[#978][Nov/96] DONKEY KONG COUNTRY 3: Dixie's Kong Double Trouble!
Na metade dos anos 90, poucas coisas diziam mais que o fim do ano chegou do que um novo Donkey Kong nas prateleiras. E uau, já estamos mesmo falando dos jogos de dezembro de 96, hã? Parece que foi ontem que eu estava falando de DONKEY KONG COUNTRY 2: Diddy's Kong Quest, 96 passou voando mesmo.
Mah, vá bene, vamos então falar do último jogo macaquífero da Rare para o Super Nintendo... um jogo que se você pesquisar a respeito verá bastante repercussão negativa. Com efeito, frequentemente ele é descrito como "o ponto baixo da franquia" ou "Donkey Kong Country 3 deve ser ignorado?"
Mas... será que é o caso mesmo?
Hã, não exatamente. Na verdade, olhando por um ponto de vista meramente tecnico, DK3 é o melhor jogo da série para o Super Nintendo. Em jogabilidade, colecionaveis, gráficos, só música que não, mas do ponto de vista tecnico ele é o creme de la creme da série Donkey Kong. Só que também é verdade que ele é o mais desapontador dos três, e essa é a verdadeira questão aqui. É o que veremos a seguir.
Okay, vamos começar abordando o elefante branco na sala (ou o gorila, no caso): a primeira impressão que esse jogo deixa é realmente ruim porque ele abre com um protagonista realmente idiota. Ao invés do nosso gorilão titular Donkey Kong ou seu chimpanzé buddy filho secreto Diddy Kong, o personagem jogavel aqui é um bebê gorila idiota que tem o carisma de um carburador de FIAT Tempra 1.0. Kiddy Kong sucks, não tem meio termo a respeito disso.
Alem de eu achar o seu design extremamente feio, o maior problema é que ele tem o mesmo moveset que o Donkey Kong do primeiro jogo. Só que ao invés de jogar com nosso macaco cool de gravata favorito temos algo que é do tamanho de um gorila adulto vestido de bebê. Ótimo, apenas ótimo, tudo que eu queria era uma versão primata do Huguinho, o bebê gigante!
Resumindo, ele não acrescenta nada à franquia, não acrescenta nada à jogabilidade e tem uma animação de morte bastante irritante.
Mas hey, nem tudo é sofrimento e dor já que eles tiveram a decência de manter a Dixie Kong como a outra personagem jogável. Não foi mudado nada a respeito dela do jogo anterior, então temos nossa aeroplanadora simia loira favorita de todos de sempre, o que é bom... e ao mesmo tempo não é.
Veja, o primeiro DONKEY KONG COUNTRY mudou as regras de como se faz um jogo de plataforma, usando computação não apenas para gerar os gráficos como trabalhar a jogabilidade, física e regras gerais do jogo. Ninguém esperava um jogo como DONKEY KONG COUNTRY em 1994.
Em 1995, na continuação, todo mundo esperava apenas uma continuação que seria o mesmo jogo com novas fases... e não foi o que a Rare fez. Em DONKEY KONG COUNTRY 2: Diddy's Kong Quest, Diddy Kong e Dixie Kong jogam de formas tão diferentes que na prática são dois modos de jogo diferentes... dois modos de jogo que você alterna durante uma mesma fase dependendo do que o level design exige de você. Além disso, DK2 adiciona colecionaveis, a mecanica de arremessar o coleguinha, movimentos exclusivos para cada um dos macacos, melhora os gráficos e é uma experiencia nova que supera a original em todo e qualquer angulo que você olhe.
E essa é a parte onde eu disse que DK3 é... desapontador. O primeiro jogo chutou o pau da barraca em 1994, o segundo foi um novo jogo repleto de ideias novas, o terceiro... não é um jogo ruim sob nenhuma medida, mas é essencialmente DK2 com novas fases. E nem são fases tão radicalmente boas assim, são apenas outras fases mesmo. E é com isso que as pessoas ficaram desapontadas.
Com efeito, o jogo parece que foi feito apenas para ter alguma coisa para lançar no natal mas que a Rare estava ocupada com outros projetos (spoiler: estava, a Rare estava desenvolvendo outros três projetos para o Nintendo 64 na época). Isso se vê pela trilha sonora completamente desinspirada (algo que sempre foi o ponto forte da série, incluir os sons do cenário e batidas tropicais organicamente a música é uma assinatura muito característica da série), o level design... meh.
Embora o jogo deva ser aplaudido por continuamente tentar introduzir novos gimmicks nas fases, a maior parte deles é mais irritante do que interessante realmente. Por exemplo, a fase Lightning Look-Out apresenta ataques de relampagos que aparecem a cada dois segundos em qualquer lugar da tela.
Ou a fase de água poluída da Lagoa Envenenada com seus controles invertidos. Mas estes não são nada comparados ao brutal Swoopy Salvo, onde vc passa a fase desviando de pica-paus na velocidade da luz enquanto escala uma arvore. Você não sente satisfação por terminar as fases que tem essa ideia, apenas alívio por ter terminado.
Ainda sim, em 90% do tempo o jogo é perfeitamente serviçavel. Não "minha nooussa que obra prima", mas mais de Donkey Kong em seu melhor não é realmente uma coisa ruim. O jogo é sólido. Apesar do design idiota, tem que ser dito que o retorno de um Kong mais pesado permitiu à Rare revisitar conceitos do primeiro jogo que tiveram que ser abandonados no segundo. Assim, vemos o retorno da mecânica leve/pesada para eliminar inimigos, romper pisos e alçapões usando Kiddy Kong, e uso dos barris de aço também estão de volta.
Adicionalmente o world map agora é aberto e vc pode explorar para colecionar banana birds (não pergunte) ou fazer pequenas sidequests para os ursos que habitam a região... pq esse jogo tem uma ambientação nortenha que lembra o Canada, então... ursos? Eu não sei.
Em última análise, como eu disse esse jogo é desapontante. Não porque é tão ruim, mas porque os jogos anteriores arrebentaram as regras dos jogos de plataforma - uma tarefa não exatamente simples de fazer no genero mais popular dos 16 bits. Sem mencionar o fato de que este jogo foi lançado quando o Nintendo 64 e o Playstation já estavam pra jogo, então não foi o melhor momento do mundo para lançar "apenas mais um" jogo de plataforma para o bom e velho Super Nintendo.
Ainda assim, mais de uma coisa boa pode não ser algo radicalmente bom, mas passa longe de ser algo ruim. Definitivamente ainda é um dos melhores jogos de plataforma dos 16 bits, apenas um que existe sob uma sombra muito maior que ele. Esse foi o real grande problema desse jogo... isso, e um marmanjão-bebê idiota na capa. Porra, Rare...