Eu já fiz uma review bem longa falando sobre TRANSFORMERS: Beast Wars Transmetals, tanto o desenho animado quanto o jogo de N64 que era quase insofrível. Recomendo que você leia a review anterior se quiser entender mais sobre Beast Wars — ou, como era chamado no Canadá, Beasties Transformers (não me peça para entender o que se passa na terra das Cabeças Saltitantes, muito xarope de mapple syrup no sangue faz coisas estranhas a uma nação, suponho).
Hoje, vamos mergulhar em Beast Wars Transmetals para o PS1 — ou, como meu cérebro insistia em chamar até eu assistir o desenho, "TransMedals". E eu vou abrir dizendo que esse aqui é diferente. Em vez de um jogo medíocre de luta 2D (os personagens eram modelos 3D, mas se moviam apenas pra frente e pra trás), o PS1 nos dá um jogo medíocre de arena completo onde você pode se mover pra cima, pra baixo, pros lados… basicamente em qualquer direção que não seja "para longe deste jogo e de volta pra minha cama". Infelizmente não posso me mover nessa direção, e você também não. Estamos nessa juntos. Avante.
Então vamos direto ao ponto:
Transformers Beast Wars Transmetals no PS1 é um bom jogo de Transformers? Não.
É um bom jogo de luta? Também não.
É pelo menos melhor que a versão do N64? Bem, aí sim.
Para começar, o modo história funciona de maneira bem diferente da versão do N64. Em vez de escolher um personagem e sair socando amigos e inimigos sem motivo nenhum que senão "é um jogo de luta, ninguém liga", o jogo do PS1 permite que você escolha entre a campanha Maximal ou Predacon. E para melhorar, cada campanha começa com uma cutscene em CGI feita pela Mainframe Entertainment, totalmente dublada pelos atores originais do show.
... claro, o mesmo pode ser dito de REBOOT no PS1 e o resultado daquele jogo é que até hoje eu acordo gritando no meio da noite. Mas, ei — pelo menos aqui você pode ver e ouvir seus heróis favoritos de comercial de brinquedo mais uma vez… exceto pelo dublador do Rhinox, Richard Newman. Por que ele não está aqui? Quem sabe. Talvez ele não tenha se importado. Talvez ele tenha dado uma olhada no design "Transmetal" do Rhinox — uma forma que ele nunca teve no show — e dito: "Não, não vou endossar isso". Vai saber o que se passa na cabeça desses artistas... mas provavelmente é sobre dinheiro. Sempre é sobre dinheiro.
Falando em forma Transmetal, apenas um parenteses pra dizer que a forma Transmetal do brinquedo do Waspinator é realmente bem legal — pena que ele nunca teve ela no programa. Mas de qualquer jeito, ter qualquer dublagem já é do elenco original é um luxo que o cartucho do N64 nunca poderia ter (ou poderia, mas daria trabalho, o que significa custos). Então um ponto para o PS1.
A história dos Maximals é aquela habitual "a Axalon está sob ataque, escudos falhando, ruína iminente" — porque o que mais os Predacons fariam em seu tempo livre? Eles certamente não tem roupa pra lavar, eles sequer usam roupas! ... e eu nunca tinha pensado que isso significa que a Viúva Negra está tecnicamente andando por aí pelada… mas também o Terrorsauro. Faça o que quiser com essa informação.
Enfim, quando você inicia a campanha Maximal, pode escolher entre RatTrap, Cheetor, SilverBolt e Optimus Primal. Depois de escolher seu guerreiro de metal peludo preferido, você é jogado em um grid. Cada quadrado representa uma fase, e cada luta que você vence permite que você avance para o próximo bloco, abrindo seu caminho lentamente em direção à base inimiga.
Passe por todas as fases e chegue ao quadrado final, parabéns, você ganha outra cutscene em CGI e venceu a campanha. Você é um campeão. Tenho certeza de que seus pais estão muito orgulhosos. Se perder uma luta aquele Maximal fica indisponível pelo resto da campanha, então você tem que escolher outro. Fique sem Maximais completamente e é game over. You suck. Mas você não precisa que o jogo te diga isso, basta ver o olhar de desapontamento dos seus pais.
Quanto a campanha Predacon, bem… é praticamente a mesma coisa, só que com Predacons. Dã. O que você estava esperando — um jRPG por turnos onde Megatron farma XP e Tarantalus te vende poções? Não, é um jogo de luta onde você escolhe um dos Predacons pra começar: Megatron, obviamente, mais Violência (não sei pq a dublagem não deixou o nome original, "Rampage" soa bem legal), Quickstrike e Tarantalus.
E sim, a versão do PS1 perde uma estrela imediatamente por não incluir meus dois Predacons favoritos, Waspinator e Viúva Negra. Não perdoarei esta injustiça. No entanto, ela ganha essa estrela de volta porque os Predacons também ganham sua própria cine em CGI, renderizada pela Mainframe e totalmente dublada. Então estamos de volta a zero. Não que eu esteja realmente anotando essa a pontuação.
Uma coisa legitimamente legal que o jogo faz: logo antes de cada partida, você tem uma tela de loading com uma biografia curta do oponente. Um dossiê legal do personagem aparece, e eles executam uma animação estilosa de "maximizar/aterrorizar" enquanto um riff de guitarra brega toca no fundo. Ele até mostra as estatísticas deles, que tenho 99% de certeza de que foram copiadas e coladas da parte de trás da embalagem do brinquedo real, mas eu não me importo o suficiente pra ir pesquisar. Então pontos para a versão do PS1 por… ter tempos de carregamento, eu acho?
Mas tá, chega de enrolação. Vamos entrar na jogabilidade — porque uma hora a gente tem que efetivamente jogar esse jogo... eu acho. Quer dizer, a menos que alguém tenha um jogo de Beast Wars feito pelo Kojima e aí eu assistiria 45 mimutos de cutscenes, mas divago.
Essencialmente, cada personagem tem duas formas básicas de ataque: corpo a corpo e à distância. Sua arma dispara tiros normais, e você pode carregá-la para desferir um ataque pesado — desde uma saraivada de mísseis até um disparo múltiplo, dependendo do personagem. Não é elegante, mas funciona. Mais ou menos. Quase.
Então você pode se transformar no modo animal, que é onde as coisas realmente ficam interessantes. O modo animal te dá um aumento de velocidade e permite que você ataque corpo a corpo com combos, e até te dá um tipo de Spin Dash do Sonic para esquivar de ataques. Então a lógica é:
Modo robô = tiro de longo alcance (mesmo que os Transformers no desenho não consigam acertar um caminhão estacionado a menos que a plot exija)
Modo animal = porrada de curto alcance, como a natureza fez para ser
Essa é uma escolha de design que faz sentido pra mim. E falando ainda em fazer sentido, acredita que essse jogo tem até golpes especiais? Porque, ao contrário da versão do N64, o jogo do PS1 lembrou que jogos de luta deveriam ter esse negócio. Imagina só — um jogo de luta fazendo o mínimo esperado! Onde vamos parar?
Use um golpe especial no modo besta, e você executa um ataque de agarramento estiloso. Use um no modo robô, e você basicamente arrasa a arena inteira com uma explosão de puro nonsense que cobre a tela. Especialmente você, RatTrap.
Então isso é praticamente o que você esperaria de um lutador de arena, e — surpreendentemente — a maior parte funciona. Quer dizer, certamente não é POWER STONE 2, não vamos ficar iludidos aqui, mas os fundamentos estão lá e funcionam. O combate em si não faz nada insatamente criativo, mas pelo menos — e isso já é um milagre comparado à versão do N64 — os cenários são genuinamente legais. Eles são locais reais e reconhecíveis do show, em vez de JPEGs flutuando com formas geométricas desenhadas neles. Você pode consegue ver que os desenvolvedores realmente assistiram Beast Wars. Tem uma arena baseada naquele episódio icônico do duelo no pôr do sol, e outra com relâmpagos o tempo todo tirados daquele episódio da 1ª Temporada. É o tipo de fanservice que os fãs gostam de ver.
Mas mais do que isso, as referências não são apenas cenário de fundo. Elas realmente importam no combate como perigos ambientais. A base Predacon tem torretas que atiram ativamente em quem passar perto, a arena da cachoeira — inspirada no episódio onde os Maximais ficam cegos — vai te machucar se você deixar a água te acertar. Algumas áreas até têm colinas e plataformas que afetam o posicionamento. Novamente, isso não chega nem perto da loucura de POWER STONE 2, mas é alguma coisa.
Enfim, como eu disse, não é um grande jogo de luta, mas ele lida com o básico com alguma competência. A detecção de hits funciona. Ataques de longo alcance realmente acertam as coisas (o que já o coloca acima dos padrões de precisão da franquia). A lógica do modo robô e modo besta é consistente e fácil de entender. Golpes especiais existem — o que não deveria ser revolucionário, mas considerando que a versão do N64 esqueceu que jogos de luta precisam deles, aqui estamos nós celebrando a alfabetização básica em game design.
Ainda não acredito que estamos comemorando o mínimo, mas eu só posso falar dos jogos que eu joguei, e eu joguei o de N64. E esta versão do PS1 joga ossos suficientes para os fãs para manter as glândulas da nostalgia estimuladas. Idealmente, sim, eu gostaria de um milagre do nível de GOLDENEYE 007, onde um jogo licenciado oferece tanto fanservice quanto uma jogabilidade genuinamente excelente. Mas isso não é uma expectativa realista, então pelo menos me dê o fanservice. E nessa frente, este jogo realmente entrega.
Pequenas vitórias, meu povo. Pequenas vitórias.
MATÉRIA NA GAMERS
EDIÇÃO 074 (Julho de 2000 - Semana 4)




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