sexta-feira, 12 de março de 2021

[SUPER NINTENDO] MICHAEL JORDAN: Chaos in the Wind City (Novembro de 1994) [#649]



Sabe, eu gosto de pensar em mim mesmo como um gamemaníaco de mente aberta. Eu costumo achar que eu tendo a deixar todos meus preconceitos de lado e realmente tentar julgar o jogo pelo que ele se propõe a fazer. O que eu ainda acho que faço melhor do que a maioria, mas então de vez em quando vem um jogo desses que me ensina a novamente calçar as sandálias da humildade.

O exemplo em caso de hoje é, acredite ou não, Caos da Cidade do Vento do Miguel Jordão. Esse é um jogo que eu tenho ciencia da existencia dele desde minha tenra idade, e desde então tive tanto interesse por ele quanto tenho por decorar todos os 15 primeiros números decimais do Pi.

Michael Jordan é conhecido por frequentemente fazer movimentos que parecem cena de anime, como essa enterrada pulando quase de fora da area.

Olha, eu entendo, Michael Jordan é o maior jogador de basquete de todos os tempos, ganhou todos os prêmios que existem para serem ganhados, ganhou todos os campeonatos que ele podia ganhar (mais de uma vez) e a única pessoa no esporte que pode se comparar a ele é o Pelé e quando se aposentar o menino Amilton. Então é natural quererem colocar a marca licenciada dele em tudo que for humanamente possível. E quando eu digo tudo, é tudo MESMO!


Então um jogo do Michael Jordan seria apenas esperado. Quer dizer, um jogo do fucking Michael Jordan! Só que esse jogo não é o que você poderia esperar. Eu entenderia se fosse um jogo de basquete dele, na verdade eu até esperaria por isso, afinal você faz um jogo de futebol do PELÉ, um jogo de corrida doAYRTON SENNA e um jogo de basquete do Michael Jordan, certo?

Bem, não. Tente mais um jogo de plataforma. Espera, o que? Sim, um jogo de plataforma que ele sai quicando a bola pelo mundo e dando boladas em monstros? Okay, agora isso já é realmente ridiculo. Me desculpem não ser otimista depois de jogar THE ADVENTURES OF KID KLEETS, mas eu já vi o que acontece quando você transforma um esporte em jogo de plataforma.

Eu tenho bastante impressão que as regras do basquete não permitem jogar com duas bolas, sendo uma delas flamejante e outra congelada. E que o Michael deveria estar queimando as mãos. Mas com o tanto que ele tem de musculos, não serei eu a dizer que ele não pode!

Pelo menos tem uma explicação do porque ele precisa ficar quicando a bola no chão? Jogadores profissionais de basquete vivem sobre as regras da policia do basquete e cometem falta se derem dois passos sem quicar a bola? E é um jogo de plataforma da Eletronic Arts ainda por cima, algo que eles nunca foram conhecidos por serem bons... ou sequer fazerem.

Nada disso parecia promissor quando eu era criança, e trinta anos depois nada parece realmente melhor. Mas vamos lá, né...


Em 1993 um evento trágico marcou a vida de Michael Jordan: seu pai morreu num latrocinio bizarro que parece coisa de série policial (seu corpo foi encontrado apenas três meses depois porque foi jogado num pantano). Muito próximo do pai, Jordan decidiu que aquele evento era um sinal para ele ter uma mudança de vida e fazer as coisas que ele sempre quis fazer.

Como jogar baseball, por exemplo. Sabe-se lá Deus pq Jordan era um grande fã de baseball e sempre sonhou ser um jogador profissional da basebola. Bem, não é como se ele tivesse mais algo para ganhar no basquete que ele já não tivesse ganho, então pq não?

Assim ele largou o basquete para ser jogador de baseball. Esse jogo se passa nesse momento da vida do Miguel e na história ele é convidado para uma partida de basquete para a caridade. Ao ir treinar ele descobre que seus colegas de equipe tinham desaparecido. A menos que seu time seja composto de Kurokos, o fato deles não estarem a vista de significar problemas.


Oh noes! Sua equipe foi sequestrada e apenas o Dr. Max Cranium pode te ajudar a encontrá-los! Ou talvez seja o sequestrador, não sei, o bilhete é meio vago. Sabe, não deve ter sido fácil para o Dr. fazer aquela bola passar por uma clarabóia. Na verdade, aposto que se você olhar o telhado vai encontrar três ou mais outras bolas com a mesma mensagem que não acertaram o alvo.

Oh bem, então Jordan-boy vai ao local do encontro descobrir o que é que tá rolando.



Naquela noite, um guarda deixa Michael entrar no museu fechado. "Ei, você é aquele jogador de basquete famoso! Claro que vou deixar você entrar para passear pelas exibições na calada da noite!"

Ele encontra uma porta secreta na sala egípcia e entra com cautela ... encontrando-se na entrada de uma prisão subterrânea. Michael então chama a polícia porque ele é só um jogador de basquete começa explorar para encontrar seus amigos! Sozinho!

O jogo tem fases labirinticas, mas antes dela você pode olhar esse mapa então tem mais ou menos uma ideia de para onde ir. O que é legal.

Bem, ao final do primeiro conjunto de fases Michael encontra o terrível Dr. Max Cranium, onde descobre que este sequestrou todas as estrelas do All-Star game e desafiou Michael a ir salva-los, para assim captura-lo e ter o último monstro do basquete que falta para sua coleção! Ah, mas pra que ele quer jogadores de basquete, vc pergunta? 

Vc não vai acreditar mesmo se eu te contar:


O Dr. Cabeção quer o time de basquete mais pica das galaxias ever para ser uma atração no seu parque de diversões! Espera, o que? Onde eu já ouvi isso antes?


Sim! Chaos in the Wind City é exatamente a mesma premissa de Space Jam... só que o jogo da Eletronic Arts saiu dois anos antes do filme! Então Space Jam é que copiou esse jogo! Oh!

Essa definitivamente uma grande surpresa, mas definitivamente não é nem a última e nem sequer a maior. A maior surpresa mesmo a respeito desse jogo que parecia idiota a primeira vista ... é que na verdade ele é bom! Oh! Duplo oh!


Em primeiro lugar, cara, essa é uma tela de seleção de fases surpreendentemente bonita. Ele tem ciclo de cores na água, luzes piscantes nos edifícios, um ponto de interrogação pouco-serrilhado giratório brilhante e um ótimo uso de perspectiva da cidade. 

Por curiosidade, abri o Google Maps para comparar com a aparência real de Chicago (também conhecida como "a cidade do vento", que dá nome ao jogo), e eles colocaram vários edifícios certos nos lugares certos. Para ser honesto, não sou muito familiarizado com Chicago, mas até onde eu consigo deduzir os prédios reais estão exatamente onde o mapa diz que está.


Minha maior preocupação com esse jogo era, bem, ter outro Soccer Kid nas mãos em que eles decidiram que precisavam ser ultra realistas em um jogo sobre recuperar pedaços explodidos da Copa do Mundo das mãos de aliens usando uma bola de futebol. Não, aqui Michael não precisa correr atrás da bola após cada ataque, uma nova bola se materializa magicamente na mão dele.

O que é uma habilidade que explica seu sucesso na NBA e embora pareça apelona, eu tenho bastante certeza que ninguém nunca escreveu uma regra contra materializar bolas magicamente na sua mão. Justo o bastante.

Quanto ao medidor de vida, infelizmente o rosto de Michael no canto superior esquerdo da tela não vai se desintegrando em uma caveira de metal quando ele sofre danos, mas pelo menos ele pontos de vida e não morrer com um hit serve pra mim - na verdade você pode achar power ups para aumentar seu medidor de vida. O que é realmente bom, eu já joguei CONTRA: Hard Corps o suficiente para uma vida inteira.


Os comandos desse jogo são um pouco diferentes do que você esperar também. Você tem um botão de pulo e um botão de ataque, obviamente, mas também tem outro botão de pulo. Se você apertar X ele pula se preparando para enterrar a bola então se você atacar depois de pular com X Michael enterra a bola. Para que isso serve?




Bem, tem essas cestas aí em cima que dão bonus quando você enterra a bola, mas esse não é o uso principal do movimento e sim atirar ela no chão. Isso é importante não apenas porque tem inimigos pequenos que só podem ser atingidos assim, mas porque atirar a bola no chão ativa um pode especial dos power ups que você pega.

A bola de fogo, por exemplo, faz sua bolada causar mais dano (o que já é muita coisa, uma bola de basquete é pesada e vc não quer levar uma bolada dessas), mas se você arremessar ela no chão acontece isso:


Existem vários tipos de bolas especiais com efeitos próprios cada um, e mais o efeito extra de cada uma se você jogar ela no chão. A melhor parte é que o jogo é completamente abundante com esses tiros especiais, então o jogo incentiva você a usar o melhor dos seus power ups sem medo de ser feliz.


Outra coisa que eu gosto bastante nesse jogo é que acertar os inimigos paralisa eles e interrompe os ataques deles. Isso dá ao jogador um grande controle do fluxo do gameplay e evita uma das coisas que eu mais odeio em jogos de plataforma que é a coisa que os inimigos vem pra cima de vc rápido demais e você não pode fazer nada a respeito. A sensação de clautrofobia em jogos de plataforma não é algo legal, para surpresa de zero pessoas.

Variedade dos ataques a parte, o level design também é muito bem feito. Esse é um daqueles jogos que tem uma sinergia gostosa entre o posicionamento das coisas e os itens para avançar que você coleta sendo quase um minimetroidvania. Tipo você vê uma plataforma trancada preciando de uma chave verde, então quando você segue o caminho da fase e pega a chave verde já sabe para onde voltar ao invés de ficar pateteando por aí.

Chave essa que você consegue quando o cara que você resgata desaparece magicamente em uma nuvem de fumaça. Basquete é estranho.

Na verdade o level design desse jogo é meio que bom DEMAIS para um jogo caça-níquel da Eletronic Arts com uma celebridade, quem foi que fez isso?


Oh, okay isso explica. Esse foi o primeiro jogo planejado por Amy Hennig, que posteriormente viria a ser a principal designer da Naughty Dog em Uncharted, além de Jax and Daxter e também a série Legacy of Kain pela Crystal Dynamics.


O jogo não é perfeito, entretanto, tem várias pequenas coisinhas me incomodam nele e uma dela são os botões. Você troca entre as bolas especiais apertando R, mas o L não serve para voltar na seleção ao contrário do que você poderia imaginar - o que significa que se você tem nove bolas e passa a que você queria, tem que apertar o botão mais oito vezes.

Estranhamente L corre, e é meio incomodo um jogo que corre no L. O que eu teria feito é tirar o botão para usar chaves (em qualquer jogo do mundo é só parar em cima e apertar pra cima, não sei pq tem um botão para isso) e colocaria a corrida no A, deixando o L e o R para circular entre as bolas. Ou então correr com dois toques para frente, é super normal tb.



Também me incomoda que Miguelito seja um tanto quanto mais escorregadio do que o bom senso poderia sugerir, mas suponho que não tenha como ser evitado de um cara que calça 46. É meio irritante, mas eu já vi piores.

Enfim, Michael Jordan: Chaos in the Windy City é um daqueles jogos que eu realmente esperava que fosse uma porcaria, mas não é. É um jogo bastante decente, até mesmo bom. Pra você ver que nem todos os jogos podem ser julgados pelo uso estranho da licença, o que é uma lição bastante incomum para se tirar.

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 076

Essas "cestas que não dão nada" são os checkpoints, seus animais


MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 005


Edição 009