Okay, eu tenho que começar dizendo o seguinte: eu realmente gostava da intro da Virgin na era dos 32 bits. É meio bobo, mas pra mim parecia tão maneiro, tão "é o futuro" e a sensação que eu realmente estava jogando um jogo do mais moderno que poderia existir... o que não estava errado, na época, pelo menos.
O ano é dois mil e ninguempensoumasimagineumnúmeroalto, os aventureiros Tara e Axxel (ninguém sabe a real utilidade do segundo X) são enviados para o campo de asteroides GRIDONIANO (pq a imaginação estava realmente correndo solta aqui) investigar pq as naves que passam por aquele setor estão desaparecendo.
O que logo se torna um chamado a aventura quando eles recebem um distress signal na região. E como aparentemente nesse século ninguém assistiu Alien, é obvio que eles vão investigar. O que possivelmente poderia dar errado?
Bem, nossa Gretchen espacial e seu amigo decidem atracar nessa nave que obviamente é uma armadilha para investigar. E para tornar a vida dos armadilheiros mais fácil ainda, eles decidem se separar pq obviamente esse é um jogo de temática Darwinista.
Para zero surpresa de todos os envolvidos, de fato ERA uma armadilha.
Eis então que surge a Imperatriz Eu-não-acredito-em-tercerizar-ordens-e-faço-tudo-eu-mesma Vorga... taqueopareo nomezinho... e dispara um raio desmilinguante no nosso herói. Mas o que ela pretende com isso? O cheiro de ion queimado pela manhã? Um fetiche muito especifico envolvendo as cinzar de um outrora homem feito por CGI feia dos anos 90?
Não, você é teletransportado para participar do GRID RUNNER, um reality show alienígina onde competidores capturam bandeiras porque realizar reality shows mortais é uma dos hobbies legalizados para aliens executarem com seus abduzidos (logo depois de fazer desenhos em plantações ou testar sondas anais).
Desenvolvido originalmnente para o Super Nintendo (com efeito, um prototipo de 1995 foi encontrado), Corredor da Grelha migrou para os consoles modernos porém mantendo sua premissa: ser uma atualização de Rally-X. Lembra de Rally-X?
NÃO POSSO DIZER QUE QUALQUER UM LEMBRE, NEM MESMO SEUS CRIADORES
Tá, o arcade do carro com fumacinha. Lembra agora?
AAAAAAAAHHHHH SIM, RALLY-X. RECENTEMENTE FALAMOS DELE NO MICROSOFT RETURNA OF ARCADE, SIM
Então, Rally-X. De uma forma simplista, Corredor de Grelha é uma releitura desse jogo com alguns gimmicks. Então você ainda tem que capturar bandeiras usando algumas armas para atrasar seus perseguidores (como a fumacinha de Rally-X), mas eis o plot twist aqui: ele também é um jogo de pega-pega.
Sim, a brincadeira que vc pensou, tem um jogo disso. Eu vou deixar o peso dessas palavras afundarem em você.
Como funciona é o seguinte: o objetivo da fase é capturar X bandeiras, mas apenas o primeiro que pegar a primeira bandeira pode coletar elas. O segundo jogador tem que encostar no primeiro pra ele passar a ser o pegador de bandeiras. Então quando eu digo que esse jogo é uma mistura de Rally-X com pega-pega, é exatamente isso que esse jogo é.
E considerando que Rally-X nada mais é do que uma variação de Pac-Man... bem, essa é uma ideia bastante criativa, tenho que dar isso a eles. Claro, isso seria chato se fosse apenas um pega-pega glamourizado (o que é justamente o problema de Rally-X), por isso o jogo adiciona um tempero com uma série de magias em seu arsenal.
Em meio à sua corrida frenética na grade você pode construir pontes para criar atalhos, lançar magias ou desacelerar seu coleguinha colocando minas terrestres. Ao longo do grid você também coleciona esferas que repõe a sua mana, ou aumentam seus atributos de velocidade e agilidade para manobrar. Para adicionar ainda mais entretenimento, alguns grids também tem características peculiares – como o grid do gelo que escorrega, ou a da selva que spawna vermes que atrapalham sua velocidade.
Claro, é necessário dizer que todo o conceito de Grid Runner foi baseado em uma experiência para 2 jogadores, e o jogo realmente tem sua razão de existir. Tudo, desde o sistema de pega até os teleportes espalhados pelo grid foram feitos para ser uma competição caótica de 2 jogadores.
Uma comparação muito boa a ser feita aqui é o modo versus de SUPER BOMBERMAN – claro, Grid Runner não é um SUPER BOMBERMAN, mas esse é o tipo de vibe competitiva que o jogo exala. No Saturn funciona particularmente bem neste modo, sem slowdown perceptível ou outros problemas técnicos, já a versão de PS1 tem menos RAM disponível e o jogo engasga as vezes.
Em última instancia, Grid Runner é um neto de Pac-Man e não esconde suas raízes arcadisticas. Isso significa que ele é curioso para algumas jogadas rápidas, especialmente no modo versus, mas não é uma experiência de jogo sólida para várias e várias horas. Não há nada de arrasador no Grid Runner, mas o que resta é um bom título de baixo orçamento que, embora não seja uma joia escondida, ainda é uma entrada sólida para quem curte arcade-like.
MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 031 (Outubro de 1996)