domingo, 7 de março de 2021

[SUPER NINTENDO] SUPER STAR WARS: The Return of the Jedi (Outubro de 1994)[#645]

A capa ocidental do jogo não tem nada de errado com ela, mas por algum motivo eu prefiro a capa japonesa...

Oh well, então Super Star Wars, né? Por muito tempo eu evitei falar sobre os jogos dessa série aqui, mas como esse é o final da trilogia suponho que seja necessário. Veja, a coisa com os jogos SSW é que eles são, hmm como posso colocar de uma forma que me faça entender... ah, já sei: INJOGÁVEL. Sim, sasporratudo são completamente injogaveis.

De fato, são jogos muito bonitos para um jogo de SNES, a trilha sonora é bastante fiel aos filmes (já que o Super Nintendo não soa como um gato com laringite como o Mega Drive), e os jogos reproduzem as cenas mais iconicas de cada filme de uma forma criativa. É tudo que você poderia esperar de uma boa adaptação de filme para videgoame, exceto que essas merdas são tão dificeis, tão dificeis mas tão dificeis que até hoje eu não vi UMA lista de jogos mais dificeis do SNES sem citar esses jogos.

... não faço ideia do pq.

O que não é algo realmente fora do esperado quando você lembra que esse jogo foi feito por uma empresa famosa por seus jogos injogaveis como VIRTUAL BART e THE SIMPSONS: BART'S NIGHTMARE.

Em cada nível, cada momento do jogo, cada pixel é conquistado através de luta e raiva, projeteis, inimigos que se movem rápido demais e one hit deaths. As lutas contra chefes então, hahaha, eles tem duas biblias e meia narradas pelo Cid Moreira em velocidade 0,25 de duração por causa das suas barras de vida e batem como se estivessem sendo pagos pra isso. As fases que você pilota veículos, bem, vamos dizer que elas envelheceram menos bem do que o resto do jogo.

E se você achou o primeiro Super Star Wars era difícil, até jogar Super Empire Strikes Back. As cavernas cobertas de neve de Hoth fazem os desertos de Tatooine parecerem uma caminhada sobre um bolo (essa expressão nunca fez sentido pra mim), não acho que seja humanamente possível jogar esse jogo sem que o controle termine estraçalhado na parede.

Esses jogos têm uma reputação. Eles são difíceis pelo prazer de serem dificeis, parece que os desenvolvedores estabeleceram como objetivo garantir que não mais que três jogadores até o fim dos tempos chegassem ao fim, como se uma dificuldade destruidora de almas garantisse que os jogadores saissem mais satisfeitos por ter de repetir o mesmo nivel indefinidamente até que cada pixel do jogo fosse memorizado.

Vão se foder, terminar a primeira fase no easy é uma profissão de fé, tá louco um negócio desses. Como tantas criaturas podem sobreviver a tantos golpes de um sabre de luz? Por que absolutamente tudo nesta galáxia (incluindo os critters) estão tão decididos a pular em cima dos nossos heróis?

Unlimited pauaaaaaaaaa

Mas okay, esse é o cenário geral desses jogos. A boa notícia, e o motivo pelo qual eu estou escrevendo esse texto e não ter apenas pulado esse jogo com os outros é que pelo menos Super Return of Jedi é um jogo minimamente jogavel no easy. Ainda desgraçadamente dificil, mas pelo menos jogável.


O que é uma coisa boa, porque tirando o fato que não tem como jogar esses jogos - um pequeno detalhe insignificante - eles são jogos bastante bons em todos os outros aspectos. Cara, é um fucking jogo que você pode jogar com a Léia, olha que coisa massa! Na verdade (em algumas fases) você tem a opção de escolher três personagens, cada um com habilidades levemente diferentes e os personagens que estão disponíveis dependem do momento do filme. Chewie tem o pilão giratório que o deixa invencível por alguns segundos, Han arremessa granadas, Luke tem os poderes da força (invencibilidade temporária, recuperar HP, arremessar o lightsaber, etc) e por aí vai.

Então na primeira fase (que é quando eles vão resgatar o Han Solo do Jabba) você pode escolher entre Luke, Leia ou Chewie. Por outro lado, na fase da floresta você não tem outra opção senão jogar com as dilminhas (vulgos Ewoks), o que é bem legal.


Os gráficos não apenas tem um toque bastante característico, você consegue identificar um jogo da franquia só de bater o olho, como são bastante nostálgicos pra mim porque Super Star Wars foi o primeiro jogo que eu aluguei para o Super Nintendo (junto com SUPER BACK TO THE FUTURE 2). Eu nunca passei da segunda fase porque, como eu disse, esses jogos são injogaveis.

Melhor que os gráficos, entretanto, é a parte sonora do jogo: as músicas iconicas de John Williams foram transpostas tão bem quanto se podia fazer com a tecnologia da época (e, claro, o jogo não estar rodando no chip do som do Mega Drive e soar como se fosse dois barbantes embebidos em cerol durante uma tempestade elétrica), mas principalmente porque usam efeitos sonoros e samples de voz dos filmes, e ouvir a Carrie Fisher sempre é algo que vale a pena.

Os controles são meio frouxos mas okay, e o level design não é nada espetacular mas funciona. Como eu disse, é um jogo realmente bom e sólido... ou seria se você conseguisse jogar eles. O que agora com essa terceira e última rendição da série, é possível (mas apenas no easy e ainda sim vai ser dificil pacas).


E bem, agora que eu consegui jogar e falar sobre essa série antes que ela fosse, vou aproveitar para falar um pouco sobre o filme em que ela se baseou já que falar de Star Wars é o dever civico e moral de todo nerd que faz valer o seu peso em bullying sofrido.

Sabe, uma das coisas que eu mais gosto nesse filme é que até o lançamento do episódio I (ou seja, durante toda minha infância e parte da minha adolescência) esse foi o único filme de Star Wars realmente protagonizado por um Jedi. Embora isso esteja sendo recuperado agora, especialmente depois de Mandalorian, por algum motivo que eu nunca vou entender as pessoas parecem esquecer que o Luke é um dos jedis mais legais da série toda. Que são as mesmas que idolatram um personagem bosta que só serve de alivio cômico em uma cena, vulgo Boba Fett - e que também começou a ser consertado em Mandalorian, olha só.



Eis aqui uma opinião não tão popular assim: Luke Skywalker é um jedi realmente cool. Claro, ele não teve o treinamento todo e portanto não sabe lutar tão bem quanto um jedi plenamente formado (na verdade ele fez um intensivão com o Yoda e vamo que vamo), mas ser um jedi não é sobre lutar tanto quanto ser um monge shaolin não é sobre lutar kung-fu. Claro, é um bonus incomensuravelmente cool, mas não é esse o ponto realmente.

Luke parece legal, ele fala coisas legais e quando ele chega no nojento Jabba e diz "Você pode pegar esses trocados aqui e viver ou ser destruído" você sabe que o garoto está falando sério. Depois ele faz a mesma coisa com Imperador Palpatine, taí algo que eu posso respeitar.

Curiosamente essa é uma das coisas do filme que eu nunca entendi. Quando, exatamente, ele ficou tão cool assim? Até hoje eu tenho a sensação de que tem algum arco de história faltando aí pq do episódio V para o VI ele ficou muito badass sem explicação nenhuma. Ele nem tinha voltado para terminar seu treinamento nem nada. Ah well, tenho certeza que a Disney vai fazer uma série sobre isso eventualmente.

Minha reação quando alguém diz que as prequels arruinaram
uma série super séria e profunda como Star Wars

Agora o interessante da construção do Luke nesse filme é que ele é, acreditem ou não em um filme do George Lucas, com uma caracterização coerente. Embora ele tenha entendido os conceitos da Força em seu coração e lute o suficientemente, o treinamento dele é incompleto e como resultado Luke coloca muito mais banca do que pode pagar resultando em cenas divertidas de ação meio desengonçada. Achei um toque inteligente do roteiro mostrar que o Luke fala como um jedi mas seu treinamento é falho: um jedi propriamente formado não teria que recorrer a socar um osso na boca do Rancor para não ser devorado (alias a cena do tratador dele chorando depois que o monstro morre é ótima, são as pequenas coisas assim que nos ganham).

De um ponto de vista cinematográfico a escolha de Luke ser um jedi um tanto atrapalhado com o estilo proposto para o filme, que é de ser uma aventura sessão da tarde bem ao nível de filme dos Trapalhões. eu sei que isso soa com uma conotação ofensiva, mas de verdade não é. Os filmes dos Trapalhões, os bons pelo menos, tem personagens carismáticos, uma boa aventura familia e cena de ação que não tem vergonha de serem divertidas com elemento de comédia pastelão no meio do quebra-pau.

E você achando que a Disney que tinha inventado enlouquecer com o marketing de Star Wars

Ora, e não é exatamente sobre isso que Star Wars é? Um filme Sessão da Tarde com cenas de ação divertidas e as vezes engraçadas? E nesse aspecto o episódio VI tem as cenas de ação mais divertidas de toda saga.

Alguém poderia argumentar que toda a coisa do resgate de Han Solo na base do Jabba ficou um pouco longa demais para sua importância na história, mas as cenas ficaram tão divertidas que não tem realmente como reclamar disso. Temos o Luke chutando bundas com sua semi-jedizice, o Han Solo cego divertindo geral e enquanto todo mundo brinca com os capangas a Leia mostra pro grande vilão da cena com quantos paus se faz uma roupa de escrava (resposta: nenhum, não é assim que se faz roupas). Tudo excelente.

Alias essa cena da Leia com o biquini ficou muito famosa e frequentemente é citada pelas pela taradice dos homis que tem que acabar, mas pouca gente realmente lembra dessa cena de verdade. O Jabba quer tirar a fucking Leia pra vadiazinha dele, como é a fantasia de todo mundo que cita essa cena, e como é que isso acaba? 


Não sei se fico mais impressionado com a Leia ter matado sozinha o gangster mais perigoso da galaxia ou ela ter memórias da Padmé sendo que ficou tipo 0,15 segundos com ela. Ambos são feitos impressionantes. E puta escolhas de ruim que tu faz mano, sua próxima ideia para compor o seu harém seria quem? Sarah Connor? Samus Aran?

E aí quando você pensa que as coisas não podem ficar melhores, o grupo vai pra lua de Endor desativar o escudo que protege a "Estrela da Morte 2: Eletric Boogaloo" e encontram os nativos do local, os Ewocs.

E no fim a culpa de tudo foi do Samuel L. Jackson.

No começo eu demorei a entender o que o George Lucas queria com aqueles ursinhos carinhoso creep, mas logo que a ação começa eu captei o ponto dele. O pequeno grupo de heróis e os nativos medonhos protagonizam cenas de ação melhores ainda ao estilo Sessão da Tarde, que como eu disse é a proposta do filme. Eu sei que os nerds hoje tem 15 tipo de chiliques de "ainnn, Stormtroopers apanhando pra Ursinhos Carinhosos", mas a verdade é que as cenas são divertidas.

Cara, esse é um filme bem gostoso de se assistir. De verdade.

Luke... deixa eu morrer em paz, para de ficar interrompendo


E enquanto nossos peludos amigos aprontam altas confusões com os Storm Troopers menos competentes do Império (o Imperador realmente deveria ter separado uma verba do orçamento para continuar comprando clones), na nova e melhorada Estação Bélica o jovem Luke Skywalker tem o confronto final com Darth Vader e o Imperador, e as cenas do Imperador tentando substituir seu antigo aprendiz por um novinho mais promissor é realmente muito interessante e bem feita - se você estiver com humor para o nível de escrita do George Lucas, isso é.

Depois de todo o desenvolvimento para seduzir Anakin para o lado negro, soa bastante adequado ao personagem ser precipitado e arrogante ao achar que levaria o Luke para o lado negro sem se esforçar dado que se passaram quase vinte anos sem ter oposição absolutamente nenhuma.

Com cheat até eu, né!

Depois de vinte anos no poder sem ser desafiado o Imperador incorreu no mesmo erro que levou a ruína dos Jedi: se tornou confiante demais, arrogante demais e velho demais. Realmente faz sentido se você pensar no todo.

Ao mesmo tempo, Darth Vader finalmente rouba a cena e mostra porque é até hoje um dos grandes vilões da história do cinema - porque convenhamos, nos episódios IV e V ele não faz grandes participações.


George Lucas sempre foi um grande fã de Akira Kurosawa (o nome "Jedi" vem de "Jidai Gaki", um estilo de filmes sobre samurais) e embora presente em toda a série, esse momento de conflito interno e redenção trágica em particular se destaca. Essas são boas cenas não apenas para o padrão de diversão trash de Star Wars, mas boas cenas de cinema de modo geral.



O Retorno de Jedi dá um final satisfatório a uma saga divertida, não só não deixando a bola cair como sendo o melhor momento da carreira de George Lucas como roteirista no equilibrio entre drama e diversão. Eu gosto bastante também dos momentos finais do episódio III, mas aquele filme precisa de bem mais consertos do que O Retorno de Jedi.

Agora, sabe uma coisa interessante? Todo fandom é um lugar de sofrimento onde os neuronios vão para morrer, mas o de Star Wars é particularmente estúpido. Por algum motivo eles tem como liquido e certo que Star Wars é uma coisa uber séria e épica com personagens profundos. Na verdade, eles acreditam nisso a tal ponto que ficam putos com qualquer coisa que não sejam assim.

Só que, como diria a Ação Games, Star Wars é isso aí mesmo:


Star Wars é muito mais próximo de um filme dos Trapalhões do que Senhor dos Anéis, e nesse sentido O Retorno de Jedi é um filme de Star Wars muito bom e um final satistório e até mesmo emocional para uma saga tão longa. Sim, final, porque nunca mais foi lançado nada de Star Wars cronológicamente após esse filme. Nunca. 




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