quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

[SUPER NINTENDO] SONIC BLAST MAN 2 (Março de 1994)[#572]


Hoje é dia de Sonic, mas não qualquer Sonic e definitivamente não aquele Sonic que é um raio azul que vai de norte a sul! Estamos falando de um Sonic que é um homem, mais precisamente um Blast-Homem! Sim, é ele, o único, o inexpugnável, o inesquecível... SONIC BLAST HOMEM! Mais conhecido como aquele que absolutamente ninguém lembra mesmo que tivesse uma arma apontada para a cabeça!

Com esse jogo tendo o número dois no título, você provavelmente pode imaginar que que Sonic Blast Man II é uma sequência e sim, de fato, a franquia tem uma longa e confusa história que consiste em dois outros jogos bem diferentes entre si. 


Sonic Blast Man originou-se como uma máquina de arcade de 1990 que desafiava o jogador a impressionar seus entes queridos e arriscar lesões musculares ao socar um alvo acolchoado o mais forte possível. Quanto mais forte for seu soco, maior será sua pontuação e mais do dia será salvo pelo próprio Sonic Blast Man, um super-herói que definitivamente não terá um blockbuster na tela grande tão cedo. As máquinas do Sonic Blast Man foram eventualmente recolhidas dos arcades porque era só questão de tempo até um mangolão se machucar usando a máquina e o processinho comer solto... e pelos divorcios causados, já que o cara colocar a mão em uma luva dessas numa maquina de fliperama é motivo para separação imediata.

Ainda sim, Sonic Blast Man foi popular o suficiente que Taito decidiu arriscar portá-lo para o SNES. Agora, o SNES não tem um periférico punchbag, então a Taito transformou o jogo em um beat-em-up, como você poderia esperar. Quando eu analisar essa continuação eu entrarei em maiores detalhes sobre o jogo original, mas a linha geral é que embora o jogo tenha uma boa ideia, foi uma adição sem brilho e um tanto entediante a biblioteca brawler do SNES. Poderá Sonic Blast Man II levar a série e o gênero beat-em-up como um todo a novas empreitadas emocionantes? Não, é claro que não. É o que veremos a seguir.


Ok, esse jogo está rodando a exatos 15 segundos e eu já sinto que não consigo me conectar com ele a um nível emocional. Quer dizer, é a invasão de uma legião de waifus, como que alguém pode ser contra isso? Bem, é claro, algumas pessoas serão contra isso mas esses seres desprovidos de qualquer sentimento humano em seu coração não podem ser chamados de pessoas. São apenas monstros, monstros, eu te digo.

VOCÊ SABE QUE NÃO É ISSO QUE TÁ ESCRITO, NÉ?


Espera um pouco, esse jogo tentou me enganar! Waifus de verdade não diriam uma coisa dessas (infelizmente, eu não me importaria em ser pisado por waifus), estamos sendo invadidos por falsas waifus! Como ousam brincar com meus sentimentos assim? Esses monstros, esses piltres, esses sacripantas!

Juro exterminar todo e cada um de vocês com meus próprios Sonic-Punhos!

VOCÊ REALMENTE VIVE NA SUA PRÓPRIA REALIDADE, NÉ?


Enfim, os alienígenas alvins-traiçoeiros atacam durante a introdução, chegando ao planeta Terra em sua catedral espacial voadora e imediatamente devastando as cidades do mundo sob as ordens de um ser cruel que brinca com nossos sentimentos sob o nome de Waifu. Aparentemente, Waifu possui "poderes mentais surpreendentes", mas ele não parece ter muita fé neles porque ele explode seus alvos com o tradicional laser orbital do Independence Day. Os clássicos são clássicos por um motivo, hã?

Só que não haveria muito jogo se um grupo de bravos heróis não aceitasse o desafio de parar as maquinações do falso Waifu e, antes que você pudesse dizer "Waifu? Como ousausar em vão tão sacrossanto nome! Prepare-se para pagar por seus crimes imperdoaveis, vil vilão!", três poderosos guerreiros chegam para defender a Terra.

EU DESISTO DE VC, SÉRIO


Da direita para a esquerda temos o Capitão Choyear, o próprio Sonic Blast Man e, hã, Sonia. Sonia deve ter faltado no dia em que os codinomes de herói estavam sendo distribuídos. A julgar por seu mullets de cantora de kpop, eu diria que ela estava no cabeleireiro.

Como sempre, aqui temos a Santíssima Trindade do Beat-Em-Up - a rápida mas fraca Sonia, o forte mas lento Capitão Choyear e o Sonic Blast Man como o cara mediano. Claro, ele é "mediano" apenas em seus atributos de combate, porque esse uniforme é tudo menos mediano. 


A única maneira de essa fantasia ser mediana é se você vivesse em um planeta povoado apenas por pessoas que pensam que podem fazer uma fantasia RoboCop decente coletando restos de uma lixeira de uma loja de usados japonesa. Ele tem um relógio embutido no peito, pelo amor de Deus. Um relógio analógico. Ele nem consegue olhar para ele! A única maneira de SBM conseguir essa escolha de moda em particular fazer sentido é se todos os números forem substituídos pela frase "hora de chutar bundas" e ele apontar para ela cada vez que encontrar um cara mau. O que, já adianto pra vocês, ele não faz. Lame.

Como é tradicional nessas coisas, o jogo começa nas ruas dilapidadas da cidade. Os raios mortais de Waifu definitivamente causaram menos dano do que ele esperava. Ou talvez ele tenha saído de casa com o raio causador de câncer e contaminou todo mundo na Terra, mas aí ele se deu conta que não ia querer esperar de 5 a 15 anos para ver os resultados e mandou seus capangas acelerarem o processo.

Um toque legal é que os personagens que você não está destacando na tela de seleção do jogador são mostrados em seus alter-egos civis. Sonic Blast Man parece exatamente tão idiota quanto eu esperava. Aposto que seu nome verdadeiro é Clive Klemp ou algo assim.

Enfim, os inimigos aparecem - inimigos cinzentos e enfadonhos com leggings de lycra que parecem ter se perdido no caminho para um teste de Power Rangers - e você tem que socá-los até a morte. Beat'm up segue, e é aqui que vamos falar um pouco sobre o jogo.

O primeiro Sonic Blast-Homem foi um beat'm up... diferente. O que é dizer alguma coisa de um genero que não é conhecido pela sua experentalidade. E como era esse jogo? Bem, na ocasião você tinha um personagem muito, muito lento na tela e que os inimigos swarmavam em cima de você com a facilidade de um vulcão que entra em erupção e a lava vai espalhar com toda fúria do dragão.

Nossa, esse quadro é horrível. Agora que eu disse isso, aposto que foi pintado pelo filho do dono deste prédio e provavelmente é uma criança com câncer, e eu acabo sendo o vilão aqui. Isso não torna o quadro menos feio, tho.

Sua medida para lutar contra isso não é fugir dos oponentes, porque você é lento demais para isso, e sim que todos os seus ataques de alguma forma reposicionam os inimigos na tela. Isso faz de SBM um beat'm up estratégico, o que é uma ideia deveras interessante.

Sonic Blast Man está na selva. A selva parece ter piso de marmore bem polido. Isso agregará algum valor, supondo que qualquer comprador em potencial esteja interessado em um toque moderno e urbano ao comprar suas vastas áreas de densa floresta tropical.

Infelizmente a execução não está a altura da premissa, porque o jogo é muito lento, a falta de variedade de inimigos cansa rápido e ser apenas para um jogador é um crime segundo a Convenção Mundial de Bariloche em 1991.

ISSO NÃO É UMA COISA DE VERDADE!

Claro que é, eu até usei letras maiúsculas! Seja como for, a continuação de Sonic Blast-Homem foi lançada dois anos depois (uau, já faz um tempinho que eu estou nessa, heim?) e você pode imaginar que eles tentaram aperfeiçoar a formula corrigindo os defeitos porque é meio que o ponto de uma continuação de jogo, certo?

O ataque especial da Sonia também é o mais impressionante de todos. Ela tem uma espécie de Jean Grey/Fenix Negra acontecendo, mesmo que o círculo de chamas em que ela está pareça pertencer a um fogão a gás. Entre esses superpoderes e seu traje típico de quadrinhos, vou arriscar e dizer que Sônia é a mais competente da equipe SBM, senão a única competente nesse grupo

É, eles podiam ter feito isso. Definitivamente. Ou podiam, você sabe, recomeçar do zero e apenas fazer o beat'm up mais genérico já concebido pelo homem. É, suponho que eles poderiam ter feito isso também - como de fato fizeram.

A grande "diferença" é aqui é que você tem dois botões de soco (um soco forte e um soco fraco) que são redundantes, não existe nenhum motivo para usar um ou outro. E nenhum dos dois são muito úteis - os arremessos são o ataque mais forte, e uma vez que você aprendeu a rolar para perto de seus inimigos e agarrá-los ao se levantar, essa será a estratégia dominante que você vai usar pelo resto do jogo. 

Parece que o Dr. Wily foi contratado como subcontratado na trama de Yafu para conquistar a Terra, porque esse é claramente um robô que não era bom o suficiente para entrar em um jogo Mega Man. Você pode dizer pelos olhos. Dr. Wily recebe uma ligação de Yafu aceita a tarefa de construir um robô e junta este pedaço de lixo de algumas das peças sobressalentes de Guts Man e Napalm Man . O fato de sua cabeça ter o formato de um chapéu de burro parece apropriado.

E meio que é isso, não tem muito mais o que dizer sobre o jogo que a propria imagem mental de um beat'm up já não evoque. Eu sinto que estou sendo um pouco duro em Sonic Blast Man 2, que suponho ser um jogo apenas mediano mas na maior parte tolerável, mas nunca fiz qualquer promessa sobre ser imparcial, então vou admitir que este jogo me deu nos nervos. Talvez seja porque há algum potencial aqui, uma base decente em torno da qual você poderia fazer um jogo realmente divertido sobre um time de super-idiotas.

Uma das poucas coisas memoraveis sobre esse jogo é este impressionante pescador dedicado. Alienígenas dos confins das estrelas podem estar atacando seu planeta, a batalha para salvar a humanidade pode estar sendo travada por um soldado ciborgue bem ao lado dele, mas o nosso Zé Pescador tirou o dia de folga (até alugou um barco para isso) e por Deus ele vai conseguir alguns peixes mesmo se isso o matar (o que provavelmente vai). Ele ocasionalmente olha por cima do ombro para ver o que está acontecendo, sem dúvida furioso por você estar espantando todos os peixes com alienígenas no píer.


A monotonia de toda a empreitada, os inimigos repetitivos e cenários clichês apenas tornam o jogo cansativo para se jogar. SBM2 é apenas um upgrade de seu predecessor em gráficos, modo de dois jogadores e personagens extras, mas enquanto o primeiro tenta algo diferente e falha, esse sequer tenta alguma coisa por si só - o que foi a pá de cal que sepultou a ideia de tornar SBM em uma franquia. Eu não acho que ninguém vai chorar muito por ele.

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Edição 059



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Edição 004