segunda-feira, 29 de junho de 2020

[AÇÃO GAMES 036] BRAM STOKER'S DRACULA (SNES, 1993) [#418]




Os anos 90 definitivamente estavam foram de controle. Claro, o fato de terem feito um jogo de uma coisa como O Vingador Tóxico jamais será superado, mas isso não quer dizer que eles não tenham tentado. Oh, não, como eles tentaram!

Por exemplo, em 1992 Francis Ford Coppola fez um filme sobre a lenda do tiozinho Vladimir Tepes fiel ao livro de Bram Stoker, e para isso utilizou o melhor elenco que o dinheiro poderia pagar em 1992 (Gary Oldman como o personagem título, Winona Rider, Keanu Reeves, Anthony Hopkins). O problema é que os filmes do Copolla não são exatamente ... material para crianças. Não por causa de violencia e sexo, mas mais porque são filmes longos, com ritmo beeeem lento, que se focam em construir sutilmente coisas que você não está minimente interessado apenas em sangue e peitos. Quer dizer, é o fucking diretor do Poderoso Chefão, eu preciso realmente dizer o quanto isso não é algo pelo qual a demografia dos videogames dos anos 90 se interessaria?


Quer dizer, como os gamers esperam que o Dracula seja:


Como ele é no filme:


Definitivamente não é o que eu recomendaria para um videojogo. Mas hey, os executivos apenas viram "crianças gostam desses jogos de vampiros, então vamos fazer um jogo desse filme!" porque é assim que executivos rolam seja nos anos 90, seja hoje, seja no inferno que é onde eles devem estar. 

Bom, pelo menos nesse jogo você joga com Jonathan Harker, que é o personagem do Keanu Reeves no filme. E, hey, jogar com o K-boy sempre é uma coisa boa, certo? Talvez esse jogo não seja tão...


Santa mãezinha umedecida de Deus, o que é isso na cabeça do boy-magia Reeves?


O que é isso? Sério, o que? Um chapéu dobrado? Um cabelo grisalho bastante específico que não chegou até o topo? Um capacete de ciclista? 


Eu não faço a mais remota ideia do que isso possivelmente deveria ser. Definitivamente ele não pode representa "cabelos escuros refletindo cinza na luz", portanto, somos forçados à única conclusão razoável: Jonathan Harker está usando uma faixa cinza ao redor da cabeça, mas as laterais dos cabelos saem por baixo. É uma arte conceitual bem complexa, se vc quer saber.

Agora, sério, como um jogo pode conseguir errar no cabelo de um personagem de 16 bits? Não tem mistério, é só não fazer... isso! Quem pode ser tão incompetente, tão energumino, tão abissal ao ponto de errar algo tão básico?


Ah, ok, isso faz sentido. Aqueles que não estão ligando o nome a pessoa, a Psychnosis é mais conhecida por ser a principal produtora de jogos merda para o Amiga. 90% do que faz esse sistema ser um lixo nuclar vingador tóxico vem desses caras, e agora parece que eles estão querendo extender suas asas de merda para novos patamares.

Mas será este jogo tão ruim quanto os envolvidos sugerem que seja?


Em primeiro lugar, é preciso ser dito que esse jogo faz uma coisa muito estranha. As fases são bastante lineares, havendo ocasionalmente um caminho outro bem curto para ser seguido. Ainda sim, de alguma forma eles acharam que seria necessário colocar uma seta indicando a direção porque do contrário você não saberia que precisa seguir em linha reta em um jogo de plataforma.

Eu não tenho certeza de qual demografia eles estão tentando atingir aqui, um jogo para crianças começando nos videogames? Através de um jogo baseado no filme do Copolla? Que crianças são essas, exatamente?

As criança pira nesse Darcula!
Mas se você acha que a Psychnosis se daria por satisfeita em apenas entregar um jogo de plataforma de seguir em frente, saiba que eles são mais ambiciosos que isso! Porque vamos adicionar uns elementos de puzzle, nesse jogo, claro que sim!


Em algumas fases você encontra o Van Helsing (o Antony Hopkins, não o Hugh Jackmann infelizmente) e ele... pensa em algum item? O que é isso, um jogo de adivinhe o que eu estou pensando? Seja como for, o professor pensa em alguma coisa e... ela se materializa dois metros para frente. Eu não sei o que exatamente isso deveria representar exatamente, mas meu palpite é... que a Psychnosis tava pouco se fudendo, porque eles são a Psychnosis!

Enfim, na primeira fase por exemplo o ... pensamento... do Van Helsing permite você upgradear seu ataque de uma faquinha ridicula ...


... para uma espadinha ridicula.


Agora, zoeira a parte, Dracula não é um jogo ruim RUIM. É só um jogo mal feito. Seu personagem se move ok, seu ataque (depois que você upgradeia sua arma) é ok, os chefes são grandes e interessantes. Só é tudo muito mal programado.

Por exemplo, quando você toma dano, não tem aquele segundo de invulnerabilidade nem o knockback que te joga pra trás (se eu ia explicar o conceito em portugues pra que usei o termo em inglês?), o que significa que quando você encosta em alguma coisa esse inimigo drena toda sua vida imediatamente. Como a maioria dos inimigos não morre com um hit, e vem na sua direção, o que você tem que fazer é atacar, recuar e atacar de novo. Para todo e cada simples inimigo no jogo. O que é uma merda.

Falando em inimigos no jogo, como você pode esperar, você enfrenta muitas crias do inferno porque esse é um jogo do Dracula, afinal. Mas surpreendentemente os inimigos mais abundantes e frequentes que você encontra são...


Cachorros e bebados. Agora, eu tenho que admitir que faz pelo menos duas decadas que eu assistir esse filme, mas eu realmente acho que lembraria se o Keanu Reeves entrando em um bar e massacrando todo e cada cachaeiro dali fosse uma coisa recorrente no filme. Seja como for, Jonathan Harker odeia bebuns e doguinhos mais do que odeia o próprio Dracula.

Die manguaça, you don't belong to this world!
Mas eu dizia que esse jogo é incrivelmente mal programado, e talvez o maior exemplo disso sejam as lutas com os chefes. Todos os chefes nesse jogo são gigantes e tem ataques que ocupam quase toda tela, como você vence eles então? Bastante simples:


Fique abaixado no canto atacando. Os chefes simplesmente não alcançam se você encostar na parede. Tá é bem lame, mas ok, acho que esse não é o exemplo mais claro de programação preguiçosa nesse jogo. Esse seria o caso desse inimigo:


Ok, é um tipo de planta, eu entendi. Mas parece estranho, não faria mais sentido esse inimigo estar encostado na parede?

Isso é respondido quando você encontra o segundo inimigo desse tipo no jogo:


Uau, eles simplesmente ... esqueceram de flipar o sprite? Nossa, isso é niveis de preguiça que eu não vi nem em jogos do Master System, é preguiça que empalidece até mesmo o Amiga! Puta merda, isso é um feito que impressiona, tenho que dizer.

Mas bem, esse foi Dracula do Bram Stoker, um jogo que como eu disse  é mais chato do que ruim realmente, apesar dos defeitos medonhos. Nada é surpreendente e tudo é chato. É fácil morrer, mas não há muita penalidade por falhar; o jogo tem vidas limitadas, mas continues ilimitados. O que significa que ao perder todas suas vidas, na pior das hipoteses você perde o checkpoint e tem que começar a fase de novo com outras cinco vidas. Meh, já vi piores.


VERSÃO PARA MEGA DRIVE 
EDIÇÃO 050