segunda-feira, 15 de março de 2021

[PC] DOOM 2: Hell on Earth (Novembro de 1994) [#653]


Então, Doom 2: Inferno na Terra. Tenho que dizer que eu estava bastante ansioso por esse jogo, já que Doom é um dos mais importantes (e melhores) jogos dos anos 90. Então agora imagine Doom em ambientes urbanos, não é algo realmente legal? Eu acho de um potencial enorme! Agora vai!

Nossa história segue o seguinte: a humanidade encontrou ruínas alieniginas em Marte e resolveu fuxicar nisso - apenas para descobrir que era um portal para o Inferno. O que nossas (nossas?) inteligentsia viram uma excelente oportunidade aí em usar o Inferno como fonte de energia infinita. O que possivelmente poderia dar errado, né?


Para surpresa de zero pessoas, deu merda, o portal do Inferno saiu de controle e instalação cientifica foi pro quinto dos infernos. Literalmente. Entra então nosso space marine tão badass que nem nome tem pra botar ordem na porra toda, um tiro de escopeta na fuça de um capiroto de cada vez.

A boa notícia é que nosso Doom Guy não apenas tem sucesso na sua empreitada, como vai até o coração do Inferno meter pipoco nos tranca-rua chefes. O que ele consegue, é claro. A notícia menos boa é que no final de Doom nosso herói encontra um portal de volta para a Terra. Como isso é uma coisa ruim? Ora, se ele consegue usar um portal do centro do Inferno para a Terra, então toda capirotagem...

Posso estar sendo precipitado, mas vou arriscar e dizer que isso não é um bom sinal.

Doom 2 começa exatamente nesse ponto, com nosso herói armado e pronto para... bem, não salvar a Terra porque esse planeta já foi pro saco, mas pelo menos tornar possível a evacuação do planeta - o que no momento nem isso está sendo possível, pois os tinhosos tomaram a única base de lançamento espacial do hemisfério norte.

Bem, se tem algo que sabemos sobre demonios é que eles nunca aprendem sua lição e mais uma vez ficarão entre Doom Guy e seu objetivo. Especialmente depois deles terem cometido o terrível erro de ter matado o coelhinho de estimação do nosso herói, Daisy. Esse é um erro que você não  quer cometer.

A coisa do coelho é sério, Doom Guy é o John Wick original

Então Doom 2 era uma oportunidade incrível para trazer o combate a cramuiões de Doom para cidades pós apocalipticas, o que pode ser dificil fazer com a engine 2.5 criada por John Romero mas eu consigo visualizar algo nesse sentido como em uma versão primitiva de Duke Nukem 3D. Se alguém no mundo é capaz de fazer algo ousado assim, definitivamente é a ID Software de 1994 e seu dream team de John's.

Duke Nukem 3D, de 1996, serve como base do que eu poderia esperar desse jogo

Então como a ID Software resolveu a questão? Bastante simples: não resolveu. Esquece tudo que foi dito até aqui, Doom 2 é apenas um pacote de expansão do jogo anterior com novas fases, uma nova arma e é isso.

Pior que isso, na verdade, é que a essa altura do campeonato John Romero e John Carmack estavam trabalhando no próximo jogo da ID Software - que seria o primeiro jogo verdadeiramente 3D criado por eles. A passagem do 2D para o 3D é uma empreitada trabalhosa já que você tem que basicamente jogar fora tudo que você sabe e aprender uma linguagem de programação nova do zero. Dessa forma eles estavam até os cotovelos imersos nesse novo trabalho de criar o grande novo jogo revolucionário que abalaria o mundo dos videojogos.

A escopeta de cano duplo e sua animação de recarregar é a grande novidade para esse jogo. E meio que a única.

A boa notícia é que eles eventualmente conseguiriam e fariam sim um jogo 3D que se tornou o parametro a ser seguido por cada desenvolvedor ocidental pela próxima decada com trilha sonora do Nin Inch Nails. A notícia não tão boa é que Quake só sairia dali a um ano e meio, lá pela metade de 1996.

O que significa que até lá a ID Software precisava continuar pagando os boletos de alguma forma, ergo novas fases para o Doom original. Mais conhecido como Doom 2. Desenvolvido pelos outros funcionários da ID, a ausencia dos principais membros do time é algo que se nota aqui em especial que os níveis não são desenhados por John Romero. 

"Ele tem uma motoserra! Ele é louco, fujam" hehe, nunca canso disso

Uma das maiores qualidades de Doom é que apesar das fases serem labirintos, existem uma lógica até mesmo graciosa nos niveis desenhados por Romero, existe um fluxo natural não dito de como as coisas devem ser feitas que chega a ser poético. Doom 2, por outro lado, tem fases um tanto quanto mais... truncadas vamos dizer assim vários momentos de ficar andando em circulos e se perguntando onde diabos falta vc ir para conseguir avançar.

Não que seja ruim, mas ir de algo que é definitivamente especial para "é, okay" definitivamente representa um tombo grande de qualidade. Não me entenda errado, mais de uma coisa boa não é algo ruim, apenas que Doom II é uma sequência óbvia demais com apenas uma arma nova e basicamente os mesmos inimigos torna dificil diferencia-lo de apenas uma expansão do seu antecessor.

Uma das fases, por exemplo, é esse buracão no qual você tem que lutar contra demonios nas beiradas dele enquanto anda por essa estradinha. Não a coisa mais user friendly do mundo

Como eu disse, mais de uma coisa boa não é uma coisa ruim, apenas... é uma coisa "okay, é uma coisa podemos afirmar que definitivamente é uma coisa". Mas de repente o jogo só ter recebido uma matéria na Super Game Power e não nas outras revistas mesmo sendo um título tão importante não me parece mais a coisa mais descabida do mundo.

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 009