domingo, 9 de novembro de 2025

[#1590][Nov/2000] WALT DISNEY'S THE JUNGLE BOOK: Rhythm N' Groove (ou "Walt Disney's The Jungle Book Groove Party" na Europa)

Ok, a review análise de hoje vai ser rápida. Isso porque The Jungle Book: Rhythm N’ Groove (ou "The Jungle Book Groove Party", se você preferir dizer com aquele sotaque emposado como fazem os nossos brittish lads) não é um jogo de ritmo musical ruim, de maneira nenhuma.

Au contraire, mon frère, a Ubisoft — sim, aquela Ubisoft — lançou um produto surpreendentemente sólido. Um esforço conjunto entre suas filiais de Xangai e Montreal, nada menos! O jogo suporta o acessório de tapete de dança, apresenta alguns clássicos como The Bare Necessities e I Wan’na Be Like You, direto do filme original de 1967, e ainda inclui algumas músicas novas que são... bem, mais do que aceitáveis, para ser sincero.

E olha só só: a Ubisoft chegou a contratar Lou Bega, o próprio Sr. Mambo Number 5 no auge da sua fama para cantar I Wan’na Be Like You. Isso não é nada mau — nada mau mesmo. É o tipo de energia crossover do final dos anos 90 que simplesmente não se vê mais. Em algum lugar nos escritórios da Ubisoft, um produtor disse: "Sabe do que isso precisa? Lou Bega cantando wuubiidoo." E a Disney concordou em pagar por isso. Isso é arte.

Enquanto estavam nesse estranho e industrioso estado de espírito (imaginar a Ubisoft de 2025 com o "modo esforço" ativado parece uma descoberta arqueológica), eles até dublaram o jogo inteiro em cinco idiomas diferentes — não apenas legendas, mas dublagem completa e localizada para cada um. Bravo por isso, de verdade. O tipo de cuidado e atenção que você esperaria, sei lá, no máximo de um jogo com máxima prioridade pra eles tipo um Rayman 3, não de um jogo de ritmo licenciado da Disney estrelado por um urso que quer vadiar o dia todo. Então, como você pode ver, não é um jogo preguiçoso. Ele faz tudo o que poderia ter sido feito com DISNEY'S THE JUNGLE BOOK... o que me leva à minha principal pergunta: tipo... pra quê?

Não, sério. Por que um jogo de ritmo de "O Livro da Selva" no ano 2000? Que demanda popular fervorosa eles estavam tentando saciar? Existia uma comunidade enorme e inexplorada de maníacos por Mowgli, famintos por ritmo e batendo em seus tapetes de dança em busca de justiça?

Porque, olha, eu entendo. Um jogo de ritmo baseado em músicas da Disney? Ótima ideia. A música da Disney sempre foi cativante, de excelente qualidade e ainda é. Mas... THE JUNGLE BOOK? Sério? Eu teria entendido ALADDIN (ótima trilha sonora), THE LION KING (lendário), até mesmo A Nova Onda do Imperador (que, vamos ser sinceros, é um filme beeeem marromenos que a dublagem brasileira inacreditavelmente boa fez um milagre). Mas O Livro da Selva? De todas as propriedades da Disney, foi essa que eles desenterraram para um jogo de dança?


Então, sim. A Ubisoft realmente se superou neste caso — parabéns pelo esforço! — embora eu ainda não tenha a menor ideia do porquê fizeram isso. É o tipo de mistério corporativo que deveria ser estudado por historiadores. Em algum lugar, em uma antiga sala de reuniões da Ubisoft, alguém propôs um jogo de ritmo de O Livro da Selva com a maior naturalidade... e todos simplesmente concordaram.

Mas hey, talvez, só talvez, essa seja a verdadeira magia do início dos anos 2000 — uma era em que os videogames não precisavam de um motivo para existir. Eles simplesmente existiam.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
EDIÇÃO 161 (Março de 2001)


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
EDIÇÃO 076 (Julho de 2000)