Analisando o cenário dos jogos de luta no final de 1996, não é realmente dificil perceber que a SNK tomou a liderança da coisa dominando totalmente os arcades com seus excelentes THE KING OF FIGHTERS, que se tornou o novo padrão nos jogos de luta a ser batido (trocadilho não intencional).
Então a Capcom simplesmente meteu essa: "vc querem um jogo de luta tag team? Então vocês vão ter um jogo de luta tag team!". E assim nasceu X-Men vs Street Fighter, ao que todo mundo ficou tipo:
Então a coisa era real, tava rolando um jogo de luta que você montava um time com Wolverine e Ryu, ou Chun-Li e Vampira, ou Juggernaut e Cammy pq fodam-se vocês, o mundo enlouqueceu e tudo é permitido agora!
Como dá pra ver, foi realmente uma grande, gigantesca coisa na época. E tinha que ser mesmo.
Um jogo onde a Vampira beijando a Cammy é real, segura o hype como?
Mecanicamente, X-Men vs Street Fighter é uma fusão de X-MEN CHILDREN OF THE ATOM com STREET FIGHTER ALPHA 2, inclusive reusando assets de ambos os jogos pq ser mão de vaca era o que a Capcom fazia de melhor. Na verdade é por isso que não tem o Guile nesse jogo, como ele não está em STREET FIGHTER ALPHA 2 a Capcom não se deu ao trabalho de desenhar o personagem quando eles podiam só usar o Charlie, mas principalmente isso quer dizer é que os personagens mantem os mesmos golpes e ataques especiais dos jogos anteriores... o que não soa tão incrível assim (soa bem preguiçoso, na verdade).
MAAAAAAAAASSSS but but but tem um truque aqui, o que diferencia o jogo de ser apenas um copiar e colar de outros dois jogos é o inovador sistema de tag team e suas batalhas 2v2. As partidas duram um único round, mas só terminam quando os dois lutadores de um time são derrotados.
Agora se você reparar, quando um personagem apanha fica esse rastro vermelho na barra de energia dele - isso quer dizer que se você fizer tag e o personagem for pra reserva ele vai regenerando a vida. Isso faz com que, apesar da luta ser apenas de um round, ela tenha uma duração bacaninha devido a coisa de fazer tag para o parceiro entrar e segurar as pontas. Com efeito, eu diria que essa mecanca que a Capcom criou torna o tag aqui mais divertido do que THE KING OF FIGHTERS 96.
Isso mantém as lutas dramáticas e repletas de potenciais reviravoltas, que é exatamente o que queremos de um jogo de luta, afinal.
Infelizmente, entretanto, eu preciso falar sobre os ports desse jogo para consoles domésticos e como tanto o Saturno quanto o Playstation são catastróficos nisso - o que diminuiu muito o impacto do jogo na época, afinal as versões domésticas serem cagadas de um jogo que todo mundo queria dos arcades é um puta tiro no pé.
Então vamos lá: o problema da versão do Saturn é que... ele simplesmente nunca foi lançado fora do Japão. Sério, Sega, why, why, whyyyyyyyyyyyyyy?!? Qual é o problema de vocês? Por que vocês me odeiam dessa maneira atros?!?
HÃ. APARENTEMENTE ESTAMOS NUMA FASE DE MEMES DE AMPHIBIA... MAS SEJA COMO FOR, TÁ, O JOGO TÁ COM TEXTO EM JAPONES. O QUE É QUE TEM? É UM JOGO DE LUTA, NÃO É COMO SE LER OS TEXTOS FOSSE IMPORTANTE.
Jorge, Jorge, Jorjonildo... não é tão simples assim. O Saturn tinha uma entrada de cartucho para aceessórios, um desses era o cartucho de memória extra. Nesse jogo era obrigatório usar o cartucho de 4MB de RAM... e é aqui que tá o problema. Porque para jogar o jogo japones em um console brasileiro, americano ou europeu, vc precisava de um cartucho que fazia o truquezinho de rodar jogos japoneses em outros consoles.
Agora é só fazer uma conta básica: vc precisava usar dois cartuchos para esse jogo funcionar fora do Japão e só tinha uma entrada de cartucho. A matematica não fecha. Ou seja, não tinha como rodar esse jogo exceto se você tivesse um aparelho comprado no Japão (repito, o VIDEOGAME tem que ser comprado no Japão, não o jogo)... PARABAINS A TODOS OS ENVOLVIDOS. MUITOS PARABAINS. Então, é, a versão de Saturn subiu no telhado para quase o mundo inteiro. Espetacular, simplesmente.
E enquanto o Saturn tem esse problema, a versão de Playstation não é realmente muito melhor que isso pelo simples, singelo, e pangruelico fato que o PS1 não tinha memória suficiente para tankar o jogo tal qual ele foi concebido no arcade - e ele não tinha a opção de colocar um cartucho de memória RAM.
Então como eles resolveram isso? Bastante simples, além do básico (diminuir o numero de quadros de animação e cores no jogo) o jogo simplesmente cortou o sistema de TAG. Eu repito, a coisa que torna o jogo particularmente especial esse jogo foi pro espaço, deixando você apenas com uma colagem capada de X-MEN CHILDREN OF THE ATOM e STREET FIGHTER ALPHA 2.
Minha nossa senhora do passaquatro aquatico, mas é um mais mangolão que o outro... eu to bem arranjado...
Mas bem, essa cacaca inenarravel nos ports a parte, o que fica é que pelo menos o arcade de X-Men VS Street Fighter é um dos jogos de luta mais bonitos de 1996 (e por muitos anos depois disso). A música e os efeitos sonoros foram bem desenhados e memoráveis, com a cereja do bolo sendo que a dublagem dos personagens da Marvel é feita pelos mesmos dubladores do cartoon dos X-Men.
Esse jogo é a evolução o X-MEN CHILDREN OF THE ATOM e MARVEL SUPER HEROES., mas o que o difere aqui é que esse jogo (em grande parte inspirado pelo sucesso da SNK com THE KING OF FIGHTERS) é o primeiro jogo de luta "crossover" da Capcom, o que seria conhecido no futuro como "VS Series".
Posterioramente a série seria expandida com jogos como Marvel vs Capcom e até mesmo um dia chegaremos a Capcom vs SNK, entre outros, mas tudo começou com esse pequeno projeto da Capcom quando os brigadores de rua sairam na mão com os mutantes da Marvel. Tinha como ficar mais épico? Não, não em 1996.
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