal. Quando um jogo tenta algo absolutamente novo e ninguém jamais tenta isso de novo, totalmente não é um bom sinal.
Mas seria essa uma genialiade incompreendida e apenas esquecidas nos anais dos tempo?
Não. Definitivamente não. Taz Mania para o Super Nintendo consegue a façanha de ser pavoroso em tudo que ele tenta fazer. Quer dizer, não TUDO tipo TUDO. O nível de detalhe nos sprites e na animação dos personagens é notável, realmente impressionante para um jogo de 1993. Quando Taz se esborracha em uma árvore ou é atropelado por um caminhão, tem uma animação muito Looney Tunesy sobre isso. Na verdade, tem uma animação exclusiva para a maioria das coisas que podem te matar nesse jogo. Os jogos da Sunsoft são conhecidos pela alta qualidade na produção, e esse caso não é exceção a regra.
Eu quero destacar também o quanto os cenários são bonitos. Na verdade, acho que depois de Mad Max foi o melhor uso que de um deserto como cenário. Embora eu não tenha muita certeza de onde o desenho do Taz (no qual esse jogo é baseado) se passa realmente. Quer dizer, os diabos da Tasmania são originarios da Australia (que é o lugar que tem os desertos), mas obviamente eles não sobreviveram tanto lá because Australia, e hoje são encontrados apenas nas florestas tropicais da Tasmania (daí o nome). Então se Taz é um diabo da Tasmania vivendo na Australia, esse desenho é biologicamente incorreto e não acredito que um desenho animado faria isso.
Então, é, esse jogo é realmente bonito e muito bem animado. Tanto que eu quase esqueci a merda que ele é. Eu vi o que vocês fizeram aqui, Sunsoft, definitivamente vi aqui.
Qual é o problema desse jogo, exatamente? Bem, eu poderia resumir como... NADA QUE VOCÊ FAZ NESSE JOGO É DIVERTIDO! NADA!
O principal objetivo do jogo é apanhar os kiwis, o problema é que eles não correm na mesma velocidade que você. Eles andam bem devagar ou dão sprints loucos, mas nunca na mesma velocidade. Então quando você se aproximar de um kiwi, provavelmente você vai passar a milhão por ele, mas se você desacelerar, ele se larga numa corrida desabalada e você só vai voltar a ver o bastardinho daqui a alguns preciosos segundos mais tarde.
E mesmo que você consiga encaixar uma velocidade para pegar um kiwi na passada, mesmo que isso dê certo, não é muito divertido também. Porque não basta você passar por cima deles. você tem que apertar o botão de agarrar bem na fração de segundo que eles estiverem passando pelo seu curto alcance. Adicione a isso que eles são bem pequenos e a sensação é tentar apanhar uma bola de tenis enquanto você passa de moto. Agora que esse é todo o ponto do jogo e temos um jogo bem, bem problemático de se jogar.
Esse é outro problema: tudo que você vê no primeiro minuto de jogo é o que você estará fazendo pela próxima hora ou mais. Corra até encontrar um kiwi, desacelere e tente pegar ele, tente não ser atropelado no processo.
Salto de fé em um jogo de corrida... mais ou menos... cada vez que eu acho que já vi tudo, eles se superam |
Mas não se preocupe muito com essa última parte, você SERÁ atropelado no processo porque graças ao sobe e desce das colins a lá Road Rash, você nunca vai ver o transito vindo na sua direção. É apenas uma fração de segundos para pular de seja lá o que for das muitas coisas que o jogo joga para te atropelar (embora boa parte dos inimigos tenha efeitos diferentes, o que é legal), e pulando grandes são as chances que você não vai ver na frente do que você vai cair. A coisa toda é um enorme clusterfuck de coisas sendo jogadas na sua cara sem fim.
Taz-Mania é uma experiência bem, bem superficial que funcionaria como um minigame ou uma fase de bonus em um jogo maior e diferente. É inacreditavelmente superficial, apesar de ter um conceito que é mais interessante do que apenas ser um jogo de plataforma. Tentar descobrir se Taz-Mania é um jogo de corrida ou não foi mais divertido do que jogá-lo.