sexta-feira, 26 de agosto de 2022

[#958][Mar/96] ROBO PIT


Eu estou seriamente pensando em começar uma nova sessão aqui, chamada "De Boas Intenções...". Pq se tem um jogo que é bem intencionado, definitivamente é o Poção dos Robos aqui. Mas vamos começar do começo: Poço dos Robos é uma história sobre o apocalipse das máquinas, porém um take mais leve nessa proposta.

MAIS LEVE COMO, EXATAMENTE?

Colocando olhinhos fofos neles, não tem como ficar chateado com as máquinas por terem substituido a raça humana se eles tem Googly Eyes, né?

Mas onde estão os humanos? O mundo de Robo Pit é um mundo onde os robôs correm soltos, presos em um ciclo interminável de batalhas de gladiadores ... mas por quê? Logicamente, os robôs não podem lutar e destruir uns aos outros, de acordo com a Terceira Lei de Asimov. No entanto, deve haver uma razão pela qual eles estão lutando, e a única razão que pode anular a Terceira Lei de Asimov é a Segunda ou a Primeira. 

Portanto, eu afirmo que no mundo de Robo Pit, a raça humana foi quase exterminada e os sobreviventes foram escravizados por uma cabala secreta de humanos mutantes falantes de francês que comandaram os robôs para lutar contra outros robôs pelo puro entretenimento dos mutantes, dizendo aos robos que eles estarão lutando para salvar os humanos de serem torturados pelos mutantes. 

Os robôs não podem alcançar os mutantes para atacá-los (já que eles vivem no espaço, duh) e então eles não têm escolha a não ser saciar a sede de sangue de seus novos mestres nas arenas pela batalha deste futuro sombrio e distante sob o vago pretexto de que eles estão salvando a verdadeira raça humana. 

Ou, você sabe, eu apenas inventei isso pq na real esse jogo não tem história. Escolha no que prefere acreditar.

Seja qual for a razão das lutas, Robo Pit começa bastante bem e é aqui que o jogo entra no que eu disse "De Boas Intenções", pq a primeira coisa que você faz é construir seu próprio robô com um range bem amplo de braços, pernas, corpos e cabeças - cada um tendo um efeito diferente não apenas nos stats, mas no moveset do personagem e isso é bastante impressionante.

Meio que numa pegada Dark Souls (sério), faz muita diferença no tempo e movimentação do seu ataque se o seu braço é uma katana, uma marreta pesada ou braço de boxeador (e o mesmo para pernas também), permitindo uma customização não apenas visual, mas de estilos de luta bastante impressionante.

Quer jogar como um boxeador equipando um escudo uma mão e um socão na outra pra defender e atacar? No problemo. Ou quer duas armas para jogar como um third person shooter? Tá tranquilo. Dentre as combinações possiveis de armas, a imaginação é o limite.


Adicione a isso que existem pernas de aranha, pernas de hélice, pernas de moto, pernas de carro de corrida, pernas de pula-pula, pernas de bípede… e algumas escolhas realmente bizarras para a cabeça uma cabeça de baleia ou uma cabeça com orelhas de coelho ... ou uma cabeça de abacaxi. "Pq não ter uma cabeça de abacaxi quando vc pode te-la?", é o que eu sempre digo…

De qualquer forma, depois de customizar suas peças, nome e cores, é que começa o jogo em si. E por isso eu quero dizer lutar contra uma lista de 100 robôs para chegar ao topo e ser o novo campeão. E é aqui, na hora de jogar o jogo mesmo, que a coisa desanda. 

As lutas são 1x 1, perde quem ficar sem energia ou cair da arena, o que é bem padrão para um jogo de luta. O que é menos padrão, entretanto, é que esse jogo é um arena fighter que parece uma versão mais polida de HYPER 3D TAISEN: Gebockers. E se você não faz a mais remota ideia do que caralhas é um "Gebocker", bem, isso dá uma ideia realmente do quão desinspirada a coisa toda é.

O que torna esse jogo tão bleh é que as arenas (todas as quatro) geralmente irrelevantes e a IA beira o não-existente, então apenas sacudir sua arma ou snipar os adversários com sua pistola/canhão/arco é uma não-questão. O que é uma forma elegante de dizer que o jogo é absolutamente CHATO, vc apenas balança sua arma na arena e é isso basicamente. Repita em CEM lutas (101 com o chefe final), provavelmente mais e temos um exercicio de tédio.


Para dar uma apimentada nas coisas, se você vencer uma luta você ganha as armas do oponente (as duas no Saturn, apenas uma na versão Playstation), o que adiciona novas opçõe de jogabilidade (que você não vai usar pq o combate é bem bleh). Por outro lado, se você perder eles ficam com a sua e vc tem que voltar algumas lutas na escalada do ranking de lutas pra ganhar novas armas.

Como eu disse desde o começo, Robo Pit tem realmente boas ideias aqui e que realmente seria llinda se aplicada em bons jogos de luta. Quero dizer, imagine jogar Marvel vs Capcom e toda vez que você vencer Wolverine ou Ryu ou Mega Man, você pode adicionar seus ataques ao seu arsenal de especiais. A ideia e as intenção de customização é linda... pena que ela esta em um jogo absurdamente sonífero em que você faz basicamente a mesma coisa mais de cem vezes. 


De boas intenções é pavimentada a estrada para o inferno, afinal.

MATÉRIA NA SUPER GAME POWER
Edição 031 (Outubro de 1996)



Edição 032 (Novembro de 1996)