Eu sei que a este ponto vocês meio que já entenderam isso, mas a grande verdade é que não se pode falar do 3DO em 1994 mencionar que ele foi lançado a U$699 dolares (preço da época, sem correção para os dias de hoje) e sem nenhum grande jogo exclusivo que justificasse a sua compra. Por mais que as revistas de videogame babassem por suas especificações técnicas (e de fato, no papel o 3DO era pau a pau com o Playstation da Sony), a verdade é que nada disso adiantaria porra nenhuma se você não tivesse o que jogar com ele. Para o consumidor, pura e simplesmente, era uma puta fria.
Bom, pelo menos o CD é bonito |
Mas claro, ninguém achava realmente na época que a falta de jogos seria um problema a longo prazo. Quer dizer, mesmo em 1994 eles sabiam que um videogame precisava de, bem, jogos para serem jogados, isso é tão óbvio que sequer precisa ser dito realmente. Então as revistas brasileira da época deram sempre bastante espaço ao 3DO mesmo que praticamente ninguém tivesse esse console porque eles apostavam que futuro seria esse. Você seleciona uma pauta para fomentar uma ideia na mente do seu público para colher os frutos na frente, eu consigo ver esse lógica editorial acontecendo.
E também porque, sério, qual seria o provavel futuro dos videogames na metade de 1994? Ninguém sabia ainda absolutamente nada sobre o Playstation da Sony, e se sabia menos ainda sobre o futuro Nintendo 64 (ainda então chamado pelo working title de "Project Realitty"). As outras opções no mercado seriam então o... deus me ajude... Atari Jaguar que conseguiu fazer todas as escolhas ruins possíveis para um console (do the math!), ou qualquer que fosse a trapalhada que a Sega estivesse planejando para o futuro.
Então, sim, eu realmente entendo porque as revistas brasileiras realmente insistiram com o 3DO, ele definitivamente parecia o candidato "menos pior" na época e uma hora os jogões iam começar a vir e a coisa ia decolar, ia que ia quicando, certo?
A qualquer momento... certo? Hã... guys? Aqueles jogos maneiros da próxima geração, vocês estão mandando eles pra cá... não estão? Guys? O 3DO precisava de quantidade e qualidade urgentemente.
Bem, a noticia ruim é que não, os "grandes jogos" do 3DO não vieram e quando eles vieram, sairam ao mesmo tempo para um console muito mais barato e com maior biblioteca (o Playstation). A notícia boa é que se nunca houve a tal da "qualidade", pelo menos a Panasonic fez alguma coisa quanto a quantidade, enchendo a prateleira do 3DO de jogos feitos no desabalo só pra poder calar a crítica que "não tem jogo pro 3DO!". Ou seja, a notícia boa é bem ruim na verdade.
O que nos leva a essa leva que saiu em 1994 de jogos para o 3DO em quantidade para "ter jogo" disponível no console. A maioria desses jogos eram ofensivamente ruins, isso quando não eram apenas minigames de Atari portados na correria como JURASSIC PARK INTERACTIVE (sim, são jogos de Atari mesmo, Space Invaders, Galaga, Asteroids e Breakout), e eu acha que isso pelo menos seria o fundo do poço... oh, doce criança do verão que eu sou em minha inocencia pueril.
Porque veja, é justamente aqui onde entra esse Gridders, até o momento o mais tenebrosos jogo do pacote "vamos lançar qualquer coisa só pra fazer número" do 3DO, e já adianto pra vocês que é um que me fez ter saudade do JURASSIC PARK INTERACTIVE. Pois é.
Eu já vi jogos ruins ou bastante simples na minha vida, mas o fato deste jogo em particular ser lançado como um jogo completo e não apenas como uma fase de bonus em um outro jogo (porque é isso que esse jogo é), é apenas uma afronta a história dos videogames. Não, mais que isso! É uma afronta a moral e os bons costumes do cidadão gamer de bem! Pura e simplesmente isso.
ACHEI QUE O SEU SONHO ERA TER UMA CYBERCATMAIDLOLI PARA USO DOMÉSTICO, EU DEFINITIVAMENTE NÃO TE CLASSIFICARIA COMO UM CIDADÃO DE BEM
E ainda sim estou ofendido por esse jogo! Pra tu ver o nível da coisa! Mas ... ok, vamos ver de perto como esse capitulo negro na história dos videogames aconteceu...
Estamos no ano 2049 e como dá pra ver na imagem acima, a Terra foi pro vinagre. Ou, mais precisamente, a Terra está ok mas a raça humana sentou no tomate com o esgotamento dos recursos naturais do planeta.
Sem muita opção realmente, o Conselho Mundial da Terra recorreu a maligna "Gridders Corporation" para... hã... para... alguma coisa. Sim, alguma coisa. O jogo não fala realmente, então vou assumir que eles vão pra um plano full Wall-E e usar os gridders para... limpar a Terra... eu acho. Alias também não é dito o que EXATAMENTE a Gridders Corp. faz, então seu palpite é tão bom quanto o meu.
Seja como for, diante desse contrato trilhardario a Gridders colocou em prática seu mais ambicioso projeto ... seja ele qual for... meu deus dá pra sentir quanta vontade foi colocada nessa história, chega a escorrer pelos poros... enfim, automatização da fábrica e para isso automatizou inteiramente a produção. Você joga justamente com o último funcionário da Gridder, que está pegando seu contracheque de demissão quando não pode deixar de notar que tem um bilhete nele!
Alguém chamada Sandra te manda ir ao porão da Gridders descobrir um segredo terrível! E que é verdade esse bilete. Mas que segredo é esse e quem diabos é Sandra? Só tem um jeito de descobrir! Todos para o Bat-Porão e...
A mancha no chão é a "saída" e a coisa verde na caixa é a chave. Pois é. |