segunda-feira, 19 de setembro de 2022

[#978][Nov/96] DONKEY KONG COUNTRY 3: Dixie's Kong Double Trouble!


Na metade dos anos 90, poucas coisas diziam mais que o fim do ano chegou do que um novo Donkey Kong nas prateleiras. E uau, já estamos mesmo falando dos jogos de dezembro de 96, hã? Parece que foi ontem que eu estava falando de DONKEY KONG COUNTRY 2: Diddy's Kong Quest, 96 passou voando mesmo.

Mah, vá bene, vamos então falar do último jogo macaquífero da Rare para o Super Nintendo... um jogo que se você pesquisar a respeito verá bastante repercussão negativa. Com efeito, frequentemente ele é descrito como "o ponto baixo da franquia" ou "Donkey Kong Country 3 deve ser ignorado?"


Mas... será que é o caso mesmo? 

Hã, não exatamente. Na verdade, olhando por um ponto de vista meramente tecnico, DK3 é o melhor jogo da série para o Super Nintendo. Em jogabilidade, colecionaveis, gráficos, só música que não, mas do ponto de vista tecnico ele é o creme de la creme da série Donkey Kong. Só que também é verdade que ele é o mais desapontador dos três, e essa é a verdadeira questão aqui. É o que veremos a seguir.


Okay, vamos começar abordando o elefante branco na sala (ou o gorila, no caso): a primeira impressão que esse jogo deixa é realmente ruim porque ele abre com um protagonista realmente idiota. Ao invés do nosso gorilão titular Donkey Kong ou seu chimpanzé buddy filho secreto Diddy Kong, o personagem jogavel aqui é um bebê gorila idiota que tem o carisma de um carburador de FIAT Tempra 1.0. Kiddy Kong sucks, não tem meio termo a respeito disso.

Alem de eu achar o seu design extremamente feio, o maior problema é que ele tem o mesmo moveset que o Donkey Kong do primeiro jogo. Só que ao invés de jogar com nosso macaco cool de gravata favorito temos algo que é do tamanho de um gorila adulto vestido de bebê. Ótimo, apenas ótimo, tudo que eu queria era uma versão primata do Huguinho, o bebê gigante!


Resumindo, ele não acrescenta nada à franquia, não acrescenta nada à jogabilidade e tem uma animação de morte bastante irritante.


Mas hey, nem tudo é sofrimento e dor já que eles tiveram a decência de manter a Dixie Kong como a outra personagem jogável. Não foi mudado nada a respeito dela do jogo anterior, então temos nossa aeroplanadora simia loira favorita de todos de sempre, o que é bom... e ao mesmo tempo não é.
Veja, o primeiro DONKEY KONG COUNTRY mudou as regras de como se faz um jogo de plataforma, usando computação não apenas para gerar os gráficos como trabalhar a jogabilidade, física e regras gerais do jogo. Ninguém esperava um jogo como DONKEY KONG COUNTRY em 1994.

Em 1995, na continuação, todo mundo esperava apenas uma continuação que seria o mesmo jogo com novas fases... e não foi o que a Rare fez. Em DONKEY KONG COUNTRY 2: Diddy's Kong Quest, Diddy Kong e Dixie Kong jogam de formas tão diferentes que na prática são dois modos de jogo diferentes... dois modos de jogo que você alterna durante uma mesma fase dependendo do que o level design exige de você. Além disso, DK2 adiciona colecionaveis, a mecanica de arremessar o coleguinha, movimentos exclusivos para cada um dos macacos, melhora os gráficos e é uma experiencia nova que supera a original em todo e qualquer angulo que você olhe.



E essa é a parte onde eu disse que DK3 é... desapontador. O primeiro jogo chutou o pau da barraca em 1994, o segundo foi um novo jogo repleto de ideias novas, o terceiro... não é um jogo ruim sob nenhuma medida, mas é essencialmente DK2 com novas fases. E nem são fases tão radicalmente boas assim, são apenas outras fases mesmo. E é com isso que as pessoas ficaram desapontadas.

Com efeito, o jogo parece que foi feito apenas para ter alguma coisa para lançar no natal mas que a Rare estava ocupada com outros projetos (spoiler: estava, a Rare estava desenvolvendo outros três projetos para o Nintendo 64 na época). Isso se vê pela trilha sonora completamente desinspirada (algo que sempre foi o ponto forte da série, incluir os sons do cenário e batidas tropicais organicamente a música é uma assinatura muito característica da série), o level design... meh.


Embora o jogo deva ser aplaudido por continuamente tentar introduzir novos gimmicks nas fases, a maior parte deles é mais irritante do que interessante realmente. Por exemplo, a fase Lightning Look-Out apresenta ataques de relampagos que aparecem a cada dois segundos em qualquer lugar da tela. 

Ou a fase de água poluída da Lagoa Envenenada com seus controles invertidos. Mas estes não são nada comparados ao brutal Swoopy Salvo, onde vc passa a fase desviando de pica-paus na velocidade da luz enquanto escala uma arvore. Você não sente satisfação por terminar as fases que tem essa ideia, apenas alívio por ter terminado.


Ainda sim, em 90% do tempo o jogo é perfeitamente serviçavel. Não "minha nooussa que obra prima", mas mais de Donkey Kong em seu melhor não é realmente uma coisa ruim. O jogo é sólido. Apesar do design idiota, tem que ser dito que o retorno de um Kong mais pesado permitiu à Rare revisitar conceitos do primeiro jogo que tiveram que ser abandonados no segundo. Assim, vemos o retorno da mecânica leve/pesada para eliminar inimigos, romper pisos e alçapões usando Kiddy Kong, e uso dos barris de aço também estão de volta.

Adicionalmente o world map agora é aberto e vc pode explorar para colecionar banana birds (não pergunte) ou fazer pequenas sidequests para os ursos que habitam a região... pq esse jogo tem uma ambientação nortenha que lembra o Canada, então... ursos? Eu não sei.


Em última análise, como eu disse esse jogo é desapontante. Não porque é tão ruim, mas porque os jogos anteriores arrebentaram as regras dos jogos de plataforma - uma tarefa não exatamente simples de fazer no genero mais popular dos 16 bits. Sem mencionar o fato de que este jogo foi lançado quando o Nintendo 64 e o Playstation já estavam pra jogo, então não foi o melhor momento do mundo para lançar "apenas mais um" jogo de plataforma para o bom e velho Super Nintendo.

Ainda assim, mais de uma coisa boa pode não ser algo radicalmente bom, mas passa longe de ser algo ruim. Definitivamente ainda é um dos melhores jogos de plataforma dos 16 bits, apenas um que existe sob uma sombra muito maior que ele. Esse foi o real grande problema desse jogo... isso, e um marmanjão-bebê idiota na capa. Porra, Rare...

MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 105 (Julho de 1996)


Edição 110 (Dezembro de 1996)


Edição 111 (Janeiro de 1997)


Edição 113
(Março de 1997)


Edição 142 (Agosto de 1999)


MATÉRIA NA AÇÃO GAMES
Edição 029 (Agosto de 1996)


Edição 034 (Janeiro de 1997)


Edição 035 (Fevereiro de 1997)


MATÉRIA NA GAMERS
Edição 015 (Janeiro de 1997)