Eu abrirei o texto de hoje lhes ensinando uma lição para a vida, crianças:
E o que isso tem haver com videogames? Tudo, já estamos nos últimos momentos do Super Nintendo e do Mega Drive e é definitivamente onde eles mostram suas cores verdadeiras. Como eu disse no post do SUPER MARIO 64, o Super Nintendo estava suando sangue e vapor e nos seus últimos dias teve um dos anos mais incríveis que qualquer videogame já teve até hoje. Ok, tá, isso já foi dito, mas... e o Megão da massa?
A primeira vista seria fácil imaginar esse jogo do Pernalonga para o Mega Drive como apenas um port do jogo para o Super Nintendo, o BUGS BUNNY RABBIT RAMPAGE - que não é um grande jogo, dificilmente um jogo bom, mas também não é terrível. Seria fácil, e quisera eu que fosse pq a realidade não é tão gentil assim... ou nada gentil, nesse caso.
Isso pq esse jogo aqui consegue a façanha, a audácia, a pachorra de abrir com duas das piores fases já concebidas em um jogo de plataforma em todos os tempos e isso quer dizer alguma coisa. Assim, de cara, sem nem um jantarzinho antes.
Nossa história aqui começa quando Pernalonga está puxando um ronco e sonha que... oh boy, jogos que "são apenas um sonho" sempre acabam super bem né, eu já consigo ver desde já que eu e esse jogo não vamos ser amigos.... mas enfim, Personalonga sonha que o Eufrasino Puxabriga é um cientista que quer o cerebro dele por algum motivo.
Quer dizer, okay, eu entendo que o Pernalonga é o sujeito mais esperto desse desenho então vá lá, mas parte do Eufrasino sendo o Dr. Frankenstein é que é completamente aleatório, mas sigamos...
Pernalonga então foge e só tem como opção escapar para dentro da televisão onde estão as fases do jogo. Vc sempre tem duas fases para escolher qual quer fazer primeiro, embora você tenha que fazer as duas para abrir as proximas duas fases.
E é justamente nessas duas primeiras fases que o bicho já começa pegando.
O conceito da primeira fase é inspirado em um dos episódios mais clássicos do Pernão, o de "caça ao coelho caça ao pato", e o Patolino te segue pela fase inteira sendo que seu objetivo é fazer com que ele vire as placas com o rosto do Pernalonga para ficar com a cara do Patolino.
Tá, parece simples, certo? Então pq essa é uma das piores fases de todos os tempos? Super simples de explicar, sequer um inconveniente:
Pq se o Patolino encostar em você, você toma dano. Só isso. Quem precisa de Alien Isolation quando você já está sendo caçado por sua vida em um jogo de Mega Drive, né? A diferença aqui é que o espaço para manobrar é praticamente inexistente e as ferramentas que o jogo te dá para parar o Patolino não funcionam já que os potes de cola são arremessados em arco.
Agora imagine isso com aqueeeeeeeeles controles Amiga-like pelos quais o Mega Drive é tão famoso e temos um exercicio de miséria em forma de jogo de plataforma. Controles medíocres em um ambiente sem espaço no qual vc é caçado de forma inclemente... o puro suco do videogueimi bosta, mas ó!
A segunda fase não é melhor que isso realmente. A noticia boa é que vc não está sendo caçado por um inimigo que te causa dano e vc não pode atacar ele, a notícia ruim é que esse jogo tem um tesão inexplicavel por ambientes que vc não tem espaço. Só que mal iluminado agora. Yay.
Sim, pq poucas coisas são mais divertidas do que andar num labirinto no escuro sem espaço procurando coisas que vc não sabe que precisa. O objetivo da fase é colecionar peças para montar uma geringonça e derrotar o touro daquele episódio, mas não apenas vc não sabe que precisa fazer isso e muito menos quantas são. E os controles continuam medíocres como antes.
Absolutely fuckintastic.
O problema com os controles alias se tornam desesperadores na fase da Arabia que exigem algumas plataformas precisas sobre buracos. É muito fácil errar as plataformas pulando demais ou fazendo o Perna escorregar. Seria mais fácil ignorar isso se as fases não estivessem tão cheios de armadilhas e buracos da morte mortal.
Um aspecto positivo do jogo é o design detalhado dos personagens e animações. Os personagens são todos imediatamente reconhecíveis e os estágios combinam bem com os desenhos em que se baseiam. Infelizmente, isso só me leva a outra crítica relacionada ao level design: é muito fácil confundir o que é e o que não é uma plataforma ou barreira e o que está em primeiro e segundo plano. Em alguns níveis em Marte mais tarde no jogo tem pilares idênticos que alguns podem ser passados e outros que não podem, apesar de serem visualmente identicos.
Cabe lembrar que esse jogo foi lançado em 1996, e a esse ponto já haviam dezenas de jogos de plataforma que não tinham esses problemas básicos de jogabilidade, ilustrações na tela... e definitivamente não as escolhas terriveis de level design.
No entanto, mesmo que a dificuldade fosse reduzida, os controles refinados e os estágios melhor projetados... ainda seria apenas mais um jogo de plataforma licenciado medíocre. Não tem nada de particularmente marcante sobre esse jogo que senão ele tenta ter referencias aos episódios como objetivos das fases, mas pra isso funcionar teria que ser refeito do zero.
Parece que os desenvolvedores estavam apenas preocupados em fazer com que parecesse com um jogo do Pernalonga pra ser um daqueles "jogos pra dar de presente" ... o que faz sentido nessa época, já que a Sega já havia seguido adiante e deixado o Mega Drive pra trás.
Mas mesmo assim, mesmo que esse fosse apenas um daqueles "jogos para dar de presente", tinha como ser muito menos pior e desesperador que isso. Definitivamente.
MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 107 (Setembro de 1996)
Edição 107 (Setembro de 1996)
Edição 036 (Março de 1997)
Edição 037 (Abril de 1997)
MATÉRIA NA GAMERS
Edição 011 (Setembro de 1996)
Edição 011 (Setembro de 1996)