terça-feira, 17 de novembro de 2020

[AÇÃO GAMES 049] PINK PANTHER in: PINK PANTHER GOES TO HOLLYWOOD (SNES e Mega Drive, 1993) [#557]



Até onde me consta, “A Pantera Cor de Rosa” figura como o melhor uso de um licença transformada em desenho animado até hoje. Isso porque era bastante comum filmes nada infantis serem transformados em desenhos animados para crianças. Eu já citei alguns exemplos anteriormente, como Robocop que é um filme tão violento que recebeu censura 18 anos ou Highlander, cuja premissa da coisa toda é a habilidade de absorver poderes das pessoas decaptando elas (nunca entendi claramente que poderes são esses thou). Ou ainda Rambo, outro filme bem pouco family friendly e todos esses filmes viraram desenhos animados because foda-se.

“A Pantera Cor de Rosa” é um cavalo de uma cor inteiramente diferente, entretanto. Ou um felino de uma cor... vocês já viram essa piada obvia vindo antes que eu dissesse, não? Enfim. Em 1963 o aclamado diretor Blake Edwards (responsável por um queridinho da era de ouro de Hollywood: Bonequinha de Luxo) fez uma comédia policial sobre um ladrão que tenta roubar um diamante raro (a “Pantera Cor de Rosa” do título) e é impedido por um detetive bastante... excentrico.

Esse filme gerou uma franquia de 11 filmes, e então é claro que a mão dos produtores coçou para ganhar mais uma grana em cima disso vendendo para crianças. Mas como você transforma isso em um desenho animado, exatamente? Super easy, barely an incovenience! Isso porque o primeiro filme da série tem uma sequencia de animação durante dos créditos em que toca o "The Pink Panther Theme", e uma Pantera Cor-de-Rosa apronta bagunça com os créditos.



Assim, a Pantera Cor-de-Rosa de uma das músicas tema mais famosas da história do cinema ganhou seu próprio cartoon. De fato, eu fiquei bastante desapontado a primeira vez que assisti o filme ainda criança porque ele não tinha nada haver com o desenho e definitivamente nenhum felino sussa.

Mas bem, isso foi antes e agora é agora, porque em 1993 o cartoon da Pantera Cor-de-Rosa ganhou um reboot (um desenho onde ela falava, nada mais é sagrado!) e o que é um desenho animado nos anos 90 se não vier acompanhado de um jogo inenarravelmente bosta? Pois é, foi o que eu pensei. Mas puta merda, vocês se puxam nessa coisa de bostosidade, tá louco. Se tivesse olimpiada disso vocês teriam o PIB do Canadá em medalhas de ouro!



O jogo foi lançado para Super Nintendo e Mega Drive, e em ambas as encarnações este é (surpresa surpresa!) um jogo de plataforma 2D. Isso indica que a pequena história que existe pode ser resumida em uma frase: Pink foi a Hollywood para fazer um teste para um papel, mas seu inimigo não gosta muito disso e o persegue nos sets da MGM. Insira cenários de videogame e seu trabalho aqui está feito!

Sabe, eu sempre pensei que o inimigo da Pantera Cor-de-Rosa (o carinha de bigode no casaco que você não sabe o nome) fosse o inspetor Clouseau, dos filmes. Mas não, a Wikipedia me diz que ele simplesmente se chama The Little Man. O que não tem relevância nenhuma para o jogo, mas suponho que qualquer coisa seja melhor do que falar do jogo em si...



A pantera do título pode andar, correr apertando Y, pular e usar sua bomba de flit para matar inimigos, por algum motivo a Pantera Cor-de-Rosa é conhecida por ser uma grande dedetizadora, eu suponho?

Enfim, a mecanica que diferencia esse jogo é que durante as fases você coleciona moedas com simbolos diferentes, você pode usar elas em locais especificos para ativar seus efeitos como um guarda-chuva que te leva para lugares altos, um tapete mágico para voar em qualquer lugar dentro de uma área ou uma escada ou plataforma feita para alcançar novas áreas.



Também em uma tentativa chocante de revolucionar os jogos de plataforma, Pink oferece um hub com sete estágios para escolher, e você pode enfrenta-los em qualquer ordem que desejar, embora depois de entrar não possa sair e escolher outro até terminar.

Bem, pela descrição até agora não parece tão ruim, mas isso porque descrevendo com detalhes tão básicos seria difícil encontrar algo realmente negativo sobre isso. Você pode pular neste jogo, e a menos que alguém tenha ódio absoluto de deixar o chão, não posso imaginar que há muito o que se reclamar disso. Você corre, pula em plataformas e ataca os inimigos. Não é ruim, certo?



É, só que quando você explica em maiores detalhes é que a coisa degringola. Você joga em niveis labirinticos que não te dizem exatamente qual o objetivo ali, deixando a descoberta por conta de tentativa e erro e perda de sanidade. Na fase do Robin Hood, por exemplo, a saída só abre se você matar todos os guardas da fase - e nem a mais remota dica de que esse é o objetivo. Na fase da pré-história existem várias portas para entrar que te levam a outros lugares da fase, como em Bubsy (argh). Só que uma das portas na verdade é a saída, então você tem que ficar entrando em todas até acertar a saída. E por aí vai.

Uma dessas portas é a saída, boa sorte com isso



O jogo nunca é claro sobre o que, exatamente, você tem que fazer e como sair das fases então se prepare para ficar muito tempo vagando por aí (o tempo é limitado mas conseguir vidas extras é fácil, então o maior problema é ficar preso dentro da fase mesmo) e isso é tão divertido quanto soa.

Com muita, muita boa vontade você poderia dizer que isso funcionaria em um jogo gostoso de se jogar... o que definitivamente não é algo que eu posso dizer de um dos piores controles que eu já vi em um jogo de Super Nintendo. Dizer que física de salto é desajeitada seria uma ofensa a todos os jogos desajeitados do mundo, os pulos aqui são lunares-estranhos. Adicione a isso que o personagem é muito grande na tela e o resultado é que você dá pulões loucos que não sabe onde vai cair (na frente de um projetil inimigo, provavelmente).



Pink Goes To Hollywood tem física que ao menos é consistente (estou comemorando até isso,olha a que ponto chegamos), mas faz nenhum favor não no jogo em que ela foi aplicada. Como mencionado anteriormente, Pink pode andar e correr. A corrida, no entanto, envolve inércia fazendo com que cada salto correndo (o único tipo que te leva a algum lugar, pular parado não faz você avançar) faz com que você escorregue como em um eterno nível do gelo. Exceto o verdadeiro nível do gelo nesse jogo, que é muito pior.

Isso é mais do que um aborrecimento, porque além de provavelmente você esbarrar em um objeto que veio de fora da tela (como uma flecha ou algo assim), a menos que você saiba exatamente onde tem que parar de apertar o botão você morre porque a maioria dos pulos desse jogo foi feito exclusivamente de saltos de fé em áreas que você não pode ver. É o pior esquema possível em um jogo que consiste basicamente de pousar em pequenas plataforma fora da tela!



Ou seja, o jogo gosta de te jogar plataformas minúsculas e esperar acerte o pulo com seu salto deslizantes. Novamente, boa sorte com isso.

E embora os estágios da geladeira e da casa mal-assombrada sejam divididos em várias áreas e o reiniciem no início de cada área quando você morrer, o restante são apenas estágios singulares, sem espaço para separá-los. E nesses, se você morrer em qualquer lugar (como caindo em um buraco que você não viu e que caiu porque sua pantera desliza demais), voltará ao começo. Não é agradável.


A dificuldade do jogo se baseia muito em plataformas sobre buracos ou substâncias perigosas, jogando projeteis em você antes que você possa reagir ou te punindo com perda de progresso. A fase Pinkin Hood faz até todos esses ao mesmo tempo. Você tem que escalar galhos de árvores e pedras para atravessar um rio, com arqueiros e esquilos que jogam nozes aparecendo do nada para chutar sua bunda. Embora o rio não o mate a pantera, ainda é altamente desagradável aterrissar, pois te arrasta para o começo da fase. É como começar a fase de novo, só que com menos vida.

Quando não está fazendo isso, o level design projeta as fases de maneira que você repetirá partes desnecessariamente. O nível de pirata é bastante miserável nesse aspecto - você primeiro tem que nadar sob o navio para o outro lado, subir, pegar um guarda-chuva, nadar de volta, entrar no navio, seguir para o convés e depois usar o guarda-chuva flutuar para uma parte mais alta. Então você tem que pegar um ladrilho daquela área, pular do outro lado, pegar outro guarda-chuva, nadar de volta ao começo, voltar novamente com o guarda-chuva e, finalmente, usar o ladrilho da escada. E isso é apenas a primeira metade!



Você ainda tem que repetir a fase toda se morrer! A fase do velho oeste apresenta uma longa seqüência de carrinhos de mina sobre buracos que você tem frações de segundo para reagir e se errar em um só... tudo de novo. Again.

Dada a apresentação esparsa do jogo, eu não realmente esperava um final satisfatório depois de tudo isso, mas admito que esperava algo um pouco mais do que ...


Bem, isso. Este é um jogo que prospera nas almas torturadas de jovens problemáticos.

Pink Goes To Hollywood é como ser repetidamente batido contra uma laje de concreto. Cada golpe dói muito, mas cada vez que você volta, é um alívio leve pois a dor anterior já está no passado. Apenas para então repetir o procedimento com mais violencia ainda!

PPgtH é um jogo que eu aluguei quando criança e nunca consegui terminar uma única fase. Sempre é uma experiencia interessante quando jogo um jogo no qual não tive muito sucesso anos atrás para, muito tempo depois, finalmente conseguir concluí-lo com anos de experiencia gamer nas costas. Pink vai para Hollywood ... bem, estou feliz em saber que o problema desse jogo não era o eu de dez anos de idade. Ele é tão injogavel hoje quanto eu achei em 1994.



VERSÃO PARA SNES
EDIÇÃO 051



PREVIEW NA EDIÇÃO 038